Capítulo 3: A etapa do conhecimento

1K 171 79
                                    


Música que ouvi quando escrevi o capítulo:

Deserve You- Justin Bieber

Maniac- Conan Gray

🍷


E eu danço.

Meu corpo se rende a ele e juntos iniciamos nossa dança. Compassados em movimentos, mas com meu coração fora de compasso em meu peito, cada melodia é destacada e executada por nós dois.

Em completa sintonia com um total desconhecido, que de alguma forma me parece familiar, sinto meu peito arder pelo ar que me faz falta, mas sinto meu corpo ser atingido por uma descarga elétrica quando ele toca minha cintura e cola seu corpo ao meu. Eu o olho e ele está com a cabeça levemente inclinada para baixo, seus fios pretos caindo sobre o rosto me fazendo arder de curiosidade, mas por instinto ou não, eu resisto ao impulso de remover sua máscara, e quando seu olhar encontra o meu, ele me solta e me gira sobre meu próprio eixo com a outra mão.

Estabilizando-me ao que a nota começa a ganhar seus tons finais, eu me desprendo do seu olhar e ganho ritmo para explorar, sozinho, a antiga sala de dança. Sou envolvido pelo ritmo da música. Então, guiado por esse sentimento que ainda não sei explicar, começo a fazer o que faço de melhor e, como se estivéssemos em um filme musical, eu sou a caça e ele o caçador. Hipnotizado por meus movimentos, ele me alcança sempre que me movo para longe. Quando a última nota musical é ouvida no espaço da sala, ele se junta a mim, próximo demais para que eu possa sentir sua respiração em minha nuca e sentir seu corpo colado em minhas costas.

Eu fui pego. O predador abateu a sua caça.

O meu peito sobe e desce ainda sobre os efeitos da dopamina correndo por meu corpo, e eu me sinto leve. Ficamos assim por segundos que parecem horas, e quando tomo coragem para me virar, ele se afasta bruscamente e sai andando pela sala em passos largos, abaixando e pegando suas coisas pelo caminho. Por último, pega o seu celular e o enfia no bolso, deixando o local sem que eu consiga entender o que diabos acabou de acontecer ali. Então eu corro atrás dele e, antes que ele passe pela porta, grito:

- Quem é você? Como sabia que eu sei dançar?

- Suas roupas. - é o que ele diz com um tom de voz grave e arrastado, ainda se recuperando da agitação causada por nossa dança, e quando penso que ele não tem mais nada a dizer, ele conclui. - A propósito, obrigado pela dança, peq... ruivo. Obrigado pela dança, ruivinho.

E sai. Ele simplesmente sai e me deixa para trás, parado no topo da escada. Ele não pode ir embora com aquela máscara na cara, não é? Com esse pensamento, desço os degraus correndo, mas quando passo pela porta, não vejo sinal do homem que acabou de dançar comigo. Vejo apenas o movimento das pessoas indo aqui e ali, cuidando das suas próprias vidas. Então eu retorno à sala de prática, confuso, e coloco minha música para tocar, sem nem mesmo saber se posso usar o espaço para tal. Inicio uma nova sequência de passos e giros, entrego minha alma ao momento, mas nada é suficiente, porque aquele tipo de conexão na dança eu nunca tive com ninguém, e isso me assusta. Assusta-me ainda mais saber que tive esse tipo de conexão com um completo estranho e que, possivelmente, posso nunca mais encontrá-lo.

Desisto de dançar e retorno para o hotel. No caminho, paro para almoçar em um restaurante de frutos-do-mar, um dos muitos que Nathan possui espalhados pelo estado da Califórnia. Ainda com a mente presa ao que aconteceu no antigo estúdio, perco um tempo repassando em minha mente toda a nossa performance. Com certeza daria um ótimo espetáculo e encheria até os olhos dos maiores críticos de dança desse país, mas eu sei que isso nunca mais vai acontecer. Eu não posso me colocar em perigo dessa forma. Tenha autopreservação, Park Jimin. Não posso voltar lá, à procura do homem mascarado, posso? Não, eu não devo, mesmo que algo em mim grite para fazê-lo e sentir novamente a conexão que só tive com ele. O fantasma da Ópera, é assim que eu o apelido mentalmente e rio de como isso parece ridículo.

Meus Encontros, Minhas Regras ● Jjk+PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora