Capítulo I

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Narrador

O carro deslizava pela rodovia em altíssima velocidade, parecia que quanto mais rápido e perigoso, mais prazeroso era. Simone agarrava ao cinto de segurança com força, sentia a angústia e o medo lhe tomar por completo. Sua vida estava nas mãos de um louco que costumava chamar de namorado, devia ter ouvido sua mãe quando ela disse que Eduardo não era homem para ela, devia ter colocado um fim no relacionamento quando a primeira briga aconteceu, quando ele gritou e berrou ao quatro ventos que ela era sua propriedade, não amava aquele homem, havia deixado de ter sentimentos por ele ha muito tempo, amava o conforto de uma relação acomodada.

Nunca foi muito religiosa, mas ali em silêncio rogava uma prece pedindo proteção, pedindo que os seres superiores a cuidassem. Apertou o cinto de segurança com mais força quando um clarão lhe cegou e o impacto veio contra seu corpo, a escuridão tomou conta de seus olhos e nenhum barulho era ouvido.

[...]

Três dias mais tarde...

Tudo estava silencioso, o único barulho que se ouvia era o bip incessante do monitor cardíaco. Simone queria acordar, mas sua mente parecia se recusar. Sua mente preferia se acomodar no fiorde frio e vazio, ali parecia ser mais aconchegante que a realidade que a esperava.

A porta foi aberta e Fairte entrou acompanhada do marido, ambos traziam semblantes cansados e tristes. Há três dias a única filha do casal estava ali, ligada a aparelhos, os médicos tentavam ser otimistas, mas quanto mais tempo a moça passava inconscientemente, menores eram as chances de acordar.

- Olá, meu amor! Você precisa voltar para a gente!- A mulher de cabelos curtos balbuciou segurando a mão gelada da mais nova, Simone sentiu o quanto os pais estavam sofrendo, sentiu o quando eles se esforçavam para ser forte. Em uma cabeça tudo era nebuloso, não sabia o que havia acontecido, nem onde estava, a única coisa que lembrava era de estar em um carro com Eduardo e logo em seguida um clarão.

Essas poucas lembranças fizeram seu cérebro despertar, apertou a mão da mãe e soltou um suspiro de dor, todo o seu corpo doía. Moveu a cabeça para o lado e passou a língua pelos lábios ressecados.

- Filha...- ouviu a voz do pai soar longe, apertou a mão da mãe com mais força e abriu os olhos. Piscou algumas vezes, mas a claridade não lhe encontrou, apenas a escuridão fazia presente, escuridão fria e sórdida.

- Mamãe.. eu.. cadê vocês?- Simone balbuciou tentando não entrar em desespero, sentia as lágrimas pesarem em seus olhos.

- Estou aqui do seu lado, meu amor!- Fairte falou e observou a filha lhe procurar com os olhos, sentiu o choro se prender em sua garganta e as lágrimas escorrerem.

- Eu não vejo você, mamãe..- a morena mais nova balbuciou apertando a mão da mãe, deixou as lágrimas quente escorrerem e fechou os olhos novamente, a escuridão atrás de suas pálpebras parecia bem mais acolhedora.

Ramez saiu rapidamente do quarto e voltou acompanhado do médico, o homem de jaleco branco passou os olhos rapidamente pela morena deitada e se aproximou.

- Olá Simone, eu sou o Dr Bruno, sou o responsável por você. Preciso avaliar você, minha querida!- o homem de cabelos grisalhos falou e Simone abriu os olhos novamente encarando aquela escuridão que parecia que iria lhe engolir a qualquer momento.

- Eu não vejo nada, está tudo escuro!- a morena falou baixinho e o médico soltou um suspiro, ele sabia que aquilo poderia acontecer devido a gravidade que foi o acidente.

Love that heals- Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora