Capítulo 4

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ELLIE

Sou acordada logo cedo por Maribel. Somos levados ao Ginásio novamente, que agora está vazio. Ethan murmura, ainda sonolento.

— Por que não tem ninguém? – Pergunto, ao observar o lugar vazio.

— É sábado – suspira John, esfregando o rosto. – Só pode ser brincadeira.

Adam empurra todos para o meio do salão.

— Vamos recomeçar com o básico. Quero que vocês – ele aponta para Ethan e eu – tentem golpear a Maribel e o John.

— Como é? – Protesta Maribel.

— Eles mal sabem segurar uma espada – intervém John.

— Por isso vocês só poderão só desviar - justifica Adam, sentando-se nas escadas do meio do salão.

Lucy e ele trouxeram uma garrafinha suco de jabuticaba e copinhos. Eles o bebericam enquanto nos observam. 

Pego meu par de foices e fico pronta. Ethan empunha a sua adaga. Maribel se alonga e rapidamente se põe em defesa. John nem se mexe. 

Ethan está segurando sua arma na frente de Maribel, ponderando se deve atacar ou não.

— Pode atacar, Ethan – incentiva Maribel. – Eu consigo desviar.

Ele faz que sim com a cabeça, ainda indeciso, e traça um corte na direção dela, que se abaixa no mesmo instante.

— Essa foi boa. – Encoraja Maribel. Ethan corta novamente. - Continue assim!

Vou até John e o golpeio com uma das foices. Ele desvia com facilidade e ameaça um chute, mas Adam o lembra de não atacar de volta. John resmunga e retorna à posição, esperando meu segundo ataque. 

Corto o ar entre mim e ele, uma foice de cada vez. Ele parece doido para revidar.

Ficamos nessa por um tempo. Tento atingir John com várias foiçadas e alguns chutes e socos errantes que tentaram nos ensinar. Frustrada, jogo as foices no chão e começo a ofegar.

Meus batimentos cardíacos estão acelerados e meu rosto, vermelho de tanto calor.

Sinto um leve odor de queimado. Pressentindo o que está por vir, vou até Adam, tomo a garrafa de suco de suas mãos e a viro alguns goles garganta abaixo.

— Se estava com sede era só falar. - Reclama ele.

— Preciso de uma pausa. – Ofego, levando a mão ao meu ferimento na costela.

Ethan segue atacando Maribel, que desvia com giros e pulinhos, se divertindo com isso.

Algum tempo se passa e Adam inverte os papéis. Deixamos nossas lâminas nas escadas e passamos a desviar.

John dá um soco e me abaixo bem a tempo. Ele gira a perna em noventa graus e tento bloquear com o braço.

Maribel efetua uma sequência de três socos em Ethan. Ele esquiva de dois deles, o terceiro o acertando em cheio. Maribel se ajoelha ao seu lado, pedindo um milhão de desculpas. 

E assim se repete no dia seguinte. E no outro. E depois também. Após uma semana, estou quase 100% recuperada dos meus ferimentos  – o remédio de Maribel realmente serve para alguma coisa – o que melhora meu desempenho consideravelmente, também.

Adam permitiu que lutemos de verdade agora, não só atacando nem desviando.

Desvio por muito pouco de um soco de John e tento dar-lhe uma rasteira um tanto desengonçada, mas que o derruba de qualquer maneira. Só para garantir, pulo atrás dele e simulo um mata-leão em seu pescoço. Com cara de tédio, suspira.

O País das Crianças Perdidas - O Príncipe de ObumbratioOnde histórias criam vida. Descubra agora