Capítulo 2: A Dança das Folhas

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Anemone acordou no dia seguinte com o mundo ao seu redor ainda mergulhado na penumbra do amanhecer. A casa estava silenciosa, e o ar carregava a frescura da noite que se despedira. Ela se levantou, vestiu-se rapidamente e deslizou para fora, impelida por um desejo de estar a sós com o vento e com os pensamentos que ainda dançavam caoticamente em sua mente após os eventos do dia anterior.

O colar de sua mãe, Lágrima do Vento, pendia frio contra a sua pele, um lembrete constante do novo caminho que se desdobrava à sua frente. A cada movimento, o cristal captava a luz emergente do dia, faíscas de esperança encerradas em sua clareza.

Anemone caminhou sem destino, deixando que seus pés a guiassem pela trilha de terra batida que serpenteava pelo coração da floresta. O ar estava repleto do aroma de terra úmida e do musgo que se apegava às raízes das árvores antigas. O som de sua respiração misturava-se com o canto suave dos pássaros matinais, e a paz do lugar envolvia-a como um manto.

Sem perceber, Anemone encontrou-se em uma clareira que nunca visitara antes. Ela ficou surpresa; conhecia a floresta como as linhas de sua mão, e um novo lugar era um raro presente do destino. No centro da clareira, havia um velho carvalho, suas raízes profundas e galhos que se estendiam ao céu como se estivessem em oração.

Curiosa, Anemone aproximou-se da árvore e tocou a sua casca áspera com dedos gentis. O carvalho parecia antigo, sábio e cheio de histórias que apenas o tempo poderia contar. Ela fechou os olhos e respirou fundo, sentindo a vida da árvore e o pulsar suave da terra.

Foi então que o vento veio a ela novamente, um sussurro quase imperceptível que cresceu até se tornar uma melodia clara. As folhas do carvalho dançavam ao redor de Anemone, caindo em um padrão que lhe parecia estranhamente simbólico. Era como se o vento estivesse a direcionar uma coreografia complexa, uma dança que contava uma história apenas ela poderia entender.

Ela se deixou levar pelo movimento, rodopiando com as folhas, levantando os braços e deixando que o colar balançasse livremente. Ela dançou com o vento, e o vento dançou com ela, uma parceria perfeita e poderosa.

"A magia está no movimento, na mudança, na transformação," uma voz pareceu dizer através do ar que a envolvia. Era a voz do vento, a voz de sua linhagem, a voz de seu próprio coração.

Quando a dança chegou ao fim, Anemone permaneceu imóvel, respirando com dificuldade, a energia da vida pulsando através dela. As folhas estavam espalhadas ao redor, cada uma parecendo ter caído em um lugar preciso, quase por desígnio.

No solo, diante de seus pés, as folhas pareciam formar um símbolo, um padrão que ela não reconhecia mas que parecia importante. Era um sinal, uma direção para o próximo passo de sua jornada.

Ela sabia que precisava aprender mais, compreender os segredos que a natureza, a magia e o vento tentavam lhe revelar. Com um novo propósito aceso em seu olhar, Anemone se abaixou e tocou o desenho formado pelas folhas, sentindo a energia fluir através dela.

O vento havia falado, e a jornada de Anemone estava apenas começando. Ela se ergueu, a Lágrima do Vento ainda balançando em resposta ao movimento, e soube que cada passo a partir de agora seria um passo em direção ao seu destino.

Sussurros do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora