Clara está de volta ao RJ e luta para se adaptar à sua nova vida de jovem adulta. À medida que o mundo de Clara continua a evoluir, ela enfrenta desafios como equilibrar suas crescentes amizades e sua vida amorosa com a responsabilidade de criar sua...
Sentei no sofá fazendo perninha de chinês, estava com cheiro de perfume feminino e tinha um gloss em cima da mesinha de centro, tossi uma risada e passei a mão no rosto. Ele veio sentar do meu lado colocando meu cabelo atrás da orelha.
- Tem como ser rápido? Não tô com tempo...- falei ácida, ele apoiou os cotovelos em seus joelhos e passou as mãos no rosto respirando fundo
- Baixa a guarda po, sabe que sempre quis teu bem- virou o rosto para me encarar- Tá ligada?
- Você quer que eu repita tudo da última vez que conversamos? Porque minha visão sobre isso não mudou, tu sabe tudo que tu fez a mando dele...- respirei fundo lembrando de quando me bateram, passei a mão na minha nuca e acabei arrancando uns fios de cabelo e ele segurou meu pulso, abaixando minha mão -
- Porra Barbie, vai ficar tocando na mesma tecla sempre? Lembrar coisas do passado...
- É porque não doeu em você né - fechou a cara - Você não sentiu nada do que eu senti, e ainda se acha o certo - tossi uma risada
- Parceiro, não me acho certo, nunca te passei essa visão- coloquei meus pés em cima da mesinha de centro- Já te pedi desculpas, porra, nunca pedi desculpas pra ninguém na minha vida
- Tu quer que eu me sinta privilegiada? Por uma desculpa depois de tanto inferno?- me ajeitei pra levantar, porém ele me segurou
- Não faz isso- estava com as mãos na minha cintura me fazendo ficar sentada- Como posso te recompensar? - Ele pegou minha mão e deu um beijo. Eu abaixei a cabeça e depois o encarei -
- Me deixando em paz vivendo minha vida longe de você
- É isso que tu quer? - Eu mordia o lábio, é óbvio que não, mas quem cala consente - Tem certeza?
- Me leva em casa, já perdi muito tempo aqui contigo
- Tem alguém te esperando?- me livrei dele, levantei e fiquei em pé em frente à porta
- Não é você que sabe tudo o que acontece na minha vida? - levantou rápido me empurrando contra a parede, pressionando seu corpo contra o meu - Então nem preciso te responder... - Falei virando o rosto -
- Tá querendo me testar? - levantou meu queixo para ficar encarando ele - Sabe que se tu entrar nessa, tu sai fudida, até porque você sabe muito bem quem eu sou
- Nunca tive medo de você e não é agora que vou ter - encarava ele firme - Será que o papai sabe que tu faz e acontece com a filhinha "protegida" dele? - debochei, ele trincou o maxilar colocando a mão no meu pescoço apertando de leve e eu coloquei as mãos no braço que ele segurava o meu pescoço -
- Tu tá me ameaçando, filha da puta? - abri um sorriso que deixou ele mais puto ainda - Cuidado onde que tu anda
- Vai mandar me baterem de novo e falar que foi a mando do dono? - ele ficou mais puto ainda, com a veia sobressaltada na testa me encarando e então me soltou, me empurrando pro lado - Me deixa em paz, Kauã
Ele passou a mão pelo queixo, passando a língua nos lábios me encarando com ódio. Neguei com a cabeça e saí andando rápido, sem nem olhar pra trás. Acabei batendo de frente com o JL, minha salvação. Pedi pra ele me levar em casa rapidinho.
Guilherme estava deitado na mesma posição, tirei a roupa que tinha colocado e me juntei a ele. Peguei meu celular e vi que a foto do Rato tinha sumido do whatsapp, deve ter me bloqueado, melhor assim.
Ou talvez não.
•••
Nosso grupo é super diversificado, temos interesses variados, mas todos temos uma coisa em comum: o amor por assistir filmes juntos. Então, quando saiu a notícia do novo filme da Barbie, sabíamos que precisávamos assisti-lo! Compramos nossos ingressos para o filme com antecedência num cinema mais chiquezinho de cadeiras reclináveis e tudo porque não é todo dia que sai um filme sobre mim, não é mesmo? kkkkkkkkk também planejamos para aproveitar a noite depois do filme.
Seguimos então para o Cineminha. Pedi pra tirarem uma foto minha e logo postei;
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"Toda barbiezinha pra assistir Barbie"
Dentro do cinema, sentamos em nossos lugares e começamos a nos preparar para o filme. O clima estava maravilhoso enquanto esperávamos o início do filme.
Quando o filme começou, ficamos imersos no mundo do filme, aproveitando cada minuto dele.
Ao longo do filme, conversamos constantemente sobre nossas cenas favoritas e compartilhamos nossas reações uns com os outros. Ríamos junto com os personagens.
Depois do filme, fomos a Olegário terminar a noite num barzinho pra sair da rotina com ainda mais entusiasmo enquanto discutíamos o filme.
Enquanto os minutos passavam, a energia do bar contagiava a todos ao nosso redor. As meninas estavam empolgados, contando histórias engraçadas sobre os filmes que já haviam assistido, enquanto eu tentava absorver a leveza do momento. Apesar da sensação de desconforto que a tricotilomania me causava, tentei me distrair, mastigando a ponta de um dos meus cabelos.
— Barbie, você está muito quieta! — disse Rebeca. — Tem algo te incomodando?
Balancei a cabeça, um sorriso forçado no rosto. A verdade é que, por mais que tentasse, a dor da perda da minha mãe ainda era um peso em meu coração. As lembranças dela voltavam a surgir, agora misturadas ao desejo de me distrair e aproveitar a vida.
— Estou só pensando no filme, sabia? — respondi, mudando rapidamente de assunto. —
E assim as conversas fluíram, rindo e debatendo sobre os personagens e suas tramas. A desconexão entre o filme e nossa realidade parecia diminuir, e eu estava grata por minhas amigas me manterem ocupada. A noite avançou e as bebidas começaram a fluir. Eu deixei de lado um pouco das minhas preocupações e em alguns momentos me perdi na animação, contando histórias sobre bastidores das fotos e as loucuras do mundo da moda. Algo que eu amava profundamente, mesmo com todas as suas dificuldades.
— Ei, bora, vamos tirar uma foto! — Ingrid sugeriu, puxando meu braço.
A câmera capturou nosso riso, e por um momento, consegui esquecer da vida lá fora. Enquanto as fotos iam e vinham, percebi que a conversa havia mudado para relacionamentos. As meninas compartilharam suas histórias de amor e desilusões, e eu não pude deixar de pensar no Rato, mesmo ele não estando ali.
— E você, Barbie? — Rebeca perguntou, arqueando uma sobrancelha. — Alguma novidade na sua vida amorosa?
Um frio na barriga subiu por mim. Eu não queria compartilhar sobre a minha situação com o Rato, escondido, complicado e cheio de riscos. Olhei para elas e sorri.
— Ah, nada demais. Por enquanto, só estou focada em mim e na Tati — respondi, tentando ocultar o que realmente sentia. Mas talvez, no fundo, isso fosse mais uma maneira de enganar a mim mesma.
A música mudou para um sambinha, e, enquanto olhava em volta, percebi que a minha bateria social estava quase acabando. Mas, por um momento que fosse, eu queria me deixar levar.
— Vamos dançar! — eu exclamei, levantando-me da mesa e puxando qualquer uma das amigas.
Deixei as preocupações se derreterem ao som da música. Essa era a liberdade que eu buscava, mesmo que por alguns momentos. E assim, rodeada pelo calor da amizade, me permiti esquecer de tudo - até mesmo das minhas inquietações.
O mundo parecia um pouco mais leve, pelo menos por essa noite.