64. COISAS DE LOBO: ROUBAR, BEBER E FUMAR

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Fui buscar Goeun na noite seguinte, depois que Yoongi estacionou em frente ao abrigo e rosnou novamente para reclamar. Tirei um cigarro do maço calmamente e ignorei a birra do lobo, o que só o fez rosnar mais alto. Ainda não tínhamos chegado à porta do prédio comercial quando ela saiu vestindo um sobretudo camelo, botina de salto alto, jeans e com um guarda-chuva preto na mão. Ela nos cumprimentou com um grande sorriso e disse:

- Oi, pessoal. Eu tenho as chaves da garagem. - Goeun indicou, levantando a mão para mostrá-las para mim.

Isso só fez Yoongi rosnar mais alto e olhar para mim com o canto dos olhos. Eu havia convidado a companheira do Alfa para ir a uma cervejaria no centro da cidade, não muito longe dali, para tomar uma bebida e comer alguma coisa. Nada de especial ou diferente do que eu poderia fazer com ele. O problema do meu lobo é que eu tinha cortado o cabelo naquela mesma tarde e "Hobi muito lindo e já tem Macho".

- Vamos. - eu disse a Goeun, com um sinal da mão que segurava o cigarro. - E cale a boca. - acrescentei para Yoongi, porque não gostava nem um pouco dessa coisa possessiva.

O lobo ergueu a cabeça com orgulho e entrou mais fundo no Abrigo, lançando-me um último olhar discreto ao longe junto com um gemido nervoso.

- Ele é um ciumento. - murmurei, colocando o cigarro nos lábios e começando a andar ao lado dela.

- Seokjin também. - ela me assegurou, parada ao meu lado. - Em geral, Machos são muito possessivos com seus companheiros, não leve a mal o Yoongi.

- Eu entendo errado porque parece que ele não confia em mim.

- Eu também fico com ciúmes, Hoseok, não é uma questão de confiança. - Goeun negou enquanto nos dirigíamos para a entrada de uma garagem onde a mulher inseriu a chave para abrir o portão. - Quando Seokjin vai observar os filhotes no Lua Nova nos dias em que são abertos ao público, não consigo deixar de ficar um pouco nervosa ao imaginar algum humano chegando muito perto dele. Eu sei que ele nunca me trairia, porque os lobos não fazem isso, mas ainda acontece comigo sempre. É algo que não consigo controlar.

Não falei nada sobre isso, apenas continuei fumando enquanto entrávamos na penumbra da garagem, cheia de mais SUVs, indo em direção à seção reservada para motocicletas. Não eram tantas, porém, entre aquelas motos grandes e com motor, estava minha belezura. Eu a levei para lá quando parei de usá-la para trabalhar, me recusando a deixá-la desprotegida noite após noite em meu bairro cheio de criminosos. Se, por algum motivo, eu quisesse usá-la, bastava pedir a um dos rapazes que fosse buscar as chaves da garagem. Eu não poderia ter, é claro, porque não era da Matilha.

- Você já andou de moto? - perguntei a Goeun, entregando-lhe um capacete. Ela negou com a cabeça. - Então segure firme e não faça movimentos bruscos. Eu irei devagar.

Aparentemente meu conceito de "devagar" não combinava com o dela, que chegou com cara de assustada na entrada do estabelecimento, desceu da moto com dificuldade antes de tirar o capacete e me olhar como se eu fosse louco. Eu sorri e dei de ombros. Entramos na cervejaria lotada em uma quinta-feira à noite, pedimos algumas cervejas, algo para comer e sentamos no bar. Não fizemos nada de especial, apenas conversamos e bebemos, depois saímos para eu fumar e voltamos para o Abrigo. Goeun se despediu com outro grande sorriso e um agradecimento e eu fui para o meu posto de trabalho me jogar na cadeira e colocar as pernas sobre a mesa de pinho.

Meia hora depois, recebi uma ligação que me surpreendeu um pouco, já que o Alfa não ligava desde a visita de Jungkook.

- O que você quer, Seokjin? - perguntei-lhe.

- Você já voltou? - ele perguntou. - Algum humano se aproximou de Goeun?

Revirei os olhos e respondi: - Não.

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