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— Eu juro que não aguento mais essa escola, Innie-ah! É o quinto ano seguido que a gente tem aula com aquela velha insuportável logo às sete da manhã. — Jisung reclamou.

Os quatro amigos estavam em uma das mesas espalhadas por aquele grande refeitório que cheirava a salgados e hormônios adolescentes que, convenhamos, não eram lá a melhor coisa do mundo para se sentir logo cedo.

Changbin e Felix estavam abraçados enquanto seguravam o riso a respeito das reclamações de Han sobre a professora de biologia, Jeongin apenas concordava e respondia da mesma forma, compartilhando a indignação e repulsa pela senhora Kim Taeyeon.

— Acho que vai gostar de saber então que a partir da segunda semana de aula vamos ter uma pequena mudança. — Felix comentou enquanto quase unia as pontas do indicador e do polegar ao dizer as últimas duas palavras, assim obtendo a total atenção de Jeongin e Han.

— Como assim? — os dois responderam em uníssono.

— Meu irmão voltou do Canadá junto com aquele amigo modelo dele, lembram? O irmão da Yeji do segundo ano.

Jeongin conteve um grito nada másculo de sua parte ao saber que a maior paixão platônica que já pôde ter estaria de volta ao colégio, aquilo era tipo um desejo que Yang pedia a todos os deuses que conhecia para que realizassem. Ou sua volta era fruto de suas preces, ou o destino realmente amava agraciar a visão do garoto. 

Já Jisung havia congelado, encarava Felix com a face inexpressiva sem saber ao certo o que dizer. 

Lee Minho estaria de volta em uma semana.

O primeiro garoto por quem Han se apaixonou, o garoto que o fez descobrir sua sexualidade e acima de tudo: a primeira pessoa que soube de sua situação familiar.

Haviam perdido contato ao longo dos anos, faziam mais ou menos três ou quatro anos que não trocavam uma palavra sequer nem mesmo por mensagens. Han sabia que era o culpado por isso, afinal, Minho sempre o enviava mensagens perguntando como estava, se havia comido, se precisava de algo e demonstrava preocupação com o bem estar de Jisung, mas o medo de se deixar levar por uma falsa sensação de ser amado e acabar com a terrível dor do abandono o assombrava, o Lee mais velho era quem o ajudava nas piores crises que tinha desde que eram crianças.

[...]

Jisung era uma criança muito fechada e assustada desde que contara para seu pai que se sentia feliz demais ao lado de um amiguinho. Kwan havia assumido que aquilo era uma paixão infantil, mas porra, era um outro garoto que despertava esse sentimento em seu filho. Aquilo o deixava extremamente irritado e enojado, então surtou, bebeu qualquer whisky barato que encontrou em seu armário e descontou tudo no pobre garotinho de nove anos. A senhora Eunji chorava e tentava o afastar da criança a todo custo, mas o Han mais velho era inúmeras vezes mais forte que ela.

— EU NÃ-ÃO CRIEI UM FILHO PRA SER U-UM VIADINHO DE ME-E-ERDA! — Kwan se embolava nas palavras devido ao álcool e soluçava algumas vezes. — PARA DE CHORAR!

O pequeno Han estava assustado e chorava tão alto que talvez fosse capaz de ser escutado por seus vizinhos, algumas marcas vermelhas estavam em seu corpo graças a alguns tapas fortes que havia levado de seu progenitor, não entendia como ele tinha mudado tanto em apenas alguns minutos só porque havia se aberto, falado sobre alguém que o deixava feliz ao pai. Sequer sabia o que era um "viadinho de merda", mas para estar sendo tão xingado de nomes horríveis e apanhando, entendia que era algo ruim e que jamais deveria se deixar ter um sentimento de felicidade tão forte com outras pessoas.

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