⛓︎ Capítulo 4 ⛓︎ Antagonismo (s.m)

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O bordel está calmo demais para um domingo a noite, pelo menos é o que acha Seonghwa, analisando o ambiente enquanto bebe o drink azul que o barman o entregou, a bebida combina perfeitamente com seu blazer branco detalhado com diversas pedras azuis-turquesa e um bordado no tecido feito à mão. Mais uma das peças de luxo que comprará no exterior para exibir nas noites no bordel.

Quando as pessoas pensam que alguém trabalha em um bordel, logo imaginam que esse indivíduo seja um prisioneiro do lugar, e só está lá por não ter outra alternativa, mas as coisas são bem diferentes para Seonghwa e todos os dançarinos do Arfar, afinal, trabalhar ali é um privilégio.

Evidentemente, se você faz parte de um bordel de quinta, com quartos imundos, bebidas baratas e clientes mais miseráveis que os próprios dançarinos, então provavelmente seja algo horrível de se viver.

Felizmente, estar no Arfar não é assim. O lugar é simplesmente o paraíso para qualquer dançarino exibicionista que queira viver dos desejos da carne, do luxo e soberba em meio a toda merda que acontece na década de 70 na Coreia do Sul. Com os protestantes nas ruas, o comércio internacional adentrando o país, os fanáticos por futebol comemorando pelo tão esperado destaque do país no esporte, e toda a população tradicional ditando o que deve ou não ser feito em busca da família e do trabalho perfeito. A única coisa que aqueles que continuam vivos por dentro desejam, é poder fugir para um lugar onde possam se libertar.

Arfar é esse lugar!

Seonghwa sempre foi um excelente dançarino, e por isso passou por diversos bordéis da alta classe até chegar no grandioso reino de Choi San. Ele foi recrutado uma noite no último lugar em que trabalhava. Estava fazendo um número no palco junto a outros três homens, San o observava de longe e foi o último a sair do local, esperando para falar com o tão belo homem. Ele prometeu ainda mais riqueza e principalmente fama. Desde então, esse, de aparência tão distinta entre os comuns rostos coreanos, se tornou o maior destaque do bordel, sendo o dançarino de confiança de San e o mais requisitado no país.

Cada um que já teve o privilégio de ter uma noite com ele foi embora no outro dia sem saber qual seria o sentido da vida sem aquele homem, afinal, Seonghwa é fascinante e deixa as pessoas loucas só de imaginarem tê-lo nas mãos.

Sabendo da fama que tem, ser desejado por todos é um fardo ao qual ele carrega com muito prazer. Despreza os pobres coitados que não o interessam sem remorso algum, ou sem precisar ter medo de sua atitude, prejudicar o bordel, esse é um privilégio que somente os rostos mais bonitos podem ter, até porque, até mesmo ser humilhado por ele se torna uma oportunidade para poucos.

— Você não deveria estar sentado aqui se não quiser que eu roube seu lugar! — Hari aparece ao seu lado o dispersando de seus pensamentos.

— Não se iluda, você não tem chances! — Bebe o último gole do drink e deposita a taça sobre a bancada. — Aliás, ninguém aqui tem.

A relação entre ele e Hari certamente não é das melhores com toda a competitividade entre eles, mas ela ainda é uma das poucas, além de San, que se preza a aguentar o seu egocentrismo.

— Ah, você acha? Nem mesmo o novo dançarino?

— Novo dançarino? Do que está falando? — Pergunta confuso sem entender o ponto em que ela quer chegar.

— Você não soube? San está recrutando um novo dançarino. — Diz ela despreocupada.

— Mas por que ele está recrutando alguém? O bordel já está cheio de dançarinos.

— Também achei estranho, mas parece ser um favor ou desejo pessoal do Sr. Choi, até porque eu ajudei o rapaz com a preparação para o seu teste e ele não parece ter experiência alguma. — Ela pensa um pouco e logo continua. — Sem contar que o próprio Choi quis ficar responsável pelo teste, e nem sequer me disse como seria, agora os dois estão enfurnados naquele escritório e eu morrendo de curiosidade.

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