Capítulo 9 Mariah

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Estava absorvida por tudo que aconteceu nesses últimos três dias. Definir em poucas palavras era impossível. E mesmo estando completamente fora dos meu planos, Marcelo de uma certa forma me fez acordar.

Saí do coquetel e segui direto prá casa.
Fiquei animada quando cheguei e vi o carro do Quinho estacionado na garagem. Quando entrei em casa todos estavam na sala.
- Oi família! Que bom ver todos reunidos. Qual a comemoração?
- Nossa filha, não te vejo direito tem quase dois dias. - Minha mãe fala enquanto beijo meu irmão.
- Ai mamãe, nem me fale. Esses últimos dias tem sido uma loucura mesmo, e não para por aí. Amanhã estou embarcando para Bahia. Vou acompanhar a premiação da construtora. Vou no lugar da irmã do presidente que está grávida.
-Aí sim hein Mari. Aproveita prá tomar um sol, porque você está parecendo uma lagartixa.
Tinha que ser o Quinho mesmo.
- É pra eu dar risada agora ou mais tarde? - Eu falo.
- Mari até parece que você não conhece seu irmão?! ...Sei que tem algo além da premiação. Paty me ligou... Ai de você, se não me contar todos os detalhes. - Roberta fala enquanto me beija. Essa parte sobre a viagem ela fala bem baixinho.
Dou um sorriso e digo que conversaremos quando eu voltar da viagem.

Tomo uma taça de vinho na sala com eles, conversamos sobre as obras do apartamento, mas agora era hora de arrumar minhas coisas.
- Gente, me perdoem, ainda tenho que arrumar minha mala. Embarco amanhã pela manhã, e estou morta de cansada. Beijos, e eu amo vocês.
Todos se despedem, e eu vou para o meu quarto.

Planejo mentalmente o que vou levar enquanto tomo banho.
Para o baile, separei um vestido longo azul marinho, com as costas toda em tule no mesmo tom da minha pele. Esse vestido é incrível. Acho que o Marcelo vai gostar. Separei também os grampos que vou usar nos cabelos. Eles vão ser presos de lado, para que esse detalhe marcante do meu vestido apareça.
Hoje comprei dois biquínis perfeitos. Tenho busto suficiente para usar um tomara-que-caia, e a parte de baixo é bem pequena, porém decente. Acabei trazendo os dois do mesmo modelo, apenas com o tecido diferente.
Mala pronta, banho tomado, agora é hora de dormir.

~

Acordei bem cedo, quero me arrumar com calma, e tomar café com meus pais.
Opto por vestir uma calça jeans reta, saltos e uma blusa mais solta. Look correto para viajar.

Desço até a cozinha e papai já está lá preparando meu achocolatado. Ainda tem um tempo até o motorista chegar. Converso com ele sobre o prêmio que a construtora vai receber.
Mamãe chega logo depois, e nós três tomamos o café da manhã juntos.

- Mari, padre Geraldo perguntou de você. Disse que você nunca mais foi visitá-lo.
Padre Geraldo é um grande amigo da nossa família. Gosto de me aconselhar com ele. Sinto uma paz de espírito quando vou visitá-lo.
- Mamãe, caso o encontre, diga que vou aparecer em breve. Explique a ele que encontrei um estágio, e estou tentando colocar meus horários em ordem. Por favor.
- Eu digo sim filha.
- Mariah, estou achando você tão diferente. Aconteceu mais alguma coisa? - Meu pai questiona.
- Nada papai. Só estou feliz.
Ele me abraça, e diz que a minha felicidade é a dele.
- Te amo papai.
- Eu mais princesa.

Ouço a buzina, deve ser o motorista.
- Termine seu café Mari, vou olhar a porta. - Diz mamãe enquanto anda pelo corredor.

De repente, ouço uma voz conhecida. Era ele conversando com a minha mãe. Entrando na minha casa.
- Filha, esse rapaz veio buscar você. Sente-se... É Marcelo né?
- Obrigada dona Regina. Por favor não se incomode comigo. O senhor deve ser o pai da Mariah, correto? Sr. Joel.
- Sim. E você é...?
- Ah, desculpe. Marcelo Nóbrega Fontes. Mariah trabalha na cons...
- Você é o presidente da empresa. - Meu pai fala antes que Marcelo consiga terminar a palavra.
- E veio pessoalmente buscar minha filha?
Eu fico colada na cadeira olhando para os dois.
- Isso senhor. Mariah vai me acompanhar até a Bahia. Vamos receber um prêmio, e como ela está tecnicamente no lugar da minha irmã grávida, preciso que me acompanhe.
Meu pai olha na minha direção. Não consigo nem piscar.

- Bom dia Marcelo. Não precisava ter vindo pessoalmente me buscar.
- Bom dia Mariah, não foi trabalhoso. Afinal sua casa é caminho do aeroporto. Eu passaria por aqui de qualquer forma mesmo.
- Sente-se Marcelo. Você toma café? - Meu pai pergunta.
- Sr. Joel, não se preocupe comigo. Não quero atrapalhar o café da manhã de vocês.
- Você não atrapalha Marcelo. Por favor. - Mamãe indica a cadeira ao meu lado para que ele se sente.

A cozinha fica em silêncio, e eu em pânico sem saber o que fazer.
Papai puxa assunto para descontrair a tensão.
- Para que horas é o vôo?
- Ás 10:00 Sr. Joel. Resolvi passar aqui mais cedo, porque achei que a Mariah quisesse tomar um café antes de embarcar. Desculpe, não sabia que você estaria fazendo isso com a sua família. - Ele fala agora me olhando.
- Tudo bem. - Eu respondo.

Por baixo da mesa ele pega na minha mão e aperta forte.
Quero entender o que de fato ele está fazendo na minha casa.

- Vocês estão bem adiantados. Dá tempo da Mariah terminar o dela. - Papai responde e volta a comer suas torradas.

Não sei como consigo terminar meu achocolatado e meu pão. Meu estômago parecia ter dado um nó.
- Vamos Marcelo. - Falo levantando da cadeira.
- Sim Mariah. O motorista nos espera.

Nós quatro saímos da cozinha e vamos em direção à porta da frente.
- Boa viagem filha. Tome cuidado. Ligue por favor quando chegar. - Mamãe fala me abraçando.
- Sim. Eu ligo mamãe.
- Boa viagem princesa.
- Obrigada papai.
- Sr. Joel, dona Regina, até breve. - Marcelo os saúda.
- Tenha juízo. - Foram as únicas palavras do meu pai para Marcelo.
O motorista ajeita minhas coisas no carro, e partimos em direção ao aeroporto.

Dentro do carro, Marcelo tenta me beijar.
- Não! Você realmente desconhece o significado de ir com calma. Por que fez isso hoje? Por que criou essa situação com meus pais?
- Mariah, eu não fiz absolutamente nada. Passei aqui com o motorista, você sabe que está no meio do caminho para o aeroporto. Eu apenas desci do carro quando vi a porta abrir, e achei que fosse você. Sua mãe foi extremamente simpática, e talvez tenha percebido que eu não era o motorista, que eu seria seu parceiro de viagem. Acredito que ela me convidou para entrar por educação. Poxa, como você é difícil ás vezes. Pare de achar o pior de mim.

Acho que peguei pesado mesmo. Mamãe sempre faz isso. Gosta de receber bem as pessoas, mesmo que ela não conheça. É claro que daí ele se aproveitou da situação, mais fui realmente um pouco dura agora.

- Tá bem. Desculpe. Estou sendo rude com você. Mamãe tem mesmo o hábito de receber bem as pessoas.

- Vem cá linda, esquece isso. Vamos aproveitar o dia hoje. Quero você dessa vez sem pressa, inteirinha prá mim.

Fizemos check-in na companhia aérea, e embarcamos rumo á Bahia.
Não sou muito fã de avião, portanto, sempre procuro dormir quando preciso voar. Encosto na poltrona e Marcelo fica acariciando meus cabelos até que eu consiga relaxar e pegar no sono.

Acordo quando o piloto avisa que dentro de 10 minutos aterrizaremos.
Olho para Marcelo, e ele parece perdido em seus pensamentos.
Fico observando ele, e milhares de coisas vêm na minha cabeça. Coisas do tipo... O que será que vai acontecer durante esses 4 meses. Será que ele é bem humorado quando acorda? Será que ele ronca? Será que ele gosta de criança? Será que ele sabe dirigir bem? Será que ele tem xulé?
Ahhhhh, chega Mariah, você só pensa asneiras. - Falo em pensamento para eu mesma.

Me movimento na poltrona, e ele sai de seus pensamentos.
- Está bem linda? Já já pousaremos.
- Sim, acordei quando o piloto informou que estávamos próximos.
Ele me dá um beijo carinhoso na testa.

Ouvimos as últimas instruções do piloto para colocarmos os cintos, em breve estaríamos em terra firme.

Desembarcamos no aeroporto internacional de Salvador, e lá um outro carro já nos aguardava.
Seguimos para o resort. O trajeto durou cerca de 1 hora. Assim que chegamos, me deparei com um lugar paradisíaco.

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