cão e gato

243 28 28
                                    

Aquela bebida devia estar drogada, que porra aconteceu depois que bebi aquele veneno?

A última coisa que lembro é do cabelo de cenoura indo encher meu saco, depois disso é como se fossem flashes aleatórios. Todos eram imaginação, óbvio, nunca iria encher a boca com doces de um carro aleatório, eu nem como doce! Festa maluca, só me deu problemas e ainda fez eu acordar na casa do brócolis.

Devia ter dormido na rua em vez de passar por aquilo.

— Chegou peste? — A voz da velha ecoa pela casa pequena.

— Tô na rua ainda — Bato a porta com força.

Responder só seria pior, mas minha cabeça está latejando que só o caralho, quero de remédio e não ela na minha orelha.

Porém, querer não é poder.

— Tá achando que é quem pra me responder desse jeito? Perdeu a noção?

Ignoro.

Ando até o armário e vasculho em busca de algo útil, consigo ouvir os passos dela se aproximando rapidamente com aqueles saltos que fazem um barulho irritante quando batem contra o chão. Lá vem.

— Onde estava?

— Por aí

— Pirralho... — Ela bufa — Não destrua a Minha casa ou então eu acabo com você!

Pelo canto do olho a vejo abrindo a geladeira e pegando uma garrafa de soju, cachaceira dos infernos. Desisto de procurar algo e vou até meu quarto, fechando a porta e encostando a cadeira velha nela para não ficar abrindo.

A casa passou por uma reforma a meses atrás, mas o meu quarto continuou sendo no porão com a podridão de sempre, portas quase caindo, goteiras e uma parte da parede quebrada que anteriormente tinha uma janelinha com desenhos feitos por um eu criança.

Deito no futon, pelo menos tinha algo para dormir, tento relaxar contra o "colchão" fino e gelado, não tendo sucesso algum. Porra de treco ruim do cacete.

Tsc, bem que podia ter um sofá igual ao do cabelo de alface aqui...

Pelo menos tinha comido um pouco, mesmo que tenha sido só uma tigela de arroz e um daquele treco estranho, não teria que sair tão cedo para comer.

"Você pode ficar se quiser"

O que deu nele para falar aquilo do nada? Resolveu fazer caridade?

Não devia ser sério, e se fosse, ele só queria algo em troca, sempre querem.

— O que você acha, senhor jeans? — Me viro para meu pequeno companheiro.

Fiz ele quando era pequeno e ainda convivia com o Sr. Tsunagu; Seu cabelo era feito de tiras jeans pintadas com tinta amarela, a cabeça uma bola de tênis e os olhos dois círculos tortos feito com canetinhas de cores diferentes, o sorriso já estava sumindo e o restante do corpo era com os gravetos mais fortes que consegui achar, todos encobertos com pedaços de roupas jeans aleatórios que achava. Era feio e assustador, mas me lembrava dele e do quanto ele me fazia bem.

Esse boneco é minha única amizade desde dos meus 14 anos de idade.

— Ele está fingindo não está? Acha que vai conseguir algo a mais em troca...

Ela me vem à cabeça, oferecendo um carrinho novo enquanto deslizava a mão pela minha perna.

— Tsc.

Cubro o rosto com o braço, suspirando fundo e tentando ao máximo deixar a cabeça vazia.

...

Ele não parecia ter malícia no olhar quando falou aquilo, seu tom era manso e ele não parecia estar mentindo.

Verde é a nova cor do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora