Em busca do equilíbrio

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— Ah, cara... Relaxa... —Encaro os olhos castanhos de Henrique. "Como eu poderia relaxar" penso —Tudo bem, esquece o que eu falei. 

— Bom dia. —João diz ao chegar colocando o braço sobre meu ombro. 

— E aí? —Henrique diz. 

— Ahh... eu estou cansado. —Arthur resmungou ao se aproximar. 

—Isso que dá jogar até tarde. —digo. 

—Falou o cara que nunca passou uma madrugada em claro. —Nossa atenção foi para uma garota que passou apressada do nosso lado dizendo "Mais que merda!". 

  Fomos para nossa sala e nos sentamos nos mesmos lugares. Estamos na metade do primeiro semestre, alguns estudantes mais velhos sempre dizem a mesma frase "Ah, que saudade dessa época, aproveitem enquanto podem" 
As aulas acabaram e nós decidimos entrar na mesma cafeteria para entrar em um acordo sobre o tema do novo jogo que iremos criar. A cafeteria não é muito longe, muitos estudantes vão lá é bem espaçoso e confortável. 
Nós quatro nos conhecemos desde o ensino médio. Gostávamos de jogar juntos e começamos a aprender a nós mesmos fazermos nossos jogos. Fomos aprimorando nossas habilidades, nossos dois primeiros jogos foram ruins e me dá vergonha só de lembrar, mas os outros três que lançamos são bons, não são extremamente conhecidos, mas é o suficiente. 
Chegamos e nos sentamos em uma mesa. Um funcionário veio anotar o que iriamos querer. Estava colocando meu notebook em cima da mesa e ouço o atendente falar com uma garota que acabou de entrar. 

— Você quase se atrasou. —o rapaz diz. 

— Mas não me atrasei, né? —a garota dá um sorrisinho travesso e começa a andar apressada para a porta dos funcionários. 

— Adam! —Arthur me chama 

—Hun? —eu o olho, percebo que os meninos me olhavam. —Que foi? 

—A gente que te pergunta. Você a conhece?— Henrique perguntou. 

— Não... Vamos começar. —digo. 

Começamos a discutir as ideias para novos jogos. 
Percebi que eles pararam de me olhar, olhei para direção que eles olhavam lá estava a atendente, conversando com uma senhora, com um sorriso estampado no rosto. 

— Ela é bonita. —Henrique diz. 

— Sim... o cabelo dela é bonito. —Arthur diz. Os cabelos cacheados dela estavam metade presos. 

—Ela tem um sorrisinho bonito. —João diz. 

— Ela parece ser simpática. —deixo escapar, sem querer. Então ela se vira, muito provavelmente para levar o pedido, mas ela olha para nós com os olhos serrados, me virei rapidamente e os meninos também, queria me enfiar num buraco. 

— Acho que ela percebeu. — Arthur diz. 

— Óbvio que ela percebeu. Quatro estranhos a olhando, quem não perceberia.— digo 

— Quem disse que sou estranho, eu sou lindo. —João diz, reviro meus olhos. Henrique que sentava do lado do João começou a bagunçar o cabelo do mesmo.— Tá tá, eu parei. —João diz arrumando o cabelo. 

— Mas, ela não faz seu tipo? —Arthur diz, me olhando. Não tive tempo de responder Henrique começou a falar. 

— Verdade... ela faz muito o tipo dele . 

— Não faz, não. —retruquei. 

—A gente sabe. —João disse com um pouco de sarcasmo. Antes que eu pudesse retrucar. A atendente parou na nossa mesa, nos olhou e começou a colocar nosso pedido na mesa. 

—Obrigada. —nós dissemos em coro. 

—Se precisarem de algo é só chamar. —ela esboçou um sorrisinho e saiu. 

— Acho que ela não foi com a nossa cara. Que pena, mal sabe ela que sou um bom partido. —João diz, Henrique ta um tapa na cabeça dele, não consegui segurar o sorriso. 

—Quando ele vai mudar? —Arthur disse. 

  Continuamos discutindo, e entramos em um consenso. Dividimos a conta e nos separamos, cada um indo para sua casa. 
  Ao chegar em casa percebi que meus pais não estavam em casa. Fui para o meu quarto, tomei um banho e fiquei a tarde na minha cama começando a arrumar o plano para o nosso jogo, como reunião, datas de entregas dos códigos e tudo mais. Meus pais chegaram um pouco antes das cinco e meia, mas não mudou muita coisa. A casa continua silenciosa, eu no meu quarto e eles fazendo as coisas deles como sempre foi. 
  Nossa relação tem sido mais estranha e distante desde o ensino médio quando comecei a criar jogos. Porque eles não me apoiam e não importam de dizer isso na minha cara muitas vezes, eles me empurraram a força para essa faculdade, ela não é chata, mas não é o que eu quero fazer. 
Quando eu era mais novo eu obedecia quieto, eu era ingênuo e não sabia o que queria, naquela época eu era o príncipe da família. Mas, eu cresci. Coloquei alguns limites, não muitos só o que eu praticamente implorava para conseguir. Meus pais não se importam muito com a minha opinião, acho que eles queriam que eu continuasse sendo aquele garotinho ingênuo que só aceitava sem se questionar. 
Não quero deixar de criar os jogos, mas ao mesmo tempo não quero deixar meus pais desapontados. Por isso estou em busca de um equilíbrio perfeito, onde eu possa ainda fazer meus pais orgulhosos e eu me sentir feliz.

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                      Notas da autora

Esse é o primeiro capítulo espero que gostem.

                 Até  o próximo capítulo

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