Entre afazeres e anseios

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  O despertador começou a tocar, como eu odeio esse negócio. Não é como se eu mudar o som fosse adiantar algo, acordar com uma musiquinha infernal na sua orelha te obrigando a levantar cedo é o cúmulo. 

Fui para a faculdade e me sentei ao lado da Débora. 

—Bom dia amiga. —digo bocejando logo em seguida. 

—Bom dia. —ela dá um sorrisinho.— Tá livre hoje à noite, depois do trabalho? 

—Por que? 

—Tava pensando em dar uma saída. —ela diz 

—Desculpa amiga, eu até ia, mas lembrei que é quinta. Tenho que ensinar inglês para um menino, do oitavo ano. 

— Nossa, a gente sai outro dia então. Mas quem é essa criança? —Dou um sorriso. 

—Ah, é um sobrinho de uma cliente do spa que a minha mãe trabalha, minha mãe disse que elas acabaram se tornando bem próximas. 
As aulas da faculdade acabaram e eu fui para o meu trabalho. Apesar do cansaço eu realmente gosto de trabalhar aqui, umas senhorinhas sempre me tratam super bem e me elogiam, consequentemente consigo saber algumas fofocas alheias, é fazer os café me acalmam apesar de no começo me estressar porque a bebida não estava ficando tão boa. 
Fui até o endereço que minha mãe me mandou, a casa era muito grande, poderia até chamar de mansão, ajeitei meus cabelos e minhas roupas, então apertei a campainha. Uma moça com um roupa, tipo um uniforme rosa claro, abre a porta. 

—Amélia Peronni? —ele perguntou com um sorrisinho gentil 

—Isso, eu menos. 

—Vem entre. A dona Clara irá falar com você. —eu comecei a seguir para dentro. "Wow, acho que qualquer móvel dessa casa poderia pagar minha casa" pensei. Ela disse para eu me sentar na sala e me deu um copo de água, aproveitei para ver se tinha alguma mensagem importante. Ouço um ecoar de salto se aproximando então uma mulher alta, com as penas longas e bonitas. 

—Desculpa a demora querida. —ela diz gentilmente. 

—Não tem problema. —dou um sorriso. 

—Queria resolver e conversar um pouco com você. 

—Ah sim, claro. 

  Nós conversamos, ele queria me conhecer um pouco mais e também entramos em um acordo do valor que eu receberia, e o tempo aproximado que eu trabalharia. Agora eu estou acompanhando a empregada até o quarto do garoto para conhecê-lo. Estava tomando tanto cuidado pra não esbarrar sem querer nessas decorações que custam meus dois rins juntos. 
O garoto é um amor, bem educado, inteligente e parece entender rápido. Ele disse que ficou aliviada por eu ser jovem, porque achou que eu seria uma senhora chata de quarenta anos. Ele quis pegar meu número caso ele tivesse alguma dúvida. 
Fui para casa e me joguei na cama, para relaxar um pouco, mas como vida de pobre não é fácil me forcei a levantar e tomar um banho. Jantei revistando alguns conteúdos e fui dormir. 

                                    (...) 

— Finalmente sexta. —digo ao caminhar ao lado de Débora. 

—Você está de folga hoje, né? 

—Sim senhora. Mas, vou visitar o abrigo hoje. —digo sorrindo, mal vejo a hora de ver os cachorros de novo. Débora sorri. 

Parece que demorou uma eternidade para as aulas acabarem, me despedi de Débora. 

Ao chegar ao abrigo fui brincar com os cachorros. 

— Os filhotes nasceram ontem. — Fernado diz. 

—Posso ver? —ele assentiu então eu o segui, são quatro filhotes. —Ownn, que bonitinhos,que amores. —Tirei uma foto e fui brincar com os cachorros. — O que você tem melzinha? —digo com uma voz fofa. 

Esse é um dos momentos que eu mais gosto, talvez se alguém me ver dentro do abrigo me ache uma doida porque  converso com os cachorros com uma voz fofa. Mas, eu não me importo, não me importo porque eu estou com eles. Muitos deles foram maltratados ou abandonados na rua, o que parte o meu coração. Podem dizer que eu estou errada, mas para mim os cachorros são tão puros e ingênuos. Aqui é o lugar onde mais sinto o amor, mesmo sendo por parte dos cachorros, eles me amam, os muitos beijos que eu recebi provam isso. 
  Toda vez na hora de ir embora bate uma dorzinha no peito, e dá vontade de continuar ali para sempre. 
  Enquanto volto para casa, minha cabeça me lembra sobre a conversa que tive com o Jorge, eu deveria tirar um tempo para mim, mas minhas obrigações não me permitem. Prometi a mim mesma que assim que abrir uma chance eu irei aproveitar e tirar um tempo para mim. 
Desde a faculdade tenho priorizado muitas coisas antes de mim mesma apesar de já meio frequente antes,  as coisas tem saído um pouco do meu controle o que me deixa mais ansiosa que o normal. Tenho a faculdade que se eu bobear um pouquinho eu perco minha bolsa, meu trabalho na cafeteria, as idas no abrigos, tempo para estudar e sair com as minhas amigas, e agora ainda tenho que dar aula. Eu tô com medo de não dar conta, medo de deixar minha relação com as pessoas que me apoia de lado, mas ao mesmo tempo não posso simplesmente sair do serviço, não quero sobrecarregar ainda mais minha mãe, não quero largar a faculdade. 
Quando eu era criança eu queria me tornar uma adulto rápido assim eu achei que seria mais "facil", mas não é nada do que eu esperava. Não fiquei rica, não viajei, não tenho meu próprio negócio, não tenho um namorado. 
Ao chegar em casa, praticamente me joguei em cima da minha mãe que assistia televisão no sofá. 

—AII AMÉLIAA. —ela diz me tirando de cima dela, sorrio e me ajeito ao lado dela. 

— Tem filhotes novos no abrigo. —digo sorrindo, e ela sorri de volta. 

—Eu vi, você postou. Eles são uma gracinha. 

Depois do banho, revisei a matéria e fui dormir. 

—Merda de insônia  —resmungo me sentando na cama. Vou até a janela do meu quarto e abro um pouco sentindo o vento fresco bater em meu rosto, então me permiti fechar os olhos e respirar fundo relaxando por um momento.

                  ◇◇◇◇◇◇◇◇◇
                    Notas da autora

Eu espero que tenham gostado.

                  Até o próximo capítulo




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