Cinco ✰

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Quatro dias. Esse era o tempo que eu estava sem ver e falar com Marília. Ela me evitava de todas as formas, saía mais cedo para trabalhar, chegava mais tarde, quando eu deveria estar dormindo, mas não estava. Só estava deitada mesmo, porém eu escutava ela passando pelo corredor.

Eu havia achado estranho essa mudança repentina dela comigo, em um dia me tratava bem e no outro nem olhava na minha cara, porém Marília era uma pessoa complicada, uma confusão total, cheia de mistérios. E sinceramente, eu não estava nem um pouco afim de decifrar os mistérios dela.
Maria havia me contado hoje que Marília ia viajar, mas levaria Marcela com ela, ou seja, eu teria férias de duas semanas, e mesmo que eu fosse sentir muita saudade da pequena, não podia negar que estava feliz. Seriam duas semanas para descansar minha cabeça, duas semanas com Luísa.

Eu estava deitada em minha cama conversando com Luísa por mensagem , quando senti uma vontade enorme de tomar água. O relógio marcava 01:59 am e não conseguia dormir, por isso estava enchendo Luísa, que dizia estar sem sono também, mas no fundo eu sabia que ela estava, só que ela não ia por minha causa — Ela sempre fazia isso, até mesmo quando eu morava lá.

Levantei-me e desci para a cozinha tentando fazer o mínimo de barulho possível e tomando cuidado para não esbarrar em nada, Já que eu era expert em fazer merda. Peguei um copo e fui até o filtro. Meu estômago roncou anunciando que não era apenas sede que eu estava sentindo. Abri a geladeira a procura do pudim que Maria havia feito, e agradeci a Deus mentalmente por ainda ter.

Peguei o pudim e meu copo de água e fui para a sala, liguei a tv e coloquei em um filme qualquer que estava gravado ali o filme se chamava Azul É A Cor Mais Quente e eu não fazia ideia do que se tratava aquele filme, mas mesmo assim dei play.

Após alguns minutos de filme, teve a primeira cena de sexo e eu confesso ter levado um susto. Mais para frente a menina conheceu uma mulher de cabelo azul, que era lésbica. A partir daí eu comecei a juntar tudo em minha cabeça, eu estava interessada no filme, queria ver até o final.

— Não sabia que você gostava desse tipo de filme, Maraísa.

Dei um pulo no sofá e olhei para trás encontrando Marília encostada na porta me olhando de braços cruzados.

— Eu só estava sem sono e com sede, então resolvi descer para beber água, como havia dado fome também eu também eu resolvi assistir TV , e como vi que tinha esse filme gravado, eu resolvi assistir, apenas. — Eu disse desesperadamente, parecia que eu estava explicando isso para minha mãe. Marília riu.

— Normal, Maraísa. Relaxe, — Deu de ombros.
E subiu para o andar de cima, enquanto eu voltei a assistir ao filme, que era muito interessante. Basicamente, Emma é a primeira mulher que Adèle se interessou.
O filme já estava quase no final, e eu não aceitava de forma alguma que as duas não ficassem juntas.

— Pelo amor de Deus, Emma. Beija ela! — Eu gritei na cena que Adèle encontrou-a em um café.

— Não adianta, elas não ficam juntas. Marília se manifestou me dando um outro susto, agora ela estava com uma camisola vermelha e seus cabelos estavam presos em um coque.

— Obrigada pelo Spoiler, Marília. — Eu disse irônica.

—  Eu apenas adiantei seu sofrimento.  — Ela se sentou do meu lado e assistiu o resto do filme comigo. E eu só sabia resmungar pelo fato das duas não ficar — Como assim ela não fica com a Emma?? Adèle é uma anta!

— Calma, Maraísa, isso é só um filme.

— E daí? Elas tinham que ficar juntas! — Eu dizia indignada.

— Se você está assim com esse filme, imagina quando assistir Um Amor Para Recordar.

— Não me lembre desse dia, por favor.

— Maraísa.

— Oi?— Olhei para ela.

— Nada não, esquece.

— Hum, ok. — Respondi e me levantei pegando o copo e o prato do chão — Estou indo dormir, boa noite.
— Boa noite Maraísa.

Levei as coisas para a cozinha e depois fui para meu quarto, confusa pelo fato de Marília ter me tratado bem novamente, ela não estava me evitando? Se antes eu achava Marília estranha, hoje eu tenho certeza.

— Isa , Isa! — Ouvi a voz de Marcela me chamando procurei por ela até encontra- la no quarto de Marília, que estava com a porta aberta — Mamãe pediu para que você colocasse essas roupas em minha mala também — Ela me entregou um pequeno amontoadinho de roupas. Eu apenas assenti e sai dali, voltando para o quarto da pequena e os guardando na mala.

Conclui que a mala já estava pronta, não havia mais o que guardar ali, então fechei-a. Peguei a pequena mala e levei-a para o andar de baixo.

Hoje Maria não viria trabalhar, ela também estava de férias por duas semanas. Eu só estava aqui por causa da pequena, eu tinha que arrumar a mala dela. Foi um pedido de Marília , já que antes ela tinha que fazer algumas coisas, e por ser um pedido eu aceitei, não iria morrer por isso.

Logo Marcela desceu as escadas e ficamos conversando sobre vários assuntos aleatórios.

— Marcela , já está pronta? — Marília disse descendo as escadas.

— Sim, mamãe! — A menina deu um pulo do sofá onde estava sentada, indo rapidamente para perto da mãe, me fazendo rir.

— Então, vamos? — Ela olhou para a menina que assentou rapidamente, era evidente a empolgação da pequena para essa viagem.  Marília sorriu e me olhou — Você vai agora?

— Estou esperando Luísa chegar, mas ficarei lá fora esperando.

— Pode ficar aqui, se quiser.

— Não será necessário, ela já está chegando. Mas, obrigada. — Me levantei.

— Tudo bem. — Ela disse pegando sua mala e Cela logo fez o mesmo com a sua. Segui-as para o lado externo da casa, onde seu carro estava parado e um homem vestido com um terno preto e óculos as esperava. Certamente era o motorista.

Marília entregou sua mala para o motorista que logo a colocou no porta-malas, a pequena repetiu o gesto da mãe e me assustava o fato das duas serem tão parecidas.

Ouvi uma buzina e só então notei que Luísa estava ali, com seu novo carro. Ela estava tão animada quando foi compra-lo, me ligava o dia inteiro.

— Luísa chegou, estou indo. Boa viagem para vocês — Sorri e me abaixei para abraçar a menor.

Vou sentir sua falta, Isa. –A menina me apertou mais e eu notei que estava sorrindo feito boba.

— Eu também irei sentir, meu amor.
— Marília que estava cumprimentado Luísa que havia acabado de sair do carro e corria até em mim.

— Amor da minha vida! – Ela gritou e me abraçou forte, me fazendo rir.

— Eu estava com saudades, bebê. Olhei a ainda a abraçando, e fiz bico, vendo-a sorrir.

—  Está sendo horrível dormir lá sem você ela disse baixo, mas nem tão baixo assim.

Marília ainda estava lá e eu havia me lembrado que ainda não tinha despedido dela, olhei-a sorrindo e fui até ela dando um breve abraço, afinal não éramos tão próximas.

— Boa viagem, Marília. Divirta-se!

— Obrigada, Maraísa. – Ela sorriu e logo entrou no carro com Marcela.

Luísa me puxou para o seu carro enquanto resmungava que estava com saudades. Já eu, só conseguia pensar em como consegui ficar longe da minha louca preferida por tanto tempo. Eu amava Luísa.




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