capítulo 11

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Eu estava certa. Apesar das promessas na noite anterior, minha mãe não ficou muito contente ao descobrir que o que eu queria fazer no sábado era dormir na casa da Rose.

- Ah, querida - ela disse quando levantei o assunto. Eram apenas nove da manhã, mas ela já soava exausta. - Acho que não. A semana já foi longa,e eu nem conheço essa garota.

- Mas ela já até dormiu aqui uma vez - relembrei na esperança de apelar para seu senso de boas maneiras e contratos sociais. - Duas noites,na verdade.

- A situação era diferente - ela rebateu enquanto se servia de mais café. - Você estava aqui, e Gray estava junto.

O que com certeza tornava tudo muito mais seguro, pensei. Mas era claro que ela achava isso mesmo. Me perguntei se ele também era fisicamente diferente aos olhos dela, com traços completamente outros, já que o enxergávamos de maneiras tão opostas.

- Fiquei em casa ontem à noite, como você pediu. Você tinha dito que hoje o dia era meu pra fazer o que quisesse.

- Quis dizer um programa como ir ao cinema ou almoçar fora, não sumir a noite inteira na casa de uma estranha.

- Mãe, é do outro lado da cidade, não na Terra do Nunca.

Ela fechou a cara e olhou para o meu pai, que se debruçava sobre seu pratão usual de bacon e ovos enquanto lia o caderno de esportes.

- Jaybum? Você pode dar sua opinião?

- Claro - ele disse, recostando na cadeira e limpando a mão num guardanapo. - Sobre o quê?

- Jennie quer passar a noite na casa de sua amiga Rose hoje.

Meu pai olhou para mim, depois para a minha mãe; era evidente que tentava descobrir qual era a questão. Como sempre, me admirava com sua capacidade de estar literalmente no meio de uma conversa e ainda assim não captar nada.

- E o problema é...? - ele quis saber.

- Que não conhecemos essa garota? Nem a família dela?

- E não podemos conhecer?

Minha mãe olhou pra mim, como se essa perspectiva fosse murchar meu entusiasmo.

- Claro que podem - eu disse. - Os pais dela têm uma pizzaria perto da escola. Com certeza vão abrir para o almoço, e o pai dela quase sempre está lá.

Levar minha mãe na Seaside era prova do tamanho do meu desespero.

Mas não se tratava apenas de conseguir o que eu queria. As palavras que eu a ouvi dizer a Gray na noite anterior ainda estavam na minha cabeça. Não havia muito que ela pudesse fazer pra conhecer melhor o mundo de Jay. Então talvez eu pudesse lhe mostrar um pouquinho do meu.

Três horas depois, lá estava eu no assento do passageiro do utilitário esportivo da minha mãe procurando uma vaga para estacionar. Meu pai tinha ido jogar raquetebol, então fomos só nós duas, e eu estava estranhamente nervosa, como se aquilo fosse uma espécie de teste em que eu tinha que passar. Ela desligou o motor e baixou o quebra-sol para conferir o batom.

- Está com fome? - perguntou.

- Demais - respondi. - A pizza daqui é ótima.

Lá dentro, vi Jungkook atrás do balcão, de camiseta da Seaside e calça jeans,passando molho num disco de massa cru. Pela primeira vez consegui ver sua correntinha de prata inteira e notei que tinha um pingente circular,parecido com uma moeda, embora fosse difícil dizer de longe.

- Oi - ele disse. - Rose falou que você talvez aparecesse.

- Ela está por aí?

- A caminho. Uns cinco minutos.

Os Bons Segredos (JenKook )Onde histórias criam vida. Descubra agora