Arfar

⛓︎ Capítulo 14 ⛓︎ Frenesi (s.m.)

 De longe, San tenta entender o que está acontecendo. Sabe que não pode interferir, mas seus músculos ficam enrijecidos na tentação de parar imediatamente o teatro de Wooyoung. Depois de tudo, se pergunta como o rapaz consegue manter a postura e olhar nos olhos de Mingi, aquele que tanto o feriu. 

 Não se importa com os olhares curiosos dos clientes em si, todos consumidos pelos boatos que percorrem pelo Arfar. Nem mesmo se agora estão julgando o seu olhar doentio sobre Wooyoung, e muito menos com os burburinhos ao seu redor que aumentam situações que aconteceram entre eles. Uns dizem que San é um canalha e que está usando os dançarinos para o seu prazer. Outros falam sobre Wooyoung não ter permissão para ter relações sexuais com os clientes porque é submisso de San e tem medo, chegando a apanhar dele. E nesse caminho se segue os diversos boatos completamente distorcidos. E até que o chefe é demais para um mero dançarino…

 Se contorce no pequeno sofá, inquieto e ansioso demais para manter as pernas paradas por sequer um segundo, balançando-as freneticamente. Os olhos chegam a ficar secos, pois até piscar cai no esquecimento quando seu único foco é prestar atenção em cada movimento na mesa adiante. 

 Wooyoung, por outro lado, não se importa com o olhar de San. Nessa noite no bordel, a sua presença é completamente insignificante, não passando de apenas mais uma pessoa ao redor. 

 Encarando Mingi fixamente nos olhos, arqueia uma das sobrancelhas, sugerindo a ele que lhe dê uma resposta imediatamente. O olhar de Mingi analisa todo o seu corpo cuidadosamente, e deslizando a mão pelo cabelo endireitando os fios rebeldes, finalmente dá uma resposta sem tirar o largo sorriso dos lábios carnudos. 

 — Bom te ver Wooyoung… por que não senta aqui para conversarmos?

 Diz direcionando com uma leve inclinação da cabeça as cadeiras logo a frente deles. Poderia fazer exatamente o que Mingi sugeriu, mas precisa convencer ele, e mesmo que seja um completo idiota, talvez não consiga levar o seu plano tão longe com sutileza.

 — Tenho um lugar muito melhor para ficar! — Sorrindo, dá alguns passos adiante, desviando de Jongho que está em uma das laterais do amigo. — Vocês poderiam nos dar licença? — Questiona os amigos, praticamente os expulsando dali.

 É imediatamente atingido pelas expressões confusas do trio. Hongjoong não questiona, nem exita, apenas se levanta já em partida e obriga Jongho a segui-lo, mesmo que contra a sua vontade. Wooyoung espera que eles se retirem, com a mão pousada no ombro do homem, e após a partida, desce lentamente os dedos em direção à abertura frontal do blazer, tocando a pele quente do peito. Não sabe exatamente o que está sentindo, um conflituoso caos instalado em sua mente a cada nova ação em direção a sua vingança. 

 Mingi o observa atentamente, e mesmo sério, o olhar com as extremidades elevadas denunciam sua animação com o cenário atual. Qualquer um nessa situação, recebendo um olhar tão intenso, estaria explodindo de tesão, ainda mais com Mingi sentado de maneira tão convidativa, com as pernas aberta, a coluna ereta, uma das mãos sobre a própria coxa e a outra brincando com o copo de whisky. Mas Wooyoung… ele só pode se sentir enojado, imaginando tudo o que vem depois de umas doses ofertadas por aquele homem. 

 Ignora os pensamentos, e encontra uma maneira confortável de sentar em seu colo. Mingi quase deixa um riso escapar com a atitude inesperada, satisfeito com a ação, apenas abre espaço para que o menor se acomode. Wooyoung senta de lado, envolvendo o pescoço de Mingi com o braço, os rostos ficando próximos até demais, porém, ideal para conseguir analisá-lo. Percebendo que o rapaz parou finalmente de se mexer sobre si, continua com o braço que segura o copo de Whisky esticado, formando uma barreira em suas costas, e a mão livre envolve as coxas do dançarino como um sinal de aprovação para sua atitude.