CAPÍTULO 18

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Ariella Nash

Um passo de cada vez. Era o que minha psicóloga costumava me dizer no início das nossas sessões terapêuticas. No momento, entretanto, estava mais do que complicado seguir essa regra.

Um passo de cada vez só serve para pessoas pacientes. Não estou dizendo que eu não sou, felizmente herdei a paciência do meu pai para noventa e nove porcento das coisas. Por exemplo, a minha paciência em relação ao Remington, já que desde criança eu espero por ele.

Acho que todo aquele meu esforço "valeu a pena" já que agora eu irei me casar com ele. Porém não quero pensar muito nisso agora, não gosto de ser forçada a nada e mesmo que minha obsessão pelo Remi tenha sido "controlada" eu ainda não queria que as coisas acontecessem desse jeito. Pelo menos morando com ele eu não irei mais precisar invadir câmeras de segurança ou o celular dele.

Pensando bem, invadir o celular dele não foi muito... educado. Talvez eu peça desculpas para ele depois. Contudo, no segundo em que ele me tirar do sério eu também tiro a culpa de ter hackeado ele todas as vezes quando eu era mais nova. E as recentes também... Tanto faz! Remington não deveria estar na minha cabeça nesse exato momento em que Louis SaintClare está me arrastando para fora do palácio, para longe de todo mundo.

Era sobre esse tipo de assunto que eu não tinha muita paciência. Quem arrasta o assunto da festa, no caso eu, para longe e sem dar justificativa nem nada?

Andando pelos jardins do palácio, nós dois paramos escondidos atrás de um enorme arbusto. Quem viesse para cá e nos encontrasse nessa situação pensaria que eu estaria traindo meu noivo. Se bem que, se me conhecessem bem, saberiam que eu nem nos meus piores pesadelos ou estados eu trairia o Remington. Assim como eu não gostaria que ele fizesse comigo.

Quando tudo isso acabasse nós dois teríamos que ter uma breve conversa sobre o assunto. Por algum motivo eu estou sentindo que no final vamos sair os dois ofegantes de tanto gritar e brigar um com o outro.

— O que estamos fazendo aqui, Louis? — pergunto, percebendo que até agora ele não tinha falado nada.

Ele me deu um sorriso que aparentemente era pra ser sedutor, mas me deu ânsia de vômito. Em geral, olhar para a cara dele me dava ânsia de vômito. Ele é muito bonito, isso é claro. Tipo, muito bonito mesmo, mas algo nele me incomoda. Talvez seja por que ele não é Remington Astor.

Na nossa última conversa na sala de música da faculdade, ele foi extremamente gentil e carinhoso comigo quando me viu abalada. Eu não contei para ele o que estava acontecendo, e uma vozinha no fundo da minha cabeça diz que eu fiz bem feito isso.

Nunca fui de abrir a boca para os sete cantos do mundo e falar dos meus problemas. Eu nunca queria incomodar ou preocupar as pessoas, principalmente meus pais... Eles não mereciam a dor de cabeça que era minha vida.

Quando compartilhei esse meu pensamento com minha terapeuta eu tive certeza que ela me chamou de idiota na cabeça dela, mas em vez de dizer isso em voz alta ela disse apenas: — Um passo de cada vez, Ariella.

Bem, tente ela dar um passo de cada vez! É complicado. Mais do que complicado quando se tem uma mente sabotadora como a minha. Mas ela entende isso, tanto é que ainda me ajuda pacientemente no meu processo de cura.

Não querendo me aprofundar nesses pensamentos eu volto minha atenção para Louis. Ele me olha como se fosse me devorar.

Essa merda toda já está me irritando. Queria ter mais da paciência do meu pai, momentos como esse me tiram do sério. Não que meu pai seja um monge, Deus sabe o quanto ele já tentou infernizar a vida de Eli, mas mesmo assim...

GOD OF OBSESSION - DEUS DA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora