Apocalipse

O Templo das Cerejeiras

Uma leve brisa entrava pela porta do templo, fazendo as flores que estavam pelo chão voarem suavemente pelo local, Hinna se aproximava lentamente da lápide de sua mãe, se sentou gentilmente no chão cruzando suas pernas, uma dor em seu peito a fez suspirar, segurando suas lágrimas encarava a lápide de mármore branco com as seguintes escritas " Aqui Descansa Yuna Mashiro, uma mãe amada, e querida esposa." por algum motivo, as escritas a incomodavam, já que havia sido feita a pedido de seu pai, a jovem começou suas orações para sua mãe mas em poucos minutos foi interrompida por Daylan, que estava parado sobre a porta.

- Sinto muito interromper mas temos que ir, o carregamento de comida da semana chegou, e eu preciso resolver algumas coisas com seu pai. - o homem falou em um tom sério acendendo outro cigarro.

- Isso não é um problema meu, já disse que não me importo com oque diz respeito a ele. - a jovem se levantou passando pelo homem o ignorando completamente.

- Muito educada como sempre. -Daylan voltou seu olhar para dentro do templo por alguns instantes antes de seguir a garota de volta a casa.

Fizeram o caminho em silêncio, quando chegaram a residência principal, Hinna foi em direção ao seu quarto sem dizer uma palavra, Daylan por sua vez ficou no portão para receber o caminhão que trazia os mantimentos da semana, uma vez por semana um caminhão levava os alimentos e itens necessários para Hinna e os outros funcionários, que contando com Daylan eram vinte e cinco, alguns cuidavam da casa e do jardim, outros faziam a segurança do local, pois mesmo não sendo importante para seu pai, Hinna era uma Mashiro, e precisava segundo ele, estar segura, mas o verdadeiro motivo era para que a garota não causasse problemas, e não sujasse o nome da família.

-Essa é a lista da semana que vem. - Daylan entregou uma folha dobrada ao motorista.

O homem colocou o papel no bolso entregando uma pequena nota a Daylan, "Temos novas ordens, a Reunião será hoje a noite, no mesmo lugar".

Daylan coçou brevemente os cabelos castanhos colocando o papel no bolso.

- Eu sou velho de mais pra ser babá. - resmungou algumas palavras e apontou o local para descarregar os alimentos.

Hinna por sua vez estava deitada em sua cama, se sentou rapidamente quando uma ideia passou por sua cabeça, já que Daylan estaria ocupado de mais para lhe seguir, seria o momento perfeito para treinar, mesmo com a oposição de seu pai, ela ainda era apaixonada pela arte das espadas, por muito tempo foi incentivada por sua mãe que em seu aniversário de doze anos, lhe deu uma katana, mas não era uma katana de madeira para ser usada em competições, sua mãe encomendou uma katana de aço, feita especialmente para a filha, de início era apenas um enfeite que ficava em seu quarto, mas a três anos, Hinna aprendia a usar sua lâmina, com a intenção de encontrar os monstros que assassinaram sua mãe, e dessa vez ela não seria a garotinha indefesa.

A jovem abriu seu armário e a tirou da estante, ao lado da espada uma foto chamava a atenção, a família parecia feliz, a não ser pelo rosto de um homem completamente riscado em vermelho, seu pai.

"Esse é o nosso segredo." Hinna repetiu as palavras de sua mãe quando lhe entregou o presente, Yuna sabia que o marido não aprovaria, mas queria nem que por alguns segundos ver o sorriso no rosto de sua filha.

A jovem pegou a katana e se vestiu rapidamente, prendeu seus longos cabelos pretos em um coque, e mais uma vez saiu pela janela de seu quarto no segundo andar da casa, andou pelo telhado, do local que estava podia ver Daylan dando ordens aos homens para que colocassem a mercadoria na cozinha, mas uma frase dita pelo homem a fez sorrir de canto antes de pular em direção ao galho de uma árvore.

-Fiquem de olho na pirralha, vou encontrar o mestre Mashiro, e não quero ter que explicar o sumiço da garota. - os seguranças confirmaram com a cabeça reforçando a segurança da casa, mas Hinna ja estava do lado de fora, subindo a trilha que dava até o templo.

Já estava acostumada com o caminho, olhava a paisagem e conversava com seus pensamentos, era uma das poucas vezes que realmente se sentia livre.