Arfar

⛓︎ Capítulo 10 ⛓︎ Lubricidade (s.f.)

 O clima no bordel está pesado, muito diferente do início da noite. Hari corre de um lado para o outro passando de mesa em mesa na tentativa de acalmar os clientes que questionam a razão para estarem sendo mantidos presos ali dentro, não se conformando que todo o alvoroço foi causado pelo simples sumiço de um acompanhante. Além disso, os burburinhos só aumentam sobre a breve discussão entre San e Jongho.

Todos os seguranças se colocaram em prontidão, evitando a entrada ou a saída de qualquer pessoa. Yeosang e os outros dançarinos se prontificaram em ajudar com as distrações, exceto por Seonghwa que continua sentado com as pernas cruzadas, observando todo o movimento enquanto se delicia de um vinho caro junto a Hongjoong. Sentindo-se eufórico e feliz com o seu triunfo, mal pode esperar para o amanhã chegar e possa finalmente se divertir com as consequências do seu plano.

As coisas parecem estar se saindo bem, acredita fielmente que não há maneira alguma de Wooyoung fugir disso. E mesmo que San procure por todo o bordel, ele não pode simplesmente invadir os quartos. Acredita que Mingi seja minimamente inteligente para lidar com isso.

Ou creditava...

Isso até San aparecer no topo da escadaria como um demônio enfurecido, o ódio está nitidamente estampado em seu rosto quando fuzila todos no salão com o olhar fervoroso. Os cabelos bagunçados e a roupa amarrotada são meros detalhes para acompanhar o fato dele estar com Wooyoung em seus braços. Com um braço servindo como apoio para as costas e o outro para as coxas, o segura com firmeza, como se a sua vida dependesse daquilo. O menor enlaça o pescoço do homem para garantir mais segurança, seu rosto pálido entrega o quão dopado está, evidentemente fraco e sem forças para descer uma mísera escada.

Todos no salão ficam imediatamente em silêncio, curiosos com a cena que se seguirá. Seonghwa sente que o chão sob seus pés irá desabar a qualquer instante, a cada passo de San, o coração palpita mais forte, acompanhando o barulho oco dos sapatos quando entram em contato com piso. Está aflito, como nunca esteve antes, milhões de pensamentos confusos invadem sua mente, o perturbando com a possibilidade de já ter sido descoberto.

Corre o olhar brevemente para Hongjoong que está a observá-lo com uma expressão difícil de decifrar, mas parece preocupado. Seu gesto de consolo se resume em um aperto na coxa por de baixo da mesa.

O que para Seonghwa foram os segundos mais longos de sua vida, para Hari e Yeosang significaram um momento de alívio, como se um grande peso tivesse saído de suas costas. Eles trocam sorrisos mesmo de longe, ambos têm tempo suficiente de experiência nesse ramo para saberem o que aconteceu e como poderia ter sido muito pior se San não tivesse o encontrado.

Mesmo sendo visto como o herói da noite nos olhos de muitos, San odeia isso. Ele não quer mérito por fazer o mínimo, e sente um ódio imenso da hipocrisia das pessoas que o observam com admiração quando um pouco antes reclamavam de estarem sendo mantidos ali por um mero dançarino. Algo que preferia não ter ouvido, mas enquanto se aproximava, os burburinhos invadiram seus ouvidos sem pedirem permissão.

Quando finalmente sai do campo de vista dos curiosos ao pisar do lado de fora do bordel, o ar puro invade seus pulmões. Sem rodeios, ajuda Wooyoung entrar no carro e se apronta para dirigir o mais longe possível dali.

Wooyoung não diz sequer uma palavra, em completo silêncio observa a vista da cidade iluminada através do vidro. Os olhos de San intercalam entre a estrada e o homem no banco de passageiro, mesmo com tudo o que aconteceu, a roupa já amarrotada, o cabelo bagunçado e o olhar sonolento, o pequeno dançarino continua lindo. Mas a expressão de dor ainda é evidente em seu rosto, sendo desconfortável vê-lo de uma forma tão vulnerável e silenciosa.