Capítulo 15

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ETHAN

Oh, droga.

— Só pode estar de brincadeira! – Berra Maribel, colérica. – Um dia inteiro! Um dia inteiro jogado fora!

Ela xinga algo em nouzariano antigo. Algo bastante desagradável sobre as "áreas baixas" de T-jota.

— Sinto muito. – Soluça Breu. – O Theo disse que vocês ficariam superfelizes com uma luta.

— Ah, estamos mesmo! – O olho verde de Maribel treme num tique nervoso. – Estamos morrendo de alegria, não é, galera? – Ela se senta e afunda o rosto nas mãos. – Ai, não. Que desastre.

Maribel continua repetindo "não", balançando-se para frente e para trás. Breu, que também parece ser meio desequilibrado, abre o berreiro. Sean ainda encara céu. John reclama sobre o quanto essa missão é uma droga. Ellie tenta tirar mais alguma informação de Breu.

Essa confusão generalizada embaralha meu cérebro. Por impulso, grito:

— Por favor, parem de falar, meu cérebro tá fervendo!

Surpreendentemente, todos obedecem.

— Assim está melhor – digo. – Ok, vamos aos fatos. Saímos da rota, estamos a onze dias...

— Dez. – Corrige Sean.

—...de distância de Belo Horizonte, estamos no meio do mato e a polícia certamente está atrás de nós. Ok, poderia ter sido melhor, mas ainda estou otimista. E agora?

— Não podemos perder mais tempo aqui. - Maribel ergue-se num salto. - Precisamos caminhar.

— Agora que nossos rostos foram gravados, acho difícil passarmos despercebidos. – Concorda Ellie. – E também – ela aponta para Breu com o queixo –, o que faremos com ele?

— Nos livramos dele - diz John.

—Vocês vão me exorcizar? – Balbucia Breu, desesperado.

John saca a espada e dá um passo. Breu recua, assustado. Ponho-me no meio dos dois impulsivamente.

— Sai da frente. – Ordena John, frio.

— Me faça sair. – Devolvo. 

Ele olha em meus olhos e hesita. Um traço de tensão se forma em seus lábios e sobrancelhas.

— Quer que eu te corte em dois? – Dispara ele, sem muita confiança.

— Então será dois contra um. Patético.

John me olha com frieza.

— Está defendendo uma criatura?

— Estou. – Replico. – Ele é só uma criança, e mais nova que a gente, ainda por cima. Como pode ser tão cruel?

— Cruel? – Ri John. – Ele quem nos atacou, em primeiro lugar.

— Eu estava fora de controle. – Breu cobre o rosto com as mãos. – Não me machuquem, por favor.

Como John pode pensar em machucar alguém que está agora desarmado e indefeso?

Por fim, Ellie sugere uma votação. Nos entreolhamos. John não dará o braço a torcer. Tampouco eu. Essa deve ser a única saída para o impasse atual.

— Quem vota para que a criatura seja exterminada? – John vira-se para os outros. Breu encolhe-se atras de mim.

Ellie e Sean mantém suas mãos abaixadas. Porém, Maribel hesitantemente, ergue a dela. A mão de John também se levanta.

O País das Crianças Perdidas - O Príncipe de ObumbratioOnde histórias criam vida. Descubra agora