𝟬𝟱. 𝗥𝗲𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿

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Seriam longos dias, pensou Galeine imaginando suas futuras semanas em um quarto antigo, como o de uma criança rica, que teve um belo berço e muitas bonecas com lindos vestidos.
Havia algo na voz dele, como no seu olhar, duas coisas que ela precisava conhecer bem, para ao menos identificar as emoções que ele podia estar sentindo.

O timbre lento e suave, dificultava que fizesse aquilo, os nervos saltados nos braços dele, sempre estavam a mostra, tão fortes e definidos como o peito que esteve contra e que pode tocar, todo o corpo avantajado, desde as mãos e dedos graúdos, a forma como a elogiou foi sincera e ela pode sentir aquilo, ele apenas a permitiu saber o que realmente achava.

Percebia então, que tudo que viesse dele seria transparente, embora o principal estivesse escondido pela máscara, que ainda que tentasse encontrar um significado para ela, se perdia em muitas razões que pudessem representar aquele sorriso sádico e largo, era Galeine e seus pensamentos de hipóteses, sobre como seria o resto daquele dia ou o próximo, o que aconteceria caso tentasse fugir novamente ou como seria se aceitasse sua atual situação.

Tudo o que não queria, era se acomodar, e permanecer sobre poder de um homem que poderia estar delirando ou qualquer outra coisa que o fizesse fugir da racionalidade, o desespero não podia ganhar, tantava forçar - se a suportar, olhava pela janela enquanto dava alguns passos pelo espaço do quarto refletindo, o via recolher a lenha, cortada com apenas um golpe do machado afiado que ele usava.

Ele não a limitou apenas a um cômodo, deu a liberdade para ela transitar por onde quisesse mas sempre com a certeza de que o cadeado estaria na porta. A exatamente três dias, que se pareciam com meses, Galeine teve que se conformar com a fantasia, tomando o máximo de cuidado para não suja - lá nem danifica- lá, por ser a única peça de roupa que tinha para vestir.

Podiam ser poucos dias mas sua vida foi a única que permaneceu parada, e de algum modo, Grabber começou a ver a distância do olhar que Galeine pela infelicidade de estar ali, ainda não confiava de que ela não sairia correndo assim que a deixasse chegar ao lado de fora.

Uma hora ou outra aquilo aconteceria, ou ela passaria a odia - lo, a assistia cochilar, com o suspiro sereno, e a posição encolhida e delicada que a tornava tão frágil. Galeine não sabia que era observada também naqueles momentos, ele raramente conseguia dormir por longas horas, agora muito menos pelo incentivo da presença dela.

Durante a manhã, quando Grabber preparava o café, ela já não sentia mais a mesma apetite de antes, e não era pelo preparo dele, que sempre sabia muito bem o que estava fazendo mas por estar apreensiva com o que havia pensado em propor a ele. Após o cochilo antes do jantar, o cheiro do filé de frango que ele preparava tinha outro aroma para ela.

Chegou a cozinha com os olhos um pouco inchados por não estar dormindo direito e por não deixar as lágrimas escorrerem livremente para que não fossem vistas, tocando nas costas da cadeira pretendia arrastá-la para se sentar e observá-lo preparando o que comeriam. Grabber sentia o silêncio estranho de alguém que costumava questiona - lo ou dizer qualquer coisa que gerasse uma interação ser substituído por um respirar fundo, que a preparava para dizer:

- Grabber - com receio, pronunciou o nome dele com delicadeza, o barulho abafado da fritura era a única coisa que estava entre eles

- Hmm? - murmurou, a permitindo ouvir o som de sua voz sem precisar pronunciar nada, Galeine sentia a boca seca mas sabia que precisava tentar, ou não saberia mais o que a tiraria dali

- Quero te propor uma coisa - ele deu o último corte no tomate, deixando a faca sobre a taboa, começando a não gostar daquilo, abaixou o fogo e olhou para ela antes de se virar - Preciso que ao menos pense sobre - não se tratava de um pedido, via ele, e sim de um apelo, pelos olhar angustiado e com poucas esperanças, esperanças que apenas ele podia alimentar

𝗗𝘂𝗿𝗮𝗻𝘁𝗲, 𝗲 𝗮𝗼 𝗱𝗲𝗰𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿 Onde histórias criam vida. Descubra agora