Dezesseis ✰

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Puta merda. Fodeu, fodeu, fodeu.

— Vamos, Maraísa. Responde. Ela
aumentou seu tom de voz e eu dei um
passo para trás, mesmo que ela ainda
estivesse sentada.

— Ele me beijou.

— Ah, claro. Deve ter beijado sozinho.

— Não. Eu não disse isso. Só disse que a iniciativa partiu dele. Seja lá como ele tenha te contado, tenho certeza que ele não te contou que eu o empurrei e corri para o meu quarto.

— Mas, ainda assim, correspondeu.
Você está achando que eu sou palhaça? Primeiro, exige que eu não fique com ninguém porque não quer ter fama de corna e depois simplesmente beija Ed e sai com sua ex.

— O que? Como você sabe?

Ela se levantou e pegou o seu celular
em cima da mesinha, desbloqueou e
praticamente o tacou em cima de mim.

Havia uma notícia que dizia que eu
estava traindo Marília. E a notícia ainda dizia que uma fonte que estava no local disse que nós falávamos que para "conversar" melhor deveríamos ir para a casa de Luísa.

Havia também muitas outras
baboseiras que eu não me dei ao
trabalho de terminar de ler.

— Não acredito que você está
acreditando nisso.

— Como não acreditar, Maraísa?
Ela gritou — E a sua ex!! Se é que
realmente vocês terminaram. E vocês
ainda saíram de mãos dadas!!

— Tá vendo porque eu não queria essa bosta de vida pra mim? Essa vida de fama me dá nojo, é mentira atrás de mentira.

— O que isso tem a ver com fama,
Maraísa?

— Tudo, Marília. Tudo! — Dessa vez, eu  gritei — Eu apenas sai para conversar com a minha melhor amiga! Luísa antes de tentarmos algo era minha melhor amiga, apenas fomos nós reconciliar como amigas. Justamente por estar "namorando" fiz aspas com os dedos uma famosa, eu não me sentia bem para conversar em público. E saímos de mãos dadas, sim, mas desde sempre fizemos isso e nunca saiu em site algum. Tá vendo? Era isso que eu temia, perder a minha privacidade. Aonde eu estava com cabeça de aceitar essa sua ideia maluca?

— Eu que me pergunto onde eu estava
com a cabeça de achar que você
seria uma pessoa confiável. Agora, a
chifruda sou eu. Duplamente.

Revirei os olhos e me sentei no sofá.
Respirei o mais fundo que consegui.

— Quem insistiu foi você.

— Namoradas dão satisfações e você
nem isso deu pra mim. A imprensa
ligou atrás de mim e eu não sabia onde você estava, mas eles sim. Será que você não poderia se segurar um pouco? — Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

— Foda-se a imprensa. Quer saber?
Porque não sai e pega umas vadias por aí.

— Realmente. Eu deveria fazer igual
você.

— Luísa não é vadia.

— Olha só! Admitiu que estava mesmo com ela.

— Óbvio que não, Marília! —
Levantei-me e fiquei em sua frente,
fazendo-a parar de andar — E mesmo
que eu quisesse ficar com alguém, acha mesmo que eu sairia com a pessoa assim, em público?

— Por isso pegou Ed aqui, então?

— Porra, Marília! Não!

— Pare de mentir, Maraísa — Ela me
chacoalhou ainda gritando.

— Quer saber, Marília? Esse namoro
é falso, eu não lhe devo satisfações.
Então, pense o que quiser. — Virei as costas para ela e comecei a caminhar até a escada, mas ela me impediu, puxando-me.

— Não vire as costas pra mim. Você
ainda me deve explicações. — Ela me
segurava pelos braços.

— Eu não estou te entendendo,
Marília. Por que está tão chateada e se
importando tanto com isso?

— Porque eu não quero ser a chifruda
do ano.

— Se quiser eu falo com a imprensa
e conto tudo, mudo a história a seu
favor e fica tudo lindo. Agora me solte,
amanhã mesmo eu dou um jeito.

— Eu quero ouvir da sua boca a
verdade, Maraísa. O que realmente
aconteceu.

— Não, Marília. Você quer ouvir da
minha boca o que você quer acreditar. Porque o que realmente aconteceu, eu já falei. Mas vou repetir uma última vez — Olhei-a nos olhos — Eu não nego que beijei Ed, porque
eu beijei, mas me sinto culpada. E
sobre Luísa, estávamos brigadas e
eu queria a amizade dela de volta,
ela é tudo o que eu tenho, é a minha
família. Fomos para a casa dela para
conversamos sobre o nosso namoro,
eu não poderia contar a verdade em
público, justamente porque tinha medo de alguém escutar. E outra, Luisa está conhecendo uma pessoa.

— Ainda me sinto decepcionada, pelo
beijo.

— Por que? Não estou te entendendo.

— Porque eu estou gostando de você,
Maraísa! Não consigo aceitar que você
beijou o meu melhor amigo! Eu não
sei bem quando foi que isso começou
a acontecer, mas comecei a querer
você tanto que isso se tornou forte
demais. E eu te odeio por isso. — Ela
gritou cada palavra e depois pareceu que se arrependeu, pois me soltou e passou as mãos pelos cabelos. Parecia analisar cada palavra — Merda... Não deveria ter falado nada — Sussurrou, mas mesmo assim eu pude escutar.

— Marília... — Disse baixo sentindo
meu coração tão acelerado que parecia querer sair por minha boca. Agora tudo fazia sentindo. As dúvidas que eu tinha sumiram por completo e as palavras de Luísa passaram por minha cabeça.

"Você não sabe porque está confusa.
Sabe que Marília é complicada e não
quer sentir algo por ela, mas isso não
quer dizer que você não sinta. Muito
pelo contrário, você sente e quer que ela sinta o mesmo."

— Vai rir de mim?

— Não. Por que eu faria isso?

— Porque eu estou querendo rir. Rir da minha cara de idiota. Eu prometi que nunca mais iria criar sentimentos por alguém, mas você apareceu e eu não sei como isso aconteceu, mas eu queria você, mesmo que eu ainda quisesse te matar e as vezes te dar uns tapas por não ter tanto medo de mim. Eu até cheguei a pensar que você também sentia algo, mas pelo jeito não. Eu sou uma idiota — Ela começou a rir e balança a cabeça negativamente.

— Acho que idiota sou eu. Por gostar de alguém como você. É, Marília Mendonça, eu fui boba a ponto de cair em teus encantos mesmo sabendo que você poderia ser bem filha da puta quando quisesse. Mesmo vendo um lado seu que eu não gosto nem um pouco. Você me fez te odiar, mas ao mesmo tempo querer te beijar. E eu te odeio por isso.

Marília nada disse, apenas me
encarou por alguns segundos e depois
me puxou para um beijo. Um beijo
que representava uma mistura de
sentimentos. Sentimentos que nem
nós éramos capazes de explicar, eles
ainda não haviam sido completamente descobertos, mas nós sabíamos que eles existiam.

Agora eu podia ter certeza do que
eu sentia e quero. E eu quero Marília Mendonça.






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