Prólogo

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Eu tinha dezessete anos quando o notei pela primeira vez.

Lindo, olhar marcante, e dono de um dos sorrisos mais lindos que já vi, mesmo que eu o tenha visto sorrir poucas vezes. Sempre fui atleta, então o point da minha galera eram os bancos na porta do internato Saint-Laurent. Todos os dias a gente se reunia em frente ao internato e agia como se não estivéssemos presos àquela maldita escola.

No primeiro dia do meu último ano, eu vi um anjo caminhar com uma garota ao seu lado. Ela parecia mais velha e tagarela também, ele caminhava ao lado dela vestindo jeans skinny, uma jaqueta jeans e camiseta de banda por baixo, os cabelos balançavam pelo vento e suas bochechas estavam marcadas de vermelho pela temperatura que fazia naquela manhã. Por segundos nossos olhares se cruzaram e eu senti meu estômago revirar. Naquela época atribuí ao fato de não ter tomado café da manhã, mas depois, dia após dia, eu o via passar e nos olhávamos por breves instantes. Às vezes, eu nem sabia se ele havia me visto, mas mesmo assim eu ficava ansioso todas as manhãs.

Com o tempo notei que ele já não sorria mais, nossos olhares nunca mais se cruzaram, mas eu queria que acontecesse, então passei a ser mais, digamos, escandaloso quando ele passava. Sempre tinha uma piada ou algum lance do jogo para contar em alto e bom som, na esperança de ver ele me notar. Ele agora possuía fúria no olhar como alguém que está sempre disposto a arrumar uma briga. O garoto andava pelas ruas que nossos colégios dividiam, como se fosse o Príncipe da Inglaterra, tamanha era sua soberba. Eu achava aquilo irritante.

Eu nunca recebi um não, mas aquele garoto não esboçava nem um pouco de interesse em mim, e isso bastou para que eu me sentisse rejeitado. E eu passei a odiá-lo. Então, estar com ele aqui no banco do meu carro, falando sobre regras e encontros, anos após ter sido um nada para ele, me fez perceber que eu poderia jogar esse jogo. E como todo bom jogador, eu só entro em uma partida se for para ganhar.

Com um sorriso debochado no canto dos meus lábios, o vejo adormecer ao meu lado. Aproveite o seu sono, penso. Quando menos esperar estará completamente apaixonado por mim e aí meu caro será a minha vez de te esnobar, eu serei a porra do Príncipe da Inglaterra dessa vez.


Notas da autora:

Foi dada a largada em "Meus Encontros, Minhas Regras"!

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