Lewis.

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Eu deveria saber o que aguardava por mim naquele final de ano, estava arrependido de ter prolongado meu contrato com a mercedes. Eu queria um tempo de tudo. Precisava de um tempo de tudo. Não queria conversar com ninguém, não queria ver o mundo fora do quarto.

Eu sequer sai de Abu Dhabi, meu pai não pode ficar e eu agradeci porque ele não me deixava em paz. Sei que só estava preocupado mas ainda assim, eu precisava de um tempo sozinho. Aquela corrida acabou com a minha vida. Acabou com tudo que eu tinha conquistado. Agora as pessoas se sentiam mais confortáveis pra me xingar pela internet e por isso eu não sai daquele quarto de hotel pela semana que se seguiu.

Minha internet também estava desligada mas isso não impediu que as pessoas ligassem e até mesmo mandassem SMS. Por isso desliguei o telefone. Queria estar sozinho pelo mês inteiro se possível.

Mas como nem tudo é como nós queremos, pude ouvir batidas na porta do quarto. Meus dedos deslizaram pela coberta a puxando mais para cima do meu corpo. Devia ser serviço de quarto ou algo do tipo. Iriam embora se eu não respondesse. Mas não foi o que aconteceu de qualquer forma.

— Sei que está aí. — eu reconheceria essa voz de qualquer lugar do mundo. — Vamos, Hamilton. Tem gente olhando pra mim aqui fora.

Bufo antes de me levantar, não me importava com meu rosto, cabelo ou roupas. Queria entender o que Vettel ainda estava fazendo em Abu Dhabi. Assim que abri a porta o outro sorriu, aquele sorriso que as pessoas dão quando estão com pena e eu odiava. Nesse momento eu desejava não ser eu. Queria ser alguém que terminou uma faculdade de engenharia e seguiu pra uma carreira que o mantivesse no anonimato.

— Oi, Seb. — mesmo sem ser convidado Sebastian passou por mim deixando duas sacolas de comida na mesa e voltou para fechar a porta já que eu estava estático. — O que ta fazendo?

Ele pega minha mão e me puxa para que eu me sentasse. Seus olhos pareciam preocupados mas eu não queria nada daquilo.

— Já que você não tá se cuidando, eu vim fazer isso por você. — ele diz de forma simples. — Não vou deixar meu melhor amigo desistir por causa de um moleque holandês arrogante.

Solto uma risadinha baixa e estico minhas pernas sobre a cama. Sebastian continua em pé como se não soubesse o que fazer. Bom, ser meu melhor amigo não significa que estamos sempre um no quarto do outro. Na verdade nunca estivemos mesmo e agora era um pouco estranho.

— Senta logo, Sebastian!

Ele parece se assustar antes de pegar a sacola e se sentar ao meu lado. Ele começa a tirar as embalagens dali, eram comidas veganas, agradeci a Deus por Sebastian ser tão atencioso.

— O que faz aqui? Tipo, em Abu Dhabi? Achei que tivesse ido embora.

Os olhos dele estavam em mim e mesmo que eu não estivesse o encarando eu sabia disso. Aqueles olhos de um filhotinho perdido faz com que meu peito quase exploda.

— Eu fui. Mas fiquei sabendo que você estava aqui e voltei, não consegui falar com você pelo telefone e falei com seu pai. Ele também estava preocupado, então eu resolvi voltar. Fiquei com medo de você ter feito alguma merda.

Ele tinha feito isso mesmo? Porque eu não respondi suas mensagens e ligações?

— Não precisava disso, Seb.

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