capítulo 26

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Maratona 6/6
Até amanhã

-As meninas ainda estão dormindo... -Clara  alertou, mordiscando o lóbulo da orelha de Helena  enquanto seus braços cincurdavam o corpo nu da garota. As duas haviam decidido tomar banho nuas em um rio no Novo México pela manhã.

-Pare de ser safada assim. -Helena  disse rindo, chupando o lábio inferior de Clara . -Eu já disse que não.

-Chata! -Clara  disse colocando um bico adorável em seus lábios.

-Imagina se uma bactéria ou bichinho entra em mim bem na hora. -Helena  disse, realmente temerosa. Clara  gargalhou alto ao ouvir aquilo.

-Não acredito, Helena  Andrade!

-Não ria de mim. -Helena  exigiu, jogando água no rosto de Clara  ao se afastar.

-Você está falando sério que está negando uma deliciosa transa matinal por medo bobo?-Clara  ainda ria.

-Não é bobo. As pessoas costumam fazer xixi nessas águas. Se fossem limpas o suficiente beberíamos dela. Helena  disse cruzando seus braços. -Então você não vai enfiar seus dedos tarados dentro de mim enquanto estivermos nessa água e não permitirel que a sua vagina se contamine. Depois eu não poderei desfrutar, caso aconteça.

-Helena ... -Clara  não aguentava de tanto rir. Helena  estava realmente aferrada a tal ideia, o que fez Clara  achar muito fofo seu jeitinho medroso.

-Não ria! -Ela repetiu seriamente, jogando mais água em Clara .

-Certo, certo! -Clara  disse erguendo as duas mãos no ar, rendida. -Coisa linda. -Ela murmurou mordendo seu lábio inferior ao se aproximar e tocar seus lábios nos de Helena .

-Você. -Helena  sussurrou de volta, tendo seus lábios ainda sobre os de Clara  enquanto seus braços se entrelaçam ao redor do pescoço da menor e o beijo se tornava mais profundo.

-Hey... -Clara  chamou baixinho, tirando Helena  de suas lembranças e fazendo uma força extra para conseguir subir no topo do caminhão sem a ajuda da maior. -Atrapalho?

-Não. -A maior respondeu. A garota tinha suas duas mãos embaixo de sua cabeça e estava deitada sobre a lataria do veículo enquanto tentava admirar as estrelas no céu escuro. Estava prestes a chover, o que fazia de sua tarefa algo bem mais custoso,

-No que estava pensando? -Clara  perguntou, se ajeitando, ainda sentada, ao lado de Helena .

-Umas coisas do trabalho. -Mentiu.
-Oh... -Clara  disse encarando o rosto da maior. -E o trabalho sempre te faz sorrir tristemente? -Helena  suspirou, todavia, nada respondeu. -Por que saiu daquele jeito?

-Lumiar  está com um humor muito bom, isso me irrita. Helena  disse séria.

-O fato de amanhã chegarmos não modificou em nada seu humor? -Clara  perguntou, tendo certeza que sim. O silêncio era interrompido apenas pelo barulho dos grilos e do balançar de algumas folhas das árvores mais próximas.

-Era a última noite de viagem das garotas antes de chegarem ao famoso e tão esperado -Nem tanto assim para algumas -destino: San Diego, Califórnia. Mas, infelizmente, o transcorrer dos doze dias-Sim, doze, Clara  no hospital somado às paradas para jantar e outras aleatórias fez dez dias virarem doze. -não favoreceu as duas garotas, pois elas já se encontravam no Arizona, fronteira com Califórnia.

-O que você acha? -Helena  perguntou sem olhar para Clara . As outras três ainda estavam na parte da frente, embaixo, afinal, haviam decidido comemorar o último dia com Clara  e após algum tempo Helena  pediu licença, dizendo que iria ir tomar um ar. Clara  esperou, mas uma hora depois ela decidiu ir checar se a garota estava bem.

-Posso me deitar ao seu lado ou você prefere que eu desça para que fique sozinha? -Clara  perguntou cautelosamente. As orbes Negros pela primeira vez se desviaram para a figura ao seu lado. Estava com um short, apesar de estar bastante frio, e uma blusa xadrez verde, Cabelos

Soltos como de costume e tinha uma mão apoiada na lataria do caminhão.

-Gosta de ver estrelas? -Helena  perguntou solenemente, ignorando a pergunta de Clara .

-Oh, eu adoro. Principalmente com você. -Clara  respondeu de forma maliciosa, rindo após proferir tais palavras. Sua fala arrancou uma risada fraca de Helena , que retirou o braço direito debaixo de sua cabeça e o esticou para Clara .

-Eu falo sério, Clara .. -Ela disse e Clara  assentiu, olhando para o céu e vendo que não dava para ver estrela alguma.

-Desculpe. -Pediu, soltando uma risada doce. -Eu amo ver as estrelas. Principalmente se for com você. -Ela disse, sem malícia dessa vez; o tom havia saído sério e a intensidade no olhar de Clara  enquanto olhava no fundo dos olhos da maior comprovavam que o que dizia era livre de brincadeiras.

O pequeno corpo se acomodou no vão do braço de Helena , não obstante, Clara  não se deitou de vez; ela usou seu braço esquerdo para apoiar o peso de seu corpo enquanto sua mão direita foi para o rosto de Helena .

-Essa foi a coisa mais casual que eu tive na minha vida, -Helena  disse, sentindo a pele macia dos dedos de Clara  acariciarem seu rosto. Aliás, essa foi a única coisa casual que eu tive e eu vou manter isso assim, porque dessa forma, mesmo casual, você ainda se torna única.

Clara  sorriu tristemente ante às palavras de Helena  e se inclinou, depositando um beijo gentil no canto dos lábios da garota.
-Você é a mulher mais doce que eu conheci. -Clara  disse pincelando a vértice de seu nariz pelo rosto de Helena  em uma carícia. -Não se esconda por trás do personagem grosseiro e rude.

-Certo. -Helena  disse, sentindo os primeiros pingos de chuva começarem a tocar a lataria do veículo e seu rosto. -Cla, está chovendo. -Helena  falou ao sentir Clara  afundar seu rosto no pescoço de Helena .

-Sim. Fica aqui comigo um pouquinho? -Clara  pediu com a voz ligeiramente embargada e Helena  assentiu, sentindo um horrível nó se formar em sua garganta.

-Fico. -A voz saiu falhada e baixa, arranhando a garganta da maior. O silêncio se instalou e a chuva não caía tão forte, eram gotas geladas, porém fracas. Clara  envolveu o corpo de Helena  em um abraço e respirou fundo.

-Nosso primeiro beijo foi na chuva. -Clara  proferiu baixinho, inalando o cheiro natural do pescoço de Helena .

-Valeu a pena ter passado aquele frio. -Helena  disse rindo fraco.

-Valeu a pena ter pegado aquela gripe. -Clara  disse, levantando o rosto e fitando Helena  nos olhos,

Valeu a pena ter te dado carona.

-Valeu a pena ter te beijado. -Clara  retrucou.

-Valeu a...

-Shhh... -Clara  proferiu, engolindo em seco, para então colar seus lábios nos de Helena .

A chuva se intensificou, mas nenhuma das duas se moveu dali. Se beijaram com intensidade, com leveza, com paixão. As gotas frias encharcaram ambas as garotas e Helena  sentiu seu coração se comprimir ao sentir um gota quente.

O beljo foi interrompido por um soluço baixo de Clara , mas nenhuma das duas se atreveu a dizer nada. Clara  apenas se aconchegou mais no calor do corpo de Helena  enquanto afundava a cabeça na curva de seu pescoço e chorava sem pudor. Já Helena ... Bem, ela abraçou Clara  fortemente, como se segurasse a coisa mais valiosa do mundo em seus braços e derrubou uma ou duas lágrimas, no máximo. Queria chorar, mas chorar era aceitar que sua teoria do início estava correta: Ela se apegava fácil demais.

Quem se apaixonaría em doze dias, por Deus? Não precisava ser muito esperto para responder essa questão, bastava ver dois corações partidos em cima do teto do caminhão que saberiam: Ambas haviam se apaixonado.

Destino Inserto- Adaptação/ ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora