A doença

unidos

Às vezes eu me vejo perdida em meus pensamentos, imagino o quanto eu mudei ao longo desses anos. Quando me olho no espelho não vejo mais a jovem e imatura eu, as vezes me sinto mal por ela, teve um fim trágico em um mundo injusto, porém a morte dela serviu para eu renascer, uma nova eu.

Lembro da primeira vez que cheguei aqui e me olhei no espelho, meu cabelo estava todo espalhado pelo meu rosto e haviam cortes por todos os cantos, eu estava apavorada. Porém agora quando eu prendo meu cabelo e vejo as cicatrizes, me sinto confiante, eu sou uma sobrevivente! Quantas pessoas devem ter sobrevivido? 100, 40, 10 ou apenas 3. Enfim, eu escolho meu destino agora e nada vai mudar isso. Minha rotina é a mesma todos esses 3 anos, acordo e vou com os outros verificar se está tudo bem com toda a casa, começamos cuidando da horta e verificamos os suprimentos de comida, depois 1 vez por mês limpamos os painéis solares e cuidamos da grama para não dar insetos. Aprendemos sobre os painéis e a grama da pior forma possível, chamamos o acontecido de grande crise que durou 1 dia.

Celine: vamos começar o dia?

Gabriel: claro, só vamos esperar a querida acabar de se arrumar

Lívia: já acabei, que pressa

Gabriel: para que se arrumar tanto?

Lívia: desarrumada que não vou

Gabriel: você vai literalmente mexer com terra

Lívia: é o único evento que eu tenho para me arrumar. E ao contrário de você que deixa essa barba no rosto eu me cuido

Gabriel: começou os julgamentos

Celine: ela tá certa, fica quieto Gabriel

Gabriel: oxi!

Lívia: fica ligado, uma hora você acorda sem isso no seu rosto!

Celine: isso mesmo!

Lívia: e você não pensa que eu esqueci do "corte de cabelo" que você fez

Gabriel: hahaha

Celine: não ligo, não tem ninguém para me julgar

Lívia: eu sou multifuncional meus queridos, faço de tudo um pouco inclusive julgar vocês. Agora vamos logo começar o dia

Então eu e Celine fomos cuidar da grama enquanto Gabriel cuidava do jardim, estava tudo tranquilo, conversávamos enquanto isso,quando derrepente um estouro seguido de muita água veio do poço, por algum motivo a mangueira havia se soltado

Celine: TA CHOVENDO!

Gabriel: NOSSA AGUA!

Lívia: parem de gritar, já parou

Gabriel: oque foi isso?

Celine: a mangueira estourou!

Gabriel: do nada?

Lívia: deixa eu ver isso

Celine: alguém mexeu?

Gabriel: eu não, a última a pegar água foi você

Celine: sim, porém não fiz nada de errado

Lívia: se acalmem, apenas o parafuso quebrou

Celine: ufa, é só colocar outro

Gabriel: tem algum parafuso aqui?

Lívia: faz 3 anos que estou nesse lugar e nunca vi um

Celine: ferrou

Gabriel: não tem como colocar ou amarrar

Lívia: se tivesse como fazer isso não iria precisar de um parafuso né Gabriel