62. SEOKJIN: INFELIZMENTE TEM ALGO MUITO GRANDE NAS MÃOS

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Eu não precisava mais me dividir entre o trabalho e Yoongi, não precisava mais gastar energia e tempo em uma guerra sem fim com a Matilha e não precisava mais me preocupar em me afastar e manter o exílio. Agora todos aqueles rios turbulentos se juntaram em um só, então minha vida começou a fluir suavemente e na mesma direção.

Duas semanas depois de retornar de Nova York, me sentia muito confortável em minha posição de zelador: eu chegava com meu lobo e saía com ele, alguns machos vinham me visitar regularmente e me mantinham entretido, eu ainda estava ganhando dinheiro com minhas palestras especiais de PIHL, em os que ainda vinham eram de seis a doze humanos por semana, e no resto do tempo eu não trabalhava muito e podia fazer o que quisesse sem ninguém me incomodar...exceto fumar dentro do prédio.

Regras do Alfa. Um Alfa que, para minha surpresa, normalmente não me incomodava nem um pouco. Nós dois trabalhávamos lá, mas a três alturas e distantes um do outro, o suficiente para que a tensão entre nós não causasse faíscas que pudessem acidentalmente colocar fogo em algo. Se ele quisesse algo de mim, me chamaria ao escritório, a menos que tivesse outros planos em mente, como aquela noite de sexta-feira no final de outubro.

Eu estava sentado na cadeira, reclinado, com os braços atrás da cabeça, as pernas apoiadas na mesa de pinho e o olhar perdido em um vídeo do YouTube sobre subnormais colocando colheradas de canela na boca enquanto eram gravados. Tenho um prazer distorcido em ver pessoas idiotas sofrendo, admito. Foi assim que Seokjin me encontrou: rindo porque uma mulher estava prestes a engasgar com canela no meio de sua linda cozinha luxuosa.

Ele apareceu no corredor, parado com os braços cruzados na frente da janela. Já tinha começado a ficar frio e a chover constantemente, então os lobos começaram a parar de usar suas roupas obscenas de verão e a vestir suas roupas obscenas de inverno: tudo acabava ficando obsceno neles com o quão apertados ficavam e o quanto seus pacotes ficavam marcado. Até Seokjin, com seu suéter de tricô por cima da camisa social, parecia um touro de ginástica que, por algum motivo, havia se disfarçado de funcionário de escritório.

Evidentemente, eu já o tinha visto chegar e ficar olhando, mas fingi não ter notado até que ele bateu os nós dos dedos no vidro para chamar minha atenção. Então virei o rosto e trocamos um de nossos olhares silenciosos antes de eu tirar as pernas da mesa e abrir a janela.

- Você está perdido, Seokjin? - lhe perguntei.

- Não. - o Alfa murmurou antes de dar uma rápida olhada na tela do computador, onde a mulher ainda tossia como uma porca enquanto procurava desesperadamente por algo para beber. - Eu sei que você está ocupado...mas quero que você se junte a mim esta noite.

Levantei as sobrancelhas e esperei para ver se ele estava brincando ou não. Claro, Seokjin nunca brincou comigo, então perguntei: - Você vai me levar ao porto para me jogar no rio com um bloco de cimento amarrado nos pés?

- Se eu quisesse matar você, Hoseok, não tentaria tanto. - ele respondeu em seu tom seco e grave. - Não vou repetir de novo. - ele acrescentou no final, virando-se ligeiramente para o lado para me avisar que iria embora, então era minha decisão segui-lo ou não.

Isso era algo que o Alfa gostava de fazer, deixando claro para mim que não se rebaixaria a me pedir coisas uma segunda vez. Eu gostava de forçar os limites e fazê-lo entender que eu não era seu subordinado, que ele não poderia me dar ordens, mas nunca cruzei os limites, porque sabia que Seokjin estava se esforçando tanto quanto eu para chegar a um ponto neutro de compreensão, algo complexo e frágil quando se trata de dois homens tão orgulhosos e teimosos quanto nós. Ele era o Alfa da Matilha e queria reafirmar seu poder sobre mim, mas não sou de abaixar a cabeça e obedecer.

Eu só permiti que um lobo me desse uma surra, literal e figurativamente: o meu lobo.

- Para quem tem tanta pressa, você passou muito tempo me espionando pela janela. - o lembrei antes de me levantar da cadeira e pegar minha jaqueta.

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