— JISUNG, ABRE ESSA PORTA! — senhora Han berrava do lado de fora enquanto batia desesperadamente na porta do quarto.
— NÃO! — o pobre garoto sabia muito bem o que aconteceria caso realmente o fizesse.
A mala já estava feita, estava decidido a passar uns dias na casa de Christopher e Seungmin, não queria ficar em casa enquanto seus pais tinham mais uma semana regada de discussões, vasos quebrados, acusações de traição e uso de substâncias ilegais por parte do homem mais velho da casa. Aquilo duraria pelo menos uma semana e Jisung definitivamente entraria em colapso caso tivesse que intervir para evitar o pior.
As batidas cessaram após um choro alto ecoar pela casa, o Han mais novo sabia que sua mãe estava ajoelhada em frente a porta do cômodo temendo mais uma vez perder o próprio filho. Jisung a deixaria entrar se não soubesse que toda aquela preocupação vinha diretamente do álcool e que, mais cedo ou mais tarde, a vítima dos xingamentos, gritos e até agressões seria ele. É claro que doía deixar sua própria mãe do lado de fora, tinha noção do que o senhor Han era capaz de fazer quando o álcool e substâncias químicas o dominavam.
Jisung chorava copiosamente abraçado em seus joelhos, desejando que o casal — se é que poderiam ser chamados assim — fosse logo para a cama. Sequer havia avisado seus amigos sobre seu plano de ficar na casa deles, mas não é como se aquilo fosse novo, Han já havia passado quase um mês lá com medo do que poderia acontecer em sua própria casa.
Depois de algumas horas repletas de gritos, choros e coisas sendo quebradas — em sua grande maioria porta-retratos com fotos de família que, segundo Han Kwan, eram o maior desgosto que ele poderia ter — cada um foi para um quarto separado e a paz finalmente reinou naquela residência.
Abriu a porta do quarto com um extremo cuidado para não fazer nenhum barulho muito alto, embora seus pais estivessem sob efeito de álcool e não acordariam nem mesmo com uma caixa de som no volume máximo, preferia evitar qualquer tipo de conflito por ora, seus olhos inchados denunciavam que já havia escutado coisas demais por hoje. Desceu as escadas com calma e cuidado para não derrubar nada que decorava a descida e finalmente pôde atravessar a sala para enfim se ver livre.
O vento fresco da madrugada soprou em sua face e pela primeira vez naquele fatídico domingo, Han sentiu-se aliviado. Olhou para o céu estrelado acima de si e sorriu, o sentimento de saber que teria pelo menos uma semana de paz o consumiu junto a uma felicidade momentânea intensa. Não hesitou em dar passos rápidos até a casa dos Bang, ansioso para ter a sensação de um verdadeiro lar nos braços do casal.
Seungmin e Christopher eram os pais que nunca teve.
Não demorou muito para chegar em seu destino e tocou a campainha algumas vezes, sendo atendido por um Seungmin de pijama e cabelos bagunçados, julgando que já eram por volta de duas da manhã pôde deduzir que eles estavam prontos para dormir. Jisung deu um sorriso fraco e coçou a nuca, sentindo-se envergonhado por estar um trapo graças a crise recente que teve em seu quarto.
O Bang mais novo sentiu o coração apertar ao ver seu pequeno daquela forma e o abraçou apertado assim que o viu sem dizer sequer uma palavra, a mala em suas costas entregava seu verdadeiro objetivo naquela visitinha noturna. Colocou Jisung para dentro calmamente, sabia que ele sempre lhe contava tudo quando se sentia pronto e que muitas perguntas poderiam desencadear em uma nova crise.
— Amor, quem... — um sorriso acolhedor tomou conta dos lábios do australiano assim que viu Han tirando os sapatos para deixá-los ao lado da porta e abriu os braços. — Bem-vindo à sua casa, Hannie.
Jisung não pensou duas vezes antes de correr para os braços de Christopher, largou a mochila no meio do caminho e até mesmo quase tropeçou, não pôde evitar de desabar novamente nos braços do mais velho e segundos depois, Seungmin havia se juntado ao abraço em grupo dos rapazes.
Chris até ficaria quieto, mas uma preocupação maior o invadia e necessitava fazer algumas perguntas. Não importou-se em sentar no chão com Han em seu colo, sendo acompanhado pelo outro Bang que acariciava os fios do mais novo dos três.
— Ji querido, eles encostaram em você? — Jisung negou com a cabeça, ainda chorando baixinho. — Você... bebeu? — mais uma vez o viu negar e respirou aliviado.
Han tinha um sério problema com bebidas desde os seus quatorze anos graças a seus progenitores. Quando queria fugir da realidade horrível em que vivia, o garoto se afundava em garrafas de vodka que comprava e escondia em seu armário. Aquilo já havia preocupado muito os Bang ao ponto de terem que ir até Jisung no meio de uma madrugada para poder cuidar de seus enjoos e dores causadas pelo álcool.
— Arrumamos seu quarto hoje, bebê. — Seungmin ditava com a voz calma ainda acariciando os fios castanhos de Han. — Colocamos os pôsteres dos desenhos e compramos os livros de filosofia que você pediu, hm?
Jisung sorriu abertamente e mais uma vez abraçou seus melhores amigos com bastante força, agradecendo inúmeras vezes por terem feito aquilo por ele. Era apaixonado por filosofia e... bom, por alguns animes também.
Os garotos ficaram ali no tapete confortável da sala por mais um tempinho conversando sobre coisas bobas até o choro de Han cessar e o sono tomar conta de seu corpo. Levantaram-se calmamente e beberam um copo d'água antes de tomar rumo aos quartos.
Assim que Jisung entrou naquele cômodo a felicidade o tomou novamente, os pôsteres de Chainsaw Man, Haikyuu, InuYasha, Evangelion e mais alguns animes que gostava estavam espalhados pelo quarto de uma forma em que não deixava o ambiente tão poluído, a cama com alguns bichinhos de pelúcia, incluindo os favoritos de sua infância que o ajudaram muito quando não tinha a quem recorrer, prateleiras repletas de livros de romances LGBTQ+ e filosofia, o armário decorado com alguns desenhos e assinaturas de seus melhores amigos e um setup incrível ao lado do armário, isso era o que ele chamava de lar. Diferentemente do quarto que possuía em sua "casa" que era todo branco com móveis básicos e um laptop comum que mal usava.
Caminhou até o armário para deixar suas roupas por ali e sorriu ao ver que os garotos também haviam colado fotos de Jisung com seus melhores amigos. Felix, Jeongin e Changbin também eram visitas frequentes na residência Bang, então não demorou para que os seis rapazes se tornassem uma grande família.
— Leebit, Quokka! — abraçou ambas as pelúcias de coelho e esquilo assim que estava de pijama e se atirou na cama. — Que saudades!
Jisung os amava mais que tudo, tanto suas pelúcias que o ajudaram quanto seus melhores amigos que o acolheram.
Em poucos minutos já estava aconchegado em sua cama e adormecido, afinal daqui algumas horas teria aula e Christopher nunca o deixava faltar, Han pensava que era para não manchar seu histórico escolar mas na verdade era para não o deixar sozinho, já que na escola havia a companhia dos outros três rapazes.
[...]
Primeiro capítulo completo, o que acharam??? Confesso que eu queria ter estendido um pouco mais, mas tava tão ansiosa pra soltar que acabei deixando só até aqui.
Não se esqueçam de votar, viu? Até o próximo capítulo, anjinhos.
Beijinhos da Lia <3
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panic room | minsung
FanfictionJisung era um garoto cheio de problemas tanto na escola quanto em casa, contava com a ajuda de seus melhores amigos, mas mesmo assim um garoto não tão novo em sua vida decide reaparecer no último ano do ensino médio, retomando uma onda de felicidade...