Capítulo 13: O Mestre das Tempestades

3 1 0
                                    

O sol banhava a aldeia com uma luz dourada quando Anemone viu a figura se aproximando do caminho que levava à floresta. Ele tinha um andar firme, decidido, como se cada passo fosse um elemento de um encantamento maior. O vento parecia segui-lo, enrolando-se em seus mantos como um animal de estimação fiel.

O recém-chegado era um homem de presença marcante, com olhos que pareciam refletir os céus em um dia de tempestade — um azul cinzento profundo que mudava com a luz. Seu cabelo era da cor das asas de um corvo, e na mão, ele carregava um cajado entalhado com símbolos que pareciam dançar e mudar mesmo enquanto você os observava.

Eolus estava ao lado de Anemone e sussurrou, como se lesse seus pensamentos, "Ele é conhecido como Caelum, o Mestre das Tempestades. Um mago de grande poder e um conhecedor dos ventos como nenhum outro."

Anemone sentiu o vento brincar com seus cabelos, um sinal do reconhecimento entre os elementos e o recém-chegado. Caelum parou diante dela, seu olhar penetrante, mas não desprovido de calor.

"Anemone, a aprendiz que conversa com as brisas e dança com as chamas da aurora," disse Caelum com uma voz que soava como o trovão distante, respeitoso e poderoso. "Eu viajei através de tempestades e calmarias para encontrar você."

Ela se curvou levemente, o protocolo para alguém de sua estatura. "E o que traz o Mestre das Tempestades para a nossa humilde aldeia?"

Caelum olhou para o horizonte, onde o céu se encontrava com a terra. "Uma tempestade se aproxima, não do céu, mas do coração do mundo. Eu vim para ajudá-la a compreender a extensão de seu poder e para que juntos, possamos aprender a acalmar a tormenta que se avizinha."

Anemone sentiu a seriedade de suas palavras. Ela sabia que sua jornada até então havia sido uma preparação para algo maior, algo que talvez nem mesmo Eolus pudesse ter previsto.

"Eu estou pronta para aprender," ela disse, sua voz firme como a terra sob seus pés.

"Então vamos começar," disse Caelum, abrindo a mão para revelar um amuleto que capturava a essência de uma tempestade em seu cerne. "Mas eu devo avisar, a magia que iremos invocar é selvagem e indomável; ela nos levará a beira do abismo e nos desafiará a olhar para dentro do caos e encontrar a ordem."

Anemone acenou, entendendo a magnitude do que estava por vir.

Ao longo das semanas seguintes, Caelum ensinou a Anemone os segredos das tempestades. Como falar com os relâmpagos, dançar com os trovões e tecer a magia das tempestades com a delicadeza das brisas que ela tanto amava.

Durante esse tempo, uma ligação se formou entre eles, um entendimento que ia além das palavras, uma sinergia de magia e espírito. Era evidente para todos que viam que eles estavam destinados a ser parceiros nessa caminhada — dois meios de um todo mágico, unidos contra as tempestades vindouras.

Anemone e Caelum estavam de pé, lado a lado, olhando para o horizonte onde nuvens escuras começavam a se formar. A tempestade se aproximava, mas eles estavam prontos. Unidos pelo destino e pelo poder que compartilhavam, eles enfrentariam o que quer que viesse em seu caminho, com o vento a sussurrar segredos de força e esperança em seus ouvidos.

Caelum estendeu o braço, e o amuleto em sua mão começou a brilhar com uma luz interna, refletindo o entrelaçamento das nuvens acima. "Uma tempestade," ele começou, sua voz sobrepondo-se ao crescente murmúrio do vento, "é tanto destruição quanto renovação. Para entender uma, você deve respeitar a outra."

Anemone observou, fascinada, enquanto o mago elevava o amuleto. O vento aumentou, um prelúdio do poder que estava prestes a ser liberado. "As tempestades," continuou Caelum, "são as emoções do céu. Elas podem chorar em torrentes de chuva ou gritar com o estrondo dos trovões. Aprender a ouvi-las é aprender a entender o próprio equilíbrio da natureza."

O ar ao redor começou a vibrar, uma canção de energia crua que Anemone sentia em seus ossos. Ela deu um passo à frente, juntando sua força à de Caelum, seus poderes entrelaçando-se. Eles eram dois condutores para a tempestade que se formava, um dueto de magia que esperava dar forma ao caos.

"Agora, Anemone, sinta a tempestade, não apenas com sua magia, mas com seu coração. O que ela diz a você?" Caelum perguntou, enquanto o amuleto emitia pulsos de luz azulada.

Ela fechou os olhos, deixando o vento envolvê-la, falando a ela de coisas antigas e esquecidas. Ela sentia a tempestade se aproximando, uma força avassaladora de energia natural que exigia respeito. "Ela fala de mudança," Anemone respondeu, sua voz quase perdida na crescente tempestade, "e de um poder que precisa ser guiado, não combatido."

"Exato," disse Caelum com satisfação. "A magia que você tem, que nós temos, não é apenas para nossa proteção ou nosso uso. Ela é um dom, uma responsabilidade para com o mundo que nos sustenta."

Anemone abriu os olhos e viu as primeiras gotas de chuva começarem a cair, sentindo-as como pequenas chamas frias em sua pele. O poder que eles convocavam era imenso, mas sob seu comando, ele era tão natural quanto respirar.

Juntos, eles levantaram suas mãos, guiando a tempestade, moldando-a não em uma fúria destrutiva, mas em uma dança de poder e graça. A chuva caía agora em um ritmo constante, alimentando a terra, e o trovão era uma música distante que prometia renovação.

A aldeia e seus habitantes permaneciam secos, cercados por uma cúpula de ar claro. A tempestade se desdobrava ao redor deles, um espetáculo de luz e som que enchia a noite com a promessa de um amanhã mais brilhante. Anemone e Caelum, ligados pela magia e pelo destino, tinham certeza de uma coisa: juntos, eles poderiam enfrentar qualquer tempestade que a vida lhes trouxesse.

À medida que a tempestade desenrolava seu poder ao redor da protegida aldeia, Anemone sentia-se cada vez mais imersa no fluxo de energia que transitava entre ela, Caelum e os elementos agitados. A chuva, agora uma cortina prateada sob o luar, era como o tecido do próprio mundo em movimento, uma manifestação da dança incessante entre o céu e a terra.

Caelum, percebendo a crescente harmonia de Anemone com a tempestade, falou novamente, desta vez com um tom de aviso: "Cada gota de chuva carrega uma lição, cada raio uma história. Mas nunca esqueça, Anemone, que para toda a beleza que uma tempestade pode conter, ela também possui o poder de devastar. O mesmo vento que acaricia seu rosto pode arrancar árvores de suas raízes."

Com estas palavras, Anemone concentrou-se ainda mais, estendendo sua consciência para além das gotas de chuva, alcançando o próprio núcleo do vendaval. Ela ouvia os segredos que a tempestade queria compartilhar, sentindo-se como uma parte essencial do ciclo da vida, do renascimento que viria depois da destruição necessária.

O vento aumentou, sussurrando histórias antigas que falavam de magias esquecidas e civilizações perdidas, de amor e perda tão profundos que poderiam alimentar o fogo do coração do mundo. Anemone percebeu que não era apenas uma aprendiz na arte da magia, mas uma ouvinte das histórias do vento, uma guardiã dos sussurros etéreos do mundo.

Caelum observava, uma expressão de aprovação e um brilho de orgulho em seus olhos tempestuosos. Ele sabia que Anemone estava se tornando algo mais do que uma bruxa; ela estava se tornando um símbolo da interconexão de todas as coisas, um exemplo do equilíbrio entre a humanidade e a natureza.

À medida que a tempestade começava a ceder, as nuvens partindo como cortinas após o final de uma peça, deixavam para trás uma sensação de frescor e de possibilidades renovadas. O mundo estava limpo, e no silêncio que se seguiu, Anemone sentiu uma paz profunda.

Anemone e Caelum, o Mestre das Tempestades, olhando para o céu limpo, onde as estrelas começavam a aparecer. As últimas gotas de chuva caiam suavemente, como bênçãos do céu, e o vento, agora uma brisa suave, era um lembrete do poder e da beleza da natureza que eles tinham acabado de testemunhar.

"E agora," disse Caelum, quebrando o reverente silêncio, "nós preparamos para o próximo capítulo, pois a jornada de uma bruxa nunca termina com a calmaria. Há sempre mais para aprender, mais para explorar, e mais tempestades para entender e respeitar."

Anemone assentiu, pronta para o que quer que o futuro trouxesse, com o vento como seu guia e a tempestade como sua companheira. Ela estava pronta para continuar sua jornada, qualquer que fosse o caminho que o sussurro do vento lhe mostrasse.

Sussurros do VentoOnde histórias criam vida. Descubra agora