Capítulo 3 Mariah

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Peguei um táxi na saída da construtora. Estava me sentindo estranha, um frio na barriga que não passava. Segui direto para casa. Hoje não estava animada para ir á aula mais tarde.
Para meu alívio, papai e mamãe foram visitar o orfanato em que somos todos voluntários. A casa estava vazia, e apenas meus pensamentos tomavam minha atenção.
Aquela entrevista foi um desastre. Aquele homem parecia querer me devorar, e o pior..., eu quis que ele me devorasse.
Agora era esperar um retorno do RH.
Abri um vinho, enchi a taça e fui para meu quarto. No banho eu com certeza iria relaxar.
Assim que saí do banho, meu telefone piscava uma luz indicando ter recebido um e-mail. Era da Nóbrega Fontes.
O e-mail informava que eu havia sido escolhida, e como tratava-se de uma contratação emergencial, eu deveria me apresentar amanhã mesmo na construtora.
Cacete!
Eu até considerei a possibilidade de ser escolhida, mas não imaginei que seria assim tão rápido.
Confirmei o recebimento do e-mail e deitei na cama. Comecei a planejar meus horários mentalmente. Tinha que conciliar a faculdade com o estágio.
Nem percebi, mas acabei pegando no sono, e quando acordei já eram sete da noite.
Meus pais já haviam chegado, e estavam conversando na cozinha enquanto minha mãe preparava o jantar.
Me juntei a eles, contei sobre o apartamento, e a novidade do estágio. Acabamos brindando com o vinho que eu já havia aberto.
Enquanto o jantar não saía, aproveitei pra ligar para Paty.
- Patrícia. - Ela fala assim que atende. Não sei porque a Paty atende o telefone toda vez assim, mesmo sabendo que sou eu. Será que é moda entre os ricos?
- Oi Patrícia, tudo bem? - Eu falo e começo a rir. Apesar dela atender o telefone toda séria, odeia que eu a chame pelo nome inteiro.
- Sabe que eu detesto ser chamada assim Mari!
Continuo a rir, mas não me estendo muito nesse assunto, porque ela fica possessa toda vez.
- Amiga tenho novidades. Fui aceita para o estágio na Nóbrega Fontes. - Eu falo toda empolgada.
- Parabéns Mari! Me conta como foi. Tinha muitos candidatos, eu sabia que você iria conseguir... - Fala Paty sem parar, quase me deixando tonta.
- Foi uma entrevista, não havia outros candidatos. Vou trabalhar na diretoria operacional, auxiliando o presidente.
Devo ter entonado a palavra "presidente" diferente, porque a Paty logo me cortou.
- Você conheceu o presidente logo de cara?
- Sim. Tem um nome forte. Marcelo Nóbrega Fontes.
Paty fica muda por alguns segundos até falar algo.
- Poxa Mari, agora você falando, juntei o nome à pessoa. Conheço o Marcelo. Nem me lembrava que ele é o CEO da construtora.
- Muito minha amiga você né dona Patrícia?!
- Por que? Você gostou dele Mariah? Não acredito! Como não percebi isso antes? Amiga! Ele é um gato mesmo né?!
Paty conseguia falar tanta coisa ao mesmo tempo, que nem eu sendo sua amiga há anos, às vezes não conseguia acompanhar o ritmo dela.
- Calma Paty! - Eu a interrompo. Era capaz dela já começar a planejar meu casamento, de tanto que ela falava.
- Achei ele estranho, frio, autoritário. Nossa entrevista foi um tanto desconfortável, mas devo ter me saído bem. Afinal eu fui a eleita.
- Quero saber se você achou ele bonito Mari.
- Ai não sei Paty, não pensei nisso. E você sabe que homens não estão no topo da minha lista de prioridades.
- Tonta! Ele é gato sim. É sempre assunto nas rodas femininas das festas que frequento. A mulherada só falta sair no tapa por ele.
Sinto uma coisa estranha quando ouço aquilo.
- Mas ele nunca está acompanhado. É muito cordial com todos, mas parece solitário. - Diz Paty.
Eu mesmo não querendo, fiquei com vontade de saber mais. Se a Paty desconfiar que estou curiosa, vai ser o meu fim.
Achei melhor mudar de assunto. Comecei a falar das obras no apartamento, e que na próxima semana queria ir ver tecidos para as cortinas, e combinamos irmos juntas. Logo nos despedimos, preciso jantar logo e dormir. Amanhã às 8:00 devo me apresentar na construtora.

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