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isaac lahey

Normalmente os dias de quarta são os mais calmos, não havia tanta saída de bebidas e nem tantos corpos balançando na pista de dança o que é bom para mim que tenho uma noite tranquila de trabalho servindo uma quantidade mínima de bebida, consequentemente aturando um número menor de bêbados sem vergonha.

Mas infelizmente hoje está lotado, perdi as contas de quantas bebidas servir antes da meia noite, além de todas as investidas horríveis que recebi mesmo sendo um ômega marcado. Bom, não é como se eu me orgulhasse dessa cicatriz horrível na minha pele, mas eu não tenho muito o que fazer.

Estou preso ao Kyle para o resto da minha vida.

— Ei gracinha, manda mais uma! — o beta a minha frente levanta o copo indicando seu pedido, logo o acatei sem olhar. — Você até que é bonitinho. — seu hálito chegou até mim. — Eu vi essa marca ai, mas não ligo muito, sabe? A gente pode se divertir aqui. O que acha? Uma rapidinha no banheiro?

Situações com essa são corriqueiras aqui, pessoas desse tipo vêm em busca de sexo ou qualquer coisa ilícita. A Heart Of Glass é mais que uma boate, eu sei, existe toda essa fachada comum, mas sei que existe um depósito com armas no fundo. Descobri por um acaso quando — no fim do meu expediente — fui colocar algumas garrafas de vidro quebradas na lixeira e vi Lydia Martin — uma das sócias — fiscalizando a entrega, sei o que era porque ela abriu o caixote e pegou algumas. Nesse dia voltei para casa decidido a me demitir, mas as circunstâncias não me permitiram.

Meu pequeno Jordan havia chegado aos seus dois meses e ficou doente, então tive que continuar aqui.

Enquanto limpava o balcão senti um cheiro intenso de canela me cercar.

Levantei meu rosto ficando frente a frente com um alfa alto, olhos castanhos e um sorriso cafajeste mirados para mim. Ele cruzou os braços no balcão enquanto se sentava à minha frente, mesmo usando uma jaqueta de couro podia ver os músculos de seus braços flexionarem. Engoli em seco

— Whisky, por favor. — apesar do barulho consegui ouvir sua voz com clareza. Suave e marcando como tudo nele.

O servi evitando manter contato visual. Voltei a fazer meu trabalho preparando mais bebidas sentido seu olhar queimar minha pele. Fui de um lado a outro constrangido com essa atenção, mas tudo pareceu sumir quando senti a marca em meu pescoço arder, levei minha mão até ela.

Normalmente isso acontece nos fins de semana quando Kyle — meu alfa — fica fora gastando dinheiro com bebidas e prostitutas baratas pouco se importando como tudo isso vai me afetar já que somos marcados. Fechei os olhos reprimindo um gemido doloroso, ele estava novamente tentando marcar outro alguém.

— Tá tudo bem Lahey? — Olhei para o lado encontrando Lydia Martin com seu usual terno, ela parecia preocupada.

— Ah, sim, sim. — menti. Ninguém realmente precisa saber.

— Hum, ok. — a ômega mais velha pareceu não acreditar. — Pode sair mais cedo se precisar.

— Não, está tudo bem. — forcei um sorriso e voltei às minhas atividades.

Desde que tive meu primeiro cio soube que nada seria fácil para mim.

Meu pai sempre foi ausente se importando mais com jogos e em trair a minha mãe, já ela — uma beta — odiava o fato de eu ter nascido ômega e constantemente dizia que eu viria a ser uma prostituta dentre outras coisas nada agradáveis. Quando eu fiz dezesseis anos, meu pai trouxe uns amigos para jogar, minha mãe parecia mais uma empregada os servindo e eu me mantive quieto a ajudando, talvez esse tenha sido meu erro.

Kyle estava lá com meu pai. Lembro do seu olhar nojento sobre mim, de suas mãos asquerosas apalpando minha bunda arrancando gargalhadas de todos e lágrimas de mim.

Com o tempo tudo foi se tomando pior, suas visitas se tornaram frequentes e nada disso parecia incomodar meus progenitores, então em meio a uma aposta Kyle pediu para passar um heat comigo caso ganhasse, meu coração se partiu quando vi meu pai aceitar a oferecer mais uma certa quantidade de dinheiro e quando ele perdeu a única coisa pela qual lamentou foi a perda do bem material.

Pouco tempo depois fui arrastado até a casa daquele alfa nojento que tomou em mim como bem entendia durante cinco longos dias e ousou me marcar.

Chorei tanto, soube que minha vida tinha acabado ali, conviver com ele foi inevitável, principalmente porque dois meses depois descobri estar esperando um bebé então prometi a mim mesmo fazer de tudo para que minha criança nasça bem e que nunca tenha de passar pelas mesmas dores que eu.

Hoje meu pequeno alfa Jordan tem seus adoráveis seis meses e faço o que for preciso para lhe manter seguro.

𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 𝐨𝐟 𝐠𝐥𝐚𝐬𝐬 › 𝐬𝐜𝐢𝐬𝐚𝐚𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora