Capítulo 29 Mariah

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Saímos da casa dos meus pais, Marcelo parecia ter uma nuvem carregada em cima da sua cabeça. Ficou o tempo todo em silêncio.

- Não vai me dizer o que aconteceu?

- Vou. Quando chegarmos em casa precisamos conversar.

O percurso não era tão longo assim, mas tinha trânsito, e aquela demora estava me deixando irritada.

Tentei mudar de assunto para ver se ele se animava, não adiantou nada.

- Ai Marcelo, você está me deixando nervosa. Fala logo o que aconteceu.

- Em casa Mariah. Já estamos perto.

Fizemos o restante do percurso em silêncio, e quinze minutos depois chegamos.

- Pronto, já estamos em casa. Agora trate de falar de vez.

- Mari, não quero que fique nervosa, nem com medo. Vamos resolver essa situação da melhor forma, e o mais rápido possível ok?!

- Que situação Marcelo? Eu já estou nervosa com isso!

Ele tirou do bolso do paletó um envelope preto.

- Abra.

Quando abri, minha única reação ao ver aquelas fotografias minhas e da minha família foi chorar.

- O que... O que é... Quem...

- Calma amor. Recebi hoje isso na empresa. Tem um bilhete também.
Trata-se de uma ameaça.

- Ameaça? De quem Marcelo? Meu Deus! Olha isso, são meus pais saindo de casa! Você consegue entender que isso é muito grave?

- Sim Mariah, estou tomando providências, e enquanto isso você ficará o maior tempo possível ao meu lado, entendeu?

- E meus pais? Meu irmão? Marcelo não vou me perdoar se algo acontecer com qualquer um deles.

- Acabei de pensar uma coisa, acho que ganharemos tempo, e seus pais ficarão em segurança. Você me disse que seu pai não administra mais a empresa, então eles podem viajar. Vamos providenciar essa viagem, escolha o destino e amanhã mesmo eles podem embarcar.

- Como vou convencê-los? Sem dizer a verdade não tenho motivos para bancar uma viagem prá eles.

- Você vai dizer que eu havia planejado essa viagem para nós antes de tudo acontecer. Como esse não é o melhor momento, nós resolvemos presenteá-los.

- É, se dissermos isso acho que eles topariam. E o meu irmão?

- Para ele teremos que dizer a verdade amor. Eu consigo providenciar segurança para todos vocês, mas é importante que ele saiba o risco que corre.

Tudo isso parecia uma piada. De repente viramos reféns de alguém que nem ao menos sabemos quem é, nem por qual motivo.

Choro só de pensar que isso tudo pode não acabar bem.

- Shhhh, calma Mari. Aqui você está segura comigo. Isso vai passar. Eu prometo que vai dar tudo certo. Eu amo você!

- Você faz idéia de quem seja?

- Tenho uma forte desconfiava, tipo 99% de certeza de que é aquele verme do Frederico.

Fico espantada, mas os argumentos que Marcelo me apresentou, nos leva direto ao Fred.

- Vou conversar com ele Marcelo. Encontro-o na faculdade, vou tirar essa história á limpo.

- Você não vai nada dona Mariah! Te proíbo de falar com ele, entendeu? Aliás, você deveria se afastar um pouco da faculdade. Converse com seus professores, explique que terá que se ausentar por um tempo, pelo menos até encontrarmos uma maneira de acabar com isso.

Marcelo tinha razão, é arriscado ficar até tarde na faculdade sem proteção nenhuma, inclusive se for mesmo o Fred. Ele tem fácil acesso aos meus horários lá. Não sei como resolver essa questão da faculdade, e não vou fritar agora com isso. No momento é a segurança dos meus pais que está em jogo.

- Para onde poderíamos mandá-los?

- Eles podem ir para Argentina por exemplo. É fora do Brasil, mais não tão longe, e Buenos Aires, ou até mesmo Bariloche são roteiros românticos, eles não vão desconfiar.

- Quero eles longe daqui o quanto antes Marcelo. Por favor vamos apressar isso. Vamos também conversar com meu irmão.

- Sim Mari, vamos providenciar tudo isso amanhã. Peça que seu irmão nos encontre na construtora. Amanhã e todos os outros dias você ficará comigo lá.

Assenti com a cabeça. Ligo para meu irmão, tento disfarçar meu nervosismo, e combino com ele  de nos encontrar na construtora pela manhã.

- Vem amor, preparei um banho prá você, já falei nos meus avós, tudo bem com eles e Olívia, e já pedi uma comida leve por telefone. Tente relaxar, tudo ficará bem.

Marcelo beija minha testa, e faço tudo como se estivesse ligada em modo automático. Tomo um remédio calmante, e tudo o que eu mais quero é dormir para descobrir que isso não passa de um sonho ruim.

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