Capítulo 22 Marcelo

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Parece que um tornado passou por mim. A sensação que tenho é de que vivi dez anos em dois dias.
Estamos indo para o meu apartamento, sim... Eu e Mariah estamos indo juntos para minha, nossa casa á partir de hoje. Ela ainda não sabe disso, mas em breve vai descobrir.

- Má! O que foi?

- Nada amor, só estou pensando longe...

- É a bebê? Ela vai ficar bem Má.

- Não Mariah, é tudo isso acontecendo de uma vez. A cabeça funciona sem parar. Não consigo um fôlego.

- Tudo vai acabar bem. Você vai conseguir.

Seguimos o restante do trajeto em silêncio, apenas com a mão dela em minha perna enquanto dirigia. Após nos instalarmos em casa, eu iria abordar o assunto "novo apartamento da Mariah". Esta idéia não me agradava nada.

Assim que chegamos, ela logo foi preparar um banho para nós, e essa era a deixa.

- Mariah, precisamos conversar.

Ela já me olhou com reprovação.

- Se for sobre o que estou imaginando, acho bom não ter esta conversa agora. Não é o momento Marcelo.

- Uma hora vai ter que ser Mariah, e a hora é agora. Quero que me explique sobre esse apartamento.

- Primeiro que não existe "esse apartamento". É o meu apartamento, a minha casa, o meu canto!

- Quando iria me contar?

- Marcelo estávamos separados, tanto nosso início, quanto a nossa reconciliação foram turbulentos. É claro que você iria saber, apenas não tive oportunidade para te contar. E qual é o problema em eu ter a minha própria casa?

- Problema não haveria se você fosse solteira. Agora você é minha mulher, estamos juntos, o seu lugar é aqui comigo.

- Eu falei que agora não era o momento prá isso justamente porque sei que não entraremos em acordo. Sempre quis o meu próprio canto, eu quero ter um lugar só meu, não vejo um problema nisso, e nós combinamos ir devagar. Poxa, você quer sempre atropelar tudo e todos Marcelo!

Mariah á medida que falava, ia ficando mais nervosa. Uma discussão agora não seria nada bom.

- Amor não quero passar por cima de nada nem ninguém, muito menos de você. Apenas acho desnecessário isso tudo. Quero que fique aqui comigo, que vivamos juntos aqui, e em breve com a Olívia também.

- Você sabe que sempre estarei ao seu lado, mas quero dar continuidade à reforma do apartamento, concluir a faculdade, e eu espero o seu apoio.

A faculdade... Era outro problema à ser resolvido. Faculdade implicava em Frederico, e isso não me cheirava bem.
Devo ter feito uma expressão bem feia, pois sua reação foi imediata.

- Agora vai implicar até com a faculdade? Estou te desconhecendo Marcelo.

- Jamais quis atrapalhar seus estudos, mas cá entre nós, é uma situação bem delicada, pois aquele verme estuda lá não é mesmo?

- Olha, sem paranóia ok?! Não aconteceu nada entre nós na Bahia, eu nunca faria algo do tipo com você antes, agora então é que não farei mesmo. Frederico para mim nunca foi e nunca irá significar nada. E agora se você não se importa, quero mudar de assunto. Não vamos mesmo chegar em um acordo tão rápido, e não quero me desgastar com você hoje.

Contra a minha vontade, paramos o assunto, mas deixei bem claro que nossa conversa não estava em definitivo encerrada.

- Tudo bem por hora Mariah. Eu também não quero brigar, mas ainda teremos muito o que conversar.

O clima para o banho havia acabado, e cada um tomou o seu em silêncio; sendo que este se estendeu até pegarmos no sono. Rolou apenas um boa noite mau-humorado de ambos.

~

Ainda estava escuro quando acordei. Mariah dormia tranquila ao meu lado; nem parecia que por trás daquele rosto delicado, se escondia uma mulher firme, de opinião forte e temperamento pra lá de apimentado.
Deixo ela dormindo e vou até a sacada. A leve brisa que estava se formando trazia uma sensação de paz, de recomeço. Aliás, não deixa de ser um recomeço hoje. Tenho que reassumir a construtora agora sem minha irmã ao meu lado, criar minha sobrinha com todas as responsabilidades de um pai, e fortalecer o meu relacionamento com a mulher que eu amo.

Respiro fundo, ganho forças prá enfrentar tudo isso, e início esta nova fase da minha vida.

Quando volto pro quarto, ela ainda está dormindo, mas seu corpo escultural é um convite irrecusável. Volto a me deitar e a abraço por trás. Meu pau já fica duro e pulsante, o cheiro de sua pele me hipnotiza, e o calor de seu corpo age como um imã atraindo o meu.
Ela se encaixa perfeitamente em mim, e não resisto. Começo a beijar suavemente seu pescoço, agora acredito que já esteja acordada, mas ela não se manifesta.

-Acorda gostosa, acorda meu amor...

- Hummm que horas são?

- Deve ser umas 5:30 amor.

- Nossa Má, muito cedo ainda. Vem dormir vai. Fica aqui pertinho de mim.

- Eu quero você gostosa, perdi o sono.

- Está muito cedo prá você me querer. Fica quietinho aqui que o sono volta.

Não adianta mesmo né?! Quando já temos o que queremos, certas coisas ficam para depois. Por que as mulheres são sempre assim?

- Dorme Mariah.

Ela nem respondeu, já estava no sono profundo novamente ao meu lado.
E eu... Fiquei de pau duro á toa... Mulheres!!!!

Quando enfim amanheceu transamos no chuveiro como dois adolescentes, Mariah quando está acordada é outra pessoa!
Nada como uma noite de sono, e o dia seguinte para amenizar qualquer situação da noite anterior.
Tomamos nosso café, liguei para vovó á respeito de Olívia, e como era esperado, tudo correu bem nessa primeira noite.

- Amor, deu tudo certo com a enfermeira, Olívia está bem. Agora preciso ir para a construtora. Vem comigo?

- Má não posso. Tenho alguns assuntos para resolver. Me deixe em casa, vamos nos falando durante o dia.

- Mariah falando sério, preciso que volte para a empresa. Agora mais do que nunca preciso de você lá.

- Tudo bem, você venceu. Eu volto, mas essa semana "chefe", eu não consigo. Tenho projeto na faculdade, uma série de coisas para resolver, e uma obra para tocar.

O maldito apartamento reaparece. Decido ignorar por enquanto. Ainda vou pensar em algo com relação a isso. Se eu disser qualquer coisa á respeito agora vou causar uma discussão á toa. Não posso estragar tudo, justo no momento em que ela topa voltar para a empresa.

- Tudo bem amor. Você retorna na próxima semana. Acho que esses dias eu e a Helena conseguimos segurar sem você. Vamos nos apressar, não quero chegar muito tarde na construtora.

Saímos de casa, a deixei nos seus pais, e segui para o escritório.
Assim que cheguei alguns funcionários vieram prestar condolências; o clima em toda a empresa era de tristeza, e realmente a falta que minha irmã faria a todos ainda estava longe de se tornar apenas uma boa lembrança.

Helena já me aguardava na presidência, e nos emocionamos quando nos vimos.

- Vai ser difícil meu querido, mas estaremos juntos. Ela sempre estará conosco.

- Obrigada Helena. Hoje não será um dia fácil para ninguém, mas temos que acreditar que o dia seguinte sempre será melhor.

Nos abraçamos e antes de seguir para meu gabinete pedi que fosse convocada uma reunião com toda a diretoria.

Agora não tocarei a empresa somente em nome de meus pais e em gratidão ao meu avô, mas farei isso também pela Lígia, e para deixar um legado a Olívia.

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