panic room | minsung

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TW: Menção a automutilação.

[...]

Como haviam apenas quatro colchões precisaram separar em duplas na hora de dormir e como o previsto Chan ficou com Seungmin, Changbin com Felix, Hyunjin com Jeongin e Minho com Jisung. Antes de dormirem passaram longas horas jogando conversa fora e rindo até não aguentarem mais, mas em certo momento o cansaço diário os atingiu fortemente e caíram no sono.

Exceto Jisung.

Ele corria o olhar por toda a sala buscando guardar aquela cena em sua mente tal como uma fotografia era guardada em uma galeria de celular, sentia-se angustiado sempre que tinha um longo momento de felicidade como se fosse o último que seria capaz de desfrutar. Aquilo era horrível. Sua respiração começou a se tornar mais pesada e os olhos se inundaram de lágrimas, tentou ao máximo segurar aquilo para não incomodar nenhum dos garotos adormecidos mas em pouco tempo os pequenos fios d'água escorriam por suas bochechas em um choro silencioso, já era praticamente profissional em chorar dessa forma com medo de seus pais surgirem do nada e o repreenderem severamente por ser fraco.

Levantou com cuidado do colchão agradecendo mentalmente por ter pegado um na ponta e foi até a cozinha para pegar um copo d'água e respirar um pouco para enfim tentar dormir novamente. A cozinha era um ambiente perigoso para Jisung, tantos objetos que poderiam ser usados para lhe provocar a dor que tanto sentia falta em seu corpo o cercavam. Han sentia as mãos trêmulas só de ficar naquele ambiente sozinho, temia a si mesmo, do que poderia fazer por impulso e principalmente, temia causar ainda mais preocupação nos melhores amigos que descansavam serenamente no cômodo ao lado.

Engoliu seco e tomou o rumo em direção à geladeira para pegar uma garrafinha cheia de água, a abrindo com um pouco de dificuldade antes de virar na boca, tomando longos goles do líquido gelado. As lágrimas caíam sem parar de seus olhos, chegava até mesmo a ser irritante para Han já que sempre lembrava das palavras do progenitor o mandando ser mais forte e parar com todo esse drama, tais broncas sempre eram seguidas de uma severa punição física caso a senhor Han não estivesse por perto.

Após beber uma certa quantidade de água enquanto seus pensamentos corriam soltos, Jisung jogou a garrafinha no chão com toda sua força, sentindo a raiva de si mesmo e do próprio pai o tomar por inteiro, passou a ignorar completamente o fato de que seus amigos estavam dormindo como se a partir daquele momento não tivesse mais o controle de suas próprias ações. Um grito rasgado ficou preso em sua garganta, talvez um resquício do autocontrole que ainda lhe restava o impedia de soltá-lo, e não hesitou em começar a arranhar os próprios braços e pernas.

Odiava seu corpo, não parecia nada perto de outras pessoas e acima de tudo parecia frágil.

A ardência causada pelas unhas relativamente compridas não lhe parecia o suficiente, era como se fosse apenas uma cosquinha perto daquilo que sua mente julgava necessário por ser tão patético, Han precisava de mais. Sua mente clamava por alguma dor maior.

Rapidamente o olhar se travou na segunda gaveta abaixo da pia onde guardavam as facas realmente afiadas geralmente usadas para cortar frutas, carnes e legumes. Ele resistiu, o corpo inteiro se congelou por alguns minutos enquanto encarava fixamente aquele local, mas mesmo assim começou ir em direção à gaveta em passos extremamente lentos como se sua mente estivesse em guerra o dizendo para fazer e não fazer.

Era tarde demais, grande parte de si estava decidida, seriam três meses longe desse vício completamente desperdiçados e jogados no lixo, mas naquele momento não se importava e sequer se lembrava desse pequeno fato. Estava com a faca em mãos.