EPÍLOGO
'o garoto que sobreviveu'Existiam outros universos. Mundos paralelos onde o destino havia brincado com as escolhas e acasos. Em um deles, Harry James Potter não era criado por Válter e Petúnia Dursley. Ele crescia sob o calor de um lar, nos braços de sua tia Andrômeda Tonks, que o tratava como o irmão mais novo de Ninfadora. Ali, Harry vivia cercado por gargalhadas, travessuras, e pelo olhar constante e protetor de sua tia, que nunca deixava passar um dia sem comentar sobre os "olhos de Thalia". "São idênticos", ela dizia, como se ao repeti-lo pudesse manter viva a memória da mulher que Harry nunca conheceu, mas sempre sentiu perto de si, como uma lágrima que pairava para sempre em sua alma.
Havia, contudo, um universo mais sombrio. Nele, James e Thalia nunca se encontraram no vagão do trem. Thalia nunca encantou James com palavras afiadas e ela nunca encontrou nele o desafio e força que sempre a encantava. Nesse mundo, Harry viveu anos difíceis embaixo de uma escada, vestindo roupas gastas que não serviam mais ao primo, e ouvindo palavras duras. Foi um garoto solitário que, por muito tempo, acreditou que amor e pertencimento eram histórias para outros, não para ele.
Mas existia também este universo, o certo para ele. Um onde James Potter e Thalia Black encontraram um ao outro, moldando-se mutuamente como fogo e vento, apenas feitos para ser. Neste, eles não confiaram no amigo errado, Remus Lupin foi seu fiel do segredo, os mantendo vivos, chegando segundos depois para ajudá-los a derrotar Bartô Crouch Jr, mesmo que estivesse ferido pela batalha que enfrentou sozinho mais cedo. Os três, com a confiança de quem nasceu para lutar, o condenaram a Azkaban, garantindo que ele nunca tocasse naqueles que amavam novamente. Neste universo, o riso ecoava pela casa dos Potter, e Harry crescia como um menino que sabia, sem sombra de dúvidas, que sempre seria amado.
Aqui, Thalia Black o segurou pela mão enquanto ele corria para a pré-escola, sua capa oscilando enquanto ela observava, de longe, Harry rapidamente se juntar a Ron Weasley e Neville Longbottom. Eram famílias entrelaçadas pelo tempo e pelas batalhas da grande guerra. James e Thalia acolhiam Neville sempre que Augusta precisava de um dia de folga, e Harry, com apenas cinco anos, já sabia que seu mundo era maior do que sua casa. Ele também espiava de longe a pequena Luna Lovegood, cuja doçura única fazia Thalia sorrir com ternura ao lembrar-se da amada prima que perdeu. Luna, que preferia a solitude de ajudar seu pai, Xenofílio, a cultivar flores brancas no jardim, em memória de Pandora. Thalia sempre deixava um vaso de flores na porta dos Lovegood, um pequeno gesto silencioso de empatia.
E quando a carta de Hogwarts chegou, foi em meio a uma manhã preguiçosa, a luz do sol filtrando-se pelas janelas da cozinha, onde Thalia preparava panquecas e James brincava com Harry o fazendo gargalhar. Ele o jogou no ar, arrancando outra risada contagiante.
━ Você pode ir para qualquer casa, exceto Sonserina. ━ Disse ele com uma piscadela. A brincadeira lhe custou um golpe leve de frigideira de Thalia, que balançou a cabeça.
━ Não ouça seu pai, Harry. A coragem pode ser encontrada em muitos lugares, ele sabe disso, no fundo. ━ Concluiu Thalia, revirando os olhos para James em seguida.
Harry não temeu o Chapéu Seletor, mesmo quando ele considerou brevemente Sonserina. Admirava sua mãe acima de tudo e sabia que o verdadeiro valor estava em escolhas, não em boatos ou histórias. Quando, finalmente, a carta chegou confirmando sua seleção para Grifinória, James celebrou como se tivesse marcado um gol na final da Copa de Quadribol.
━ Eu sabia! ━ O Potter exclamou, erguendo o pergaminho como um troféu. Thalia apenas bufou cruzando os braços, mas um sorriso discreto curvou seus lábios.
Este mundo, o mundo em que Harry estava vivendo, era aquele onde amor e coragem sempre encontraram um jeito de florescer, mesmo nas pequenas coisas. Ali, os dias eram banhados por risos, mesmo quando as sombras do passado pairavam ao longe. Afinal, eles haviam escolhido lutar pelo futuro, e Harry Potter, com seus olhos verdes brilhantes, era a prova de que tudo valera a pena.
Mas o medo ainda pairava. Ele se escondia em olhares rápidos, em sussurros de conversas à meia-luz. Mesmo na paz que James e Thalia construíram com tanto esforço, havia quem temesse o retorno daquele que não deve ser nomeado. Entre os mais sábios, dizia-se que sua ausência era apenas um prelúdio, uma pausa antes de algo mais sombrio. O mundo mágico murmurava histórias sobre um menino, uma criança que o derrotara, mas os detalhes permaneciam envoltos em mistério. Sem nome, sem rosto, ele existia apenas como uma lenda sussurrada por lábios hesitantes.
Este, porém, não era o universo de Harry Potter, o garoto que viveu.
Era o universo de Leo, aquele que sobreviveu.
Leo não tinha o calor de uma família para aquecer suas noites ou a segurança de uma casa para protegê-lo. Não havia gargalhadas ao redor da mesa de jantar ou abraços para confortá-lo depois de um pesadelo. Leo não conhecia o amor de pais que lutaram para manter a escuridão longe de sua vida. Ele tinha o sótão de um velho orfanato e nada mais.
Por longos anos, Leo viveu na monotonia de uma existência comum, solitária e desprovida de qualquer significado especial. Não fazia ideia de quem realmente era, nem do legado que carregava em segredo. Para ele, o mundo era limitado ao sótão frio e à rotina silenciosa do orfanato. Ele não sabia que o destino lhe reservava algo grandioso, que seu nome, apagado pelo anonimato, estava destinado a brilhar intensamente assim que completasse onze anos.
Leo Black, o menino que sobreviveu.
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✓𝗦𝗪𝗘𝗘𝗧𝗡𝗘𝗦𝗦 ・ james potter
FanfictionDOÇURA | O verão de 1977 foi para os Potter, ainda mais triste do que os dias chuvosos e frios do inverno. Com a perda de Euphemia Potter, tanto James quanto Fleamont sentiam-se perdidos sobre o que fazer a partir daquele momento. Quando o verão os...