Capítulo 17 Mariah

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A Segunda amanheceu chuvosa, escura, assim como a minha alma.
Paty entra no quarto com o meu café, e já vai falando sem me dar tempo para pensar.
- Bom dia gatona, hoje vamos sair desta cama, respirar um pouco fora desse quarto, e entender que seguir em frente é preciso.

- Amiga, acho que terei que viver pelo menos mais umas dez vidas para poder ser evoluída assim como você. -Eu falo a admirando.

- Todos nós podemos evoluir ao longo desta vida minha linda, basta apenas querer. Hoje o "x" da questão não é lamentar-se pelo o que aconteceu, mas sim cultivar o que foi bom. Pense nisso.

- Na teoria é fácil falar Paty, o difícil é seguir.

- Gatona, não vou bancar a advogada aqui, mas posso ser a vidente do momento... Ele vai te procurar, você vai ser durona, mas vai aceitá-lo, e sabe por quê? Porque vocês já se amam, e isso não tem como mudar.

Meus olhos ficam marejados, mas não me permitirei chorar mais. Não quero ao meu lado uma pessoa que não confia em mim. Vivi estes últimos anos sozinha, e é assim que continuarei.

- Está doendo muito Paty. O Marcelo foi egoísta comigo à partir do momento em que pensou que só ele iria sofrer com tudo isso. Ele foi um
babaca.

- Gata garota, e qual homem não é?!

Rimos do bom humor matinal da Paty, e após o café decidi que era hora de voltar para casa e recomeçar de onde havia parado uma semana atrás.

- Amiga obrigada pelo apoio, e por toda a dedicação. Sei que posso sempre contar com você!

Abraço forte Paty, e me despeço rumo à casa dos meus pais. Encarar a realidade era difícil, porém necessário.

Assim que cheguei encontrei com a mamãe e tive que fazer um esforço enorme para não chorar.
Expliquei por alto que havia tido problemas na viagem, e que não iria mais voltar para a construtora.

Minha mãe percebeu que os problemas não eram profissionais, mas como sempre muito elegante; deixou para que eu contasse tudo no momento certo. Claro que não era este o momento adequado, por isso fui direto para meu quarto. Lá eu sabia que de alguma forma estava segura; era o meu universo particular, onde com certeza eu ficaria bem.

Almocei com meus pais em silêncio. A essa altura mamãe já havia conversado com papai, deixando claro que ele não deveria tocar no assunto ao menos que eu desse espaço para isso.

Tirei o resto da tarde para reorganizar minha semana na faculdade, e assim poder seguir para a aula mais tarde. Minha cabeça não estava boa para isso, mas encontrar a turma parecia ser uma idéia bacana, o que iria me distrair um pouco, e quem sabe fazer com que eu não pensasse em Marcelo por algumas horas.

Encontrei Paty e os demais na entrada do prédio onde estudo e o clima foi de descontração. Não sei se foi por sorte, ou por alguma providência tomada pela minha amiga, mas ninguém tocou no nome dele, e eu realmente pude respirar mais leve esta noite.

~

No dia seguinte recebi a ligação de Lígia querendo saber como eu estava
e claro, mais uma vez me pedir que reavaliasse minha decisão em não voltar mais à construtora.

- Lígia, o que está me pedindo é fora de questão. Sinto muito ter atrapalhado seus planos, mas terá que encontrar outra estagiária para o seu lugar. Você sabe que eu tive afinidade por você desde o primeiro momento, e quero guardar pra sempre essa amizade que estamos construindo, mas dividir o mesmo espaço que o Marcelo depois de tudo o que aconteceu é demais para mim.

- Eu confesso que neste momento estou com raiva de vocês dois Mariah, pois são dois cabeças duras. Mas por outro lado entendo você, e até concordo. Só falei, pois não custa tentar dar uma ajuda ao destino né?!

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