CAPÍTULO 22

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Desde o dia em que eu saí do hospital e vim morar com Remi, minha vida não tem sido a mesma. É no mínimo estranho o modo como as coisas tem se levado e não faz nem uma semana que eu ainda estou arrumando minhas coisas da mudança.

Remington tem feito um ótimo trabalho mantendo distância, indo a mais festas que o que era considerado normal antes para ele e está sempre dando uma desculpa para se manter afastado. O caso é que ele esqueceu que eu poderia saber onde e com quem ele passou o tempo, por um simples clicar de tela.

Eu não vou fazer e nem fiz isso, não mais, e não agora. Cinco dias vivendo debaixo do mesmo teto foi o suficiente pra entender que ele realmente me odeia. Eu não estou afim de ficar me humilhando atrás dele. Nosso relacionamento é apenas um contrato. Um contrato com data de validade.

E eu estou disposta a fazer valer a pena esses dias. Eu irei fazer da vida dele mais difícil e desafiadora. Eu realmente não queria começar assim, mas depois de anos só observando de longe, provocando de longe, eu finalmente tomarei as devidas providências para fazer ele conhecer a tão caçadora de demônios que ele gostava de me apelidar.

Acabei de desligar a chamada com minha terapeuta, Mary. Ela disse que o que eu estava sentindo era normal, pois segundo ela eu estava sendo rejeitada e isso era novo pra mim. Realmente é algo novo para mim, em partes, já que desde que eu comecei a desenvolver uma certa obsessão por aquele homem eu venho sendo ignorada. Mas de qualquer jeito eu ainda tenho que aprender a lidar com isso. Ninguém me rejeita e sai bem na fita. Eu tenho um ego muito inflado pra isso – algo que Mary disse que eu tenho que mudar.

Quase reviro os olhos só de pensar em toda essa situação.

Eu poderia ter feito essa consulta com ela presencialmente, mas desde o incidente de cinco dias atrás eu fui proibida de sair de casa. Pelo menos sem um segurança no meu pé. Remington era pra estar cumprindo essas exigências que nossos familiares também fizeram, mas ele prefere correr o risco do que ficar por perto.

Ali está.

Aquela maldita dorzinha no fundo do meu corpo.

Novamente meu ego foi ferido. Apesar de que eu acho que não tenha sido só o ego...

Eu sou boa em ignorar sentimentos, boa em silencia-los e não deixar ninguém vê-los. Fiz isso por anos, para que ninguém, principalmente meus pais, pudessem ver o quão fraca eu fui.

O gatilho então foi puxado. Agora não tinha mais volta. Eu voltei a pensar naquele dia anos atrás.

Tentei lembrar das consultas com Mary sobre como escapar de tais gatilhos. Eu só precisava de uma distração.

E como eu iria conseguir uma distração com minha melhor amiga morando do outro lado do mundo?

Meu coração começou a apertar conforme minha mente me pregava uma peça me levando para memórias do passado. Eu senti minha pele sendo arrancada fora de mim. Senti meus órgãos se revirando e quando eu achei que eu ia vomitar em todo o chão do meu quarto, a porta foi aberta pelo meu segurança particular.

Isso foi distração suficiente para eu acordar do pesadelo que estava tendo em minha cabeça.

Tyson, era o nome dele, e ele era um detetive renomado, antigo atirador de Elite das forças armadas do Reino Unido e agora um segurança particular. Meu avô o encontrou a muito tempo e agora decidiu fazer dele meu segurança.

Tyson no geral é silencioso e observador. Ele está sempre por perto e desde que eu saí do hospital levei no mínimo vinte sustos com ele aparecendo do nada.

Ele é bonito. Alto, musculoso - obviamente -, eu já vi duas tatuagens em suas mãos, porém não sei se tem mais, já que ele vive coberto de roupas. Não estranharia se ele passasse a usar uma máscara, seria, no entanto, um pecado esconder aquele belo rosto do mundo. Seu maxilar poderia se igualar com as esculturas perfeitas de Lan, seus olhos são algo que eu nunca vi antes, lindos, misteriosos e silenciosos. Combina com a personalidade escura dele.

GOD OF OBSESSION - DEUS DA OBSESSÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora