Capítulo 1

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ETHAN


Ondas de dor varrem meu corpo por inteiro.

Eu morri? Para onde aquela garotinha nos levou? Estou deitado, semiconsciente, sobre uma superfície macia. De olhos fechados, posso sentir uma energia sombria fazendo peso sobre meus ossos. 

Sinto-a rir de mim, presunçosa, cruel. Suas enormes garras traçam a linha do meu maxilar, como se ansiando para estraçalhar minha pele.

É quando tudo ao meu redor vibra como uma onda de choque violenta. Um zumbido ensurdecedor invade meus ouvidos e suspendo no ar com um espasmo. 

Ao longe, uma forte tempestade atinge seu ápice. Abro os olhos, mas tudo que vejo é uma luz cegante. Pares de mãos me seguram, mas não paro de me debater.

Grito, e três vozes saem da minha boca simultaneamente. Em pânico, alguém gruda um papelzinho em minha testa.

— Tombe como árvore e durma feito pedra.

A luz para de irradiar e despenco em um colchão macio. Contra minha vontade, meus olhos se fecham.

Quando acordo novamente, a pele da minha mão está formigando com um vapor quente e intercalado

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Quando acordo novamente, a pele da minha mão está formigando com um vapor quente e intercalado. 

Com certa dose de concentração, abro meus olhos e espero minha visão se ajustar.

Dou de cara com tábuas de madeira sustentando um colchão acima de mim. Estranho. Não durmo em beliches.

Ok, penso, Como é que eu vim parar aqui?

Repasso mentalmente tudo o que aconteceu recentemente. Lembro-me da Sra. Graça na sala de estar, conversando com Tia Amália.

É...Ela estava tentando convencer nossa Tia a... a....

Finalmente, me lembro. Íamos viajar. Mas para onde? Ela havia dito sobre um lugar seguindo para o Norte. 

Batemos o carro. Fomos atacados. E...e também...

A imagem do meu irmão se dissolvendo em poeira explode em minha cabeça como um trem desgovernado.

Levanto-me de supetão. Há um garoto ajoelhado ao meu lado, sua cabeça paralela ao meu braço. Seu cabelo louro cobre os olhos. Vagamente percebo que o vapor que sinto nas mãos é sua respiração.

Deduzo que deveria estar aqui para me vigiar, mas acabou pegando no sono. 

Preparo-me para levantar. O rapaz sobressalta-se e sou confrontado em um breve instante por seu par de olhos azul-elétrico, logo antes do mundo se desfocar diante dos meus olhos.

O garoto segura minhas bochechas com as duas mãos. 

— Devagar aí – murmura ele, meio grogue. 

Eu só penso em Éffie. Nada do que está acontecendo faz sentido. Isso tem que ser um sonho.

O mundo gira novamente e tudo escurece. 

O País das Crianças Perdidas - O Príncipe de ObumbratioOnde histórias criam vida. Descubra agora