— Jijico, chegamos! — Christopher gritou da porta de entrada enquanto adentrava na residência. — Trouxemos o seu chocolate favorito pra você comer depois do almoço.
Não fora necessária mais nenhuma palavra para que Han saísse correndo disparado de seu quarto com um sorriso no rosto, sentindo-se uma verdadeira criança. Era assim que o garoto de cabelos castanhos se sentia com o casal, como uma verdadeira criança que não tinha nenhuma preocupação a sentir sem ser a de qual seria a sobremesa do dia.
— Só assim pra você aparecer, né? — Seungmin bagunçou os cabelos dele com cuidado e sorriu aliviado ao vê-lo rir.
Christopher assistia a cena da sala de jantar enquanto arrumava a mesa para que pudessem almoçar juntos, haviam ido buscar comida japonesa já que esta também era uma das favoritas de Jisung, talvez o casal o mimasse demais, mas sabiam que era necessário pelo menos repor um pouco daquilo que ele perdeu ao longo de sua vida.
Os três rapazes já estavam sentados à mesa e comiam calmamente conversando sobre seus dias de forma descontraída. Jisung se perguntava se deveria ou não falar da volta de Lee Minho e Hwang Hyunjin, queria deixar isso pra lá e fingir que seria apenas um sonho — ou pesadelo — temporário, mas não sabia como iria agir diante do Lee mais velho o qual carinhosamente apelidou de Lee Know quando eram jovens com a justificativa de que ele sempre sabia o que dizer ou fazer.
— Chris, Seung... — os chamou em um tom baixinho e calmo, alarmando o casal à sua frente. — O Minho volta semana que vem...
Os Bang se entreolharam antes de voltar a atenção para o adolescente de cabeça baixa do outro lado da mesa, sabiam como o assunto "Lino" era delicado demais para Jisung, como aquilo ainda o apavorava e o quão arrependido Han se sentia por ter se afastado daquele que mais o fazia bem. Era um posto que nem mesmo Christopher e Seungmin eram capazes de tomar.
— Como você se sente com isso, pequeno? — perguntou o Bang mais novo esticando a mão por cima da mesa para acariciar a semelhante de Jisung.
— Com medo, eu acho... Eu tenho medo de não reconhecer ele, sabe? E se ele me odiar agora? Eu não quero ver a pessoa que eu mais amei me olhando como se não me conhecesse.
— Ji... Vocês não se veem há bastante tempo, mudaram muito como pessoas por mais que você ache que continue igual ao seu "eu" de quatorze anos, você amadureceu demais e eu não duvido que o Minho também tenha. — Chris explicava calmamente enquanto encarava o rapaz com ternura. — Eu não vou mentir, ele deve estar chateado pra cacete, mas você pode tentar se explicar e se reconciliar com ele, certo?
Han apenas concordou com a cabeça lentamente, absorvendo as palavras do amigo o suficiente para pensar no que faria ao rever o Lee mais velho.
E mais uma vez, Jisung se encontrava alheio a tudo à sua volta, sentindo tudo e nada ao mesmo tempo, como se aquele reencontro com data marcada fosse uma sobrecarga emocional fodida para si e talvez realmente fosse. Han agradeceu pelo almoço e pelo chocolate que realmente haviam comprado para ele e caminhou para o quarto, alegando precisar de um tempo sozinho para pensar.
Ao adentrar no quarto sentiu a garganta fechar e os olhos arderem, sequer tinha noção de quanto tempo estava segurando o choro na frente de todos. Trancou a porta do quarto e correu para a cama, abraçando especificamente a pelúcia de coelho denominada Leebit e desabou completamente de forma silenciosa, segurando-se ao máximo para não levantar e quebrar tudo que estava ali presente no cômodo. Sentia-se como uma montanha-russa, uma hora estava com raiva por ter sido tão idiota em deixar Lee ir embora de sua vida e queria socar qualquer coisa que aparecesse, arriscando até mesmo a descontar em si mesmo; outrora se sentia triste e desolado com saudades de sentir aquele friozinho na barriga e felicidade descomunal que o invadia sempre que estava ao lado de Minho; mas também sentia-se um pouquinho feliz por saber que o veria novamente sem ser através de uma tela.
Não sabia o que fazer, todo aquele mix de sentimentos estava lhe causando uma agonia imensa sem fim.
"Eu não posso... Chris vai ficar triste." pensou enquanto encarava a mala no canto do quarto fixamente, sabia que tinha uma garrafa de vodka de 750ml da Absolut ali dentro, talvez o Han de um dia atrás que fugia mais uma vez de sua "casa" sabia exatamente que precisaria de algo além de uma fuga para se sentir realmente relaxado.
Levantou-se da cama e encarou a pelúcia que até então era agarrada com toda sua força, como se esperasse que ela magicamente fosse parar Jisung do que estava prestes a fazer assim como o seu original dono fazia anos atrás, mas obviamente nada aconteceu. Caminhou em passos lentos até a bolsa de tamanho médio e respirou fundo antes de a abrir e finalmente pegar a garrafa transparente também mediana.
"Só um pouco..." foi o que pensou ao desrosquear a tampa prateada e dar um longo gole no gargalo, andando lentamente até a porta para apoiar-se na madeira como se aquilo fosse impedir a entrada de qualquer pessoa que fosse naquele cômodo.
[...]
Batidas incessantes na porta foram o que acordou o pobre rapaz com uma dor de cabeça terrível, não sabia se era o álcool que ainda parecia fazer efeito em seu corpo ou se era por conta do choro incessante de mais cedo.
— Ji abre a porta! Por favor! — a voz de Seungmin carregada de preocupação e até mesmo embargada por um possível choro o tirou de um transe momentâneo.
Pegou o celular para checar as horas e viu que já se passavam das nove da noite. Porra, havia apagado por tanto tempo assim?
Levantou-se bem lentamente, sem coragem alguma de dizer uma palavra e destrancou a porta, logo a abrindo e tendo a visão de um Christopher com a feição preocupada e Seungmin aos prantos. Se sentiu um merda por causar aquilo em seus melhores amigos mais uma vez. O ruivo segurou seus braços e levantou as mangas das blusas de Jisung como se procurasse algo errado devido à experiências passadas e Han apenas negou com a cabeça baixa, não queria os encarar daquela forma, estava envergonhado.
Seungmin correu o olhar embaçado pelas lágrimas recentes pelo cômodo, este que parou na garrafa quase vazia no chão.
— Oh querido... — pouco se importou se o marido ainda o analisava e abraçou Han com toda sua força.
Christopher não tinha entendido ainda o que havia acontecido exatamente mas optou por se juntar aos rapazes em um abraço caloroso e reconfortante apenas para dizer sem palavras que estavam ali com ele acima de tudo.
Era comum ver Seungmin alterar o tom de voz com todo mundo — exceto Han — , o moreno se alterava com uma facilidade absurda que chegava até mesmo a ser engraçada. Já Christopher nunca se estressava, era um poço de compreensão e calmaria que contrastava muito bem com o marido. Eram como um perfeito Yin Yang.
Após alguns longos minutos somente afagando os cabelos de Han, os garotos caminharam até a sala em silêncio e se sentaram no sofá, o mais novo entre os três já sabia o que estava por vir e se sentiu extremamente agradecido por isso.
Christopher se levantou e foi em direção à cozinha para preparar um pouco de pipoca e pegar o remédio para evitar a ressaca que sempre deixava guardado naquele armário, já Seungmin ajeitava o sofá com almofadas e cobertas para deixá-lo ainda mais confortável e Jisung selecionava o filme "As Branquelas" na plataforma de streaming.
E assim se seguiu aquela noite, cheia de risadas, muita pipoca, refrigerante e uma sensação de conforto que Jisung sempre presenciava ao lado de seus melhores amigos.
NOTAS FINAIS:
Oi meus amores! Como vocês estão? Chegamos ao fim de mais uma atualização de Panic Room, o que acharam? Quis mostrar um pouco mais da relação dos Bang com o Jico porque muitos de vocês amaram no primeiro capítulo.
Também queria agradecer MUITO a quem está comentando, votando, adicionando em listas e até mesmo divulgando a fic... CHEGAMOS A 100 LEITURAS!!! 😭😭😭😭 Eu to realmente muito feliz e muito agradecida com isso, de verdade, eu não esperava que passaria das 20 visualizaçõesKKKKKKKKK
Se cuidem direitinho e até a próxima att!
Beijinhos da Lia <3
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panic room | minsung
FanfictionJisung era um garoto cheio de problemas tanto na escola quanto em casa, contava com a ajuda de seus melhores amigos, mas mesmo assim um garoto não tão novo em sua vida decide reaparecer no último ano do ensino médio, retomando uma onda de felicidade...