Capítulo 2 Mariah

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A atmosfera da sala de reuniões mudou completamente quando aquela porta se abriu. E eu fiquei paralizada diante da pessoa que estava na minha frente.
Caramba, precisava falar daquele jeito olhando prá mim?
Não sentia aquele suor interno tinha uns bons anos.
Mais agora não era hora de ficar pensando essas coisas.
Respira fundo Mariah, concentre-se!
- Mariah Fonseca Braga, cursando o último ano em arquitetura, 28 anos, divorciada. - Eu ouço a voz firme de costas para mim, enquanto fechava a porta.
Que espécie de homem era aquele?
- Divorciada... - Ele pareceu divagar como se eu não estivesse lá.
Pensando rápido e tentando me livrar do peso que estava em meu corpo, eu decido me levantar e estendo a mão para aquele desconhecido.
- Prazer, senhor... - E eu fico com o braço estendido, aguardando ele se virar.
Que cena patética.
Ainda de costas prá mim, ele parece saber o que estou fazendo, e me manda sentar.
Isso mesmo. Ele me ordenou que sentasse.
E eu... Sentei.
Quando ele se virou não me encarou novamente, mais andou em minha direção.
Eu comecei a tremer, acho que daria para ouvir meus ossos se batendo dentro de mim.
Pensei... Ai meu Deus, ele vai sentar em cima de mim. Claro que eu estava louca, o Sr. misterioso deu a volta na minha cadeira, e sentou-se à minha frente, na ponta da mesa.
- Você sabe que a entrevista é para um estágio de curta duração?
Eu devo ter parecido uma retardada, pois fiquei muda olhando para ele, e simplesmente a minha fala desapareceu.
- Mariah?
- Ei! - Ele estala os dedos na minha frente, me tirando da espécie de transe em que me encontrava.
Que vergonha, eu pensei.
- Desculpe. - Eu digo praticamente sem voz.
- Você sabe que a entrevista é para um estágio de curta duração? - Ele insistiu na pergunta.
Tive q acordar no susto. Mais uma vez que ele tivesse de repetir a pergunta, eu tenho certeza que estaria sendo conduzida pelos seguranças para rua.
- Não me importo com o tempo curto, sr... - E levantei uma sobrancelha para tentar dessa vez saber com quem estava falando.
- Marcelo. - Ele responde firme.
Pois bem. Voltei para Terra. Agora era hora de me empenhar nessa entrevista, por mais estranha que ela tivesse começado.
- Acompanho o desenvolvimento da Nóbrega Fontes desde antes a faculdade. - Eu já consigo falar em um tom aceitável da minha voz.
- Soube que ela foi premiada como a melhor empresa para trabalhar no Brasil, e eu procuro uma empresa assim para concluir meu projeto de estágio.
Ele fica me olhando, e nem sequer percebo ele respirar.
Que cara intimidador credo.
Tentei ignorar aquela postura, e comecei a falar sem parar.
Citei alguns projetos que participo na faculdade, o que espero do mercado quando me formar, enfim... tentei vender meu peixe para aquele cara lindo, só que desconhecido.
Acho que falei por uns 10 minutos sem parar. E aquele homem não esboçava nenhum movimento.
- Mariah, procuro um estagiário para me auxiliar na diretoria operacional durante o período de licença maternidade da diretora. Essa pessoa estará ligada diretamente a presidência, ou seja, deverá ficar completamente a minha disposição.
Caralho! Eu nem percebi que ele era o presidente, que burra!!!!!!
Tentando esconder a minha constatação, tento ser o mais natural possível.
- O Sr. é... olhei para ele na esperança que ele completasse a frase.
Ele parece achar engraçado, sorri e me responde.
- Eu sou o presidente Mariah. Marcelo Nóbrega Fontes.
E novamente aqueles olhos verdes me fuzilaram.
Respirei fundo, e dessa vez resolvi retribuir o olhar na mesma intensidade.
Se ele queria me desestabilizar, iria provar do próprio veneno.
- Compreendo Sr., e quais os requisitos que devo ter para ocupar a vaga?
Bingo! Ele não esperava por essa, e desviou o olhar. Ponto para Mari, uhuuuuuuuuhhhh!!!!
- Farei algumas considerações no seu currículo, e o RH retornará para você com uma resposta. - Diz ele, agora olhando para a tela do smartphone.
Aquele silêncio pesado e desagradável tomou conta da sala, e me levantei para sair.
- Agradeço a oportunidade Sr. Marcelo.
Ele levantou os olhos, dessa vez me olhando como se eu fosse transparente. Me saudou com a cabeça, e eu com as pernas parecendo gelatina, saí em direção a recepção.
Foi a experiência mais estranha que vivi nos últimos anos.
Senti um misto de alívio e consternação quando sai de lá.
Agradeci a recepcionista e fui embora.
Preciso de uma taça extra de vinho, e um banho demorado pra ver se consigo esquecer essa coisa estranha que eu não sei como explicar.

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