Capítulo 6

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Ellie

Corro desenfreadamente rumo à campina. Há participantes se digladiando para onde quer que eu olhe.

Um garoto de treze anos salta em minha frente, empunhando um pequeno machado. Prevendo sua investida, acerto um murro bem na boca do seu estômago e continuo a correr.

Olho para trás, e estou sendo perseguida por uma dupla. O menino aponta seu arco e flecha e atira sem hesitar. Desvio facilmente. Ele não parece ter uma boa mira. 

A menina da dupla me derruba. Percebo, graças à parca luz da lua, que é Nádia.

Ela aponta sua espada contra meu pescoço e ri de divertimento.

 Encontrei você. O novo cãozinho dos Paradise.

Evito me mexer. Preciso ser certeira.

 Eu te vi treinando. Você não é nada mal, para uma novata magricela - diz ela, quase que me parabenizando. - Mas amigos da Maribel são automaticamente meus inimigos. Não é nada pessoal.

Flexiono minha perna e acerto um chute em sua barriga. Ela cambaleia para trás e ri novamente.

 Minha vez.

Bloqueio sua violenta espadada. Olho para o seu aliado, prestes a disparar sua flecha. Não há o que fazer senão aguardar o impacto.

Mas, assim que ele solta a flecha, ela para no ar e cai no chão.

Nádia olha para trás no instante exato em que um sapato novinho em folha acerta sua fuça e a do menino em alta velocidade.

Maribel corre pela campina, descalça de um dos pés. Seu vestido e rosto estão cobertos de glacê de bolo. Seu sapato volta rodando feito um bumerangue, pousando em sua mão.

 Ellie! Espera! - Grita ela, puxando as barras do seu vestido enquanto corre.

Estou para falar algo, quando ela grita:

 Se abaixe!

Assim o faço e ela arremessa seu outro sapato. Nádia, que estava prestes a me atingir pelas costas, é nocauteada, sua espada ainda em mãos.

 Como você chegou aqui? - Viro-me para ela. - Sua mãe não...

 Sean me deu uma força - responde Maribel, sacodindo a barra do vestido e jogando seus cachos para trás. - Como vai a prova?

Encaro-a, percebendo que, talvez, Maribel não seja uma garota tão certinha quanto parece. 

 Sinceramente, bem intensa - digo. - Quase fui feita em pedaços agora.

 Encontrei uma utilidade para esses sapatos. - Sorri ela, calçando-os de volta. - Vamos?

Um barulho alto irrompe das jabuticabeiras. Várias pessoas gritam e correm do meio delas.

 Adam está se saindo bem, também - diz Maribel. - Melhor irmos para o outro lado.

Olho mais uma vez para as árvores, feixes de luzes irradiando por entre as folhas. O que quer que Adam esteja fazendo lá, espero jamais descobrir.

Corro junto de Maribel para o lado oposto, onde várias duplas batalham entre si.

 É hora do plano B. - Comento. - Vamos tentar passar furtivamente e...

Maribel me ignora e sai correndo para o meio do campo de batalha.

 Qual a parte de "furtiva" você não entendeu?! - Esgoelo-me.

O País das Crianças Perdidas - O Príncipe de ObumbratioOnde histórias criam vida. Descubra agora