capítulo 37

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Os fortes raios de sol atingiram em cheio a cama onde Clara  dormia, fazendo-a reclamar ainda sonolenta. Estava calor e não havia, de fato, um ar condicionado ou um ventilador. Como viu que não conseguiria dormir, ela se levantou e verificou as horas na mesinha de canto: Quase meio dia. Seus olhos se esbugalharam; como havia dormido tanto?

A garota se espreguiçou e vestiu sua calcinha que estava jogada no chão e a camiseta branca de Helena  para então ir escovar seus dentes. Onde Helena  haveria ido e por que não a acordara? Ela já havia percebido que odiava acordar sozinha, ainda mais após uma noite inteira de sexo com sua namorada,

Assim que terminou sua higiene bucal ela migrou para a cozinha; queria tomar um banho e com certeza tomaria, mas antes comeria algo; sentia-se faminta.

-Bom dia, garotas! -Clara  disse, bocejando e abrindo a geladeira.

-Bom dia, Clara ! -Lumiar  cumprimentou. -Ouch, Tha. Isso dói. -Reclamou. Sol fazia tranças em seu cabelo enquanto Bru assistia.
-Bom dia, Ju. -Sol disse. -Não mexa a cabeça que não doerá. -A morena replicou.

-Ju... Gozou bastante a noite? -Bru perguntou rindo, fazendo Clara  lhe olhar confusa.

-Por que acha que Helena  e eu transamos?

-Bem, a Helena  é um pouco barulhenta e ontem a gente só ouvia as respirações ofegantes lá do meu quarto, ou seja, foi você que deu. -Bru disse rindo.

-Ficaram ouvindo na parede? -Clara  perguntou incrédula.

-Não, a cama batia na parede e a casa estava silenciosa, aí deu para ouvir bem. -Lumiar  disse rindo.

-E vocês duas foram até o quarto da Bru para quê? -Clara  perguntou semicerrando os olhos.

-Assistir filme. -Sol respondeu prontamente. -Mas diz logo antes que a Helena  volte, ela odeia falar dessas coisas.

-Dizer o quê? -Clara  perguntou, despejando cereal em um prato e logo em seguida o leite.

-Transaram muito?

-Muito, Muito mesmo! -Clara  disse, finalmente, rindo e mordendo os lábios. Bru bateu palminhas animada e levou uma mão ao queixo, olhando para Clara .

-Não fez nada com ela nenhuma vez? -Lumiar  zombou. -Estou chocada.

-Não zombe. -Clara  disse. -Não temos isso de passiva ou ativa. Apenas... deixamos fluir. -Clara  disse.

-Então só deu? -Lumiar  insistiu ainda zombando.

-Também transamos no banheiro, ok? -Clara

Deu-se por vencida.

-Sabia que aquela passiva tinha dado. -Lumiar  gritou rindo.

-Não vejo problema nenhum em dar. Não se põe rótulos nesse tipo de coisa. -A voz solene de Helena  se fez presente, fazendo o silêncio se instaurar. A mulher trajava um short jeans desbotado curto, que desenhava sua curvas, uma camisa de botão xadrez, azul e preta, uma bota preta e o chapéu preto que havia comprado de Roberta. Clara  suspirou embasbacada. Que pedaço de mulher!

-Onde esteve, Sarará? -Clara  perguntou, se virando na cadeira para receber o beijo de bom dia de Helena .

-A peça do caminhão chegou mais cedo. -Ela disse dando um selinho em Clara . -Em dois dias já poderemos partir.

-Até que enfim. Estou adorando estar por aqui, inclusive o sexo delicioso que estou tendo, mas já tenho saudades das minhas flores. -Bru disse, fazendo Clara  lhe fitar.

-Flores?

-Sim, tenho uma floricultura, não te disse? -Clara  negou e Bru assentiu. – Deixei nas mãos da minha funcionária, a Viviane (Pocah), mas já sinto falta daquelas flores.
-Das flores ou de uma certa flor? -Lumiar  sugeriu rindo e Bru franziu os olhos.

-Idiota! Eu e Viviane nunca transamos.

-E não está precisando de mais gente para trabalhar? -Clara  perguntou. -Sou multi-funcional, só preciso de uma chance. -Clara  disse.

-Na verdade estou, mas pensei que gostaria de trabalhar com a Helena . -Bru disse confusa e Helena  coçou a nuca.

-Eu ainda não tinha falado com ela disso. -Helena  disse, fazendo Clara  lhe fitar.

-Hm... Então minha namorada tem algo a me dizer? -Clara  disse sorrindo e as três arregalaram os olhos. Lumiar  engasgou.

-Namorada? -Perguntaram em uníssono. Helena  ajeitou seu chapéu na cabeça e Clara  sorriu.

-É. Meio que começamos a namorar ontem a noite. -Helena  disse, sabendo que o tão famoso falatório das garotas começaria.

Após responder a enxurrada de perguntas, Helena  voltou-se para Clara . A garota usava apenas sua camiseta branca da noite passada e Helena  tinha certeza que usava apenas calcinha por debaixo dela.

-Então, eu sou péssima com contas. -Helena  disse, entrelaçando seus dedos com os de Clara . Clara  ainda estava sentada, já havia terminado seu cereal, porém Helena  continuou em pé ao seu lado. -E seria legal se você se encarregasse de checar a mercadoria e se o pedido está certo. O -Jura?

Salário é bom e você nem precisa viajar comigo caso não queira. -Helena  explicou. -Eu pago para pessoas aleatórias fazerem esse serviço a cada vez que viajo e se quiser o emprego é seu. -Clara  abriu a boca incrédula antes de sorrir.

-Sim. -Helena  replicou. - Eu sei o quanto fica desconfortável quando eu que pago tudo. Eu não me importaria com isso, mas percebi que se incomoda. -Helena  suspirou e baixou o tom de voz. Queria apenas que Clara  a ouvisse. -Isso não tem nada a ver com a gente, July. Se um dia terminarmos, e eu realmente espero que isso nunca aconteça, mas se acontecer saiba que o emprego ainda será seu. Você pode alugar algo para você, pagar seus estudos se quiser estudar, qualquer coisa.

-Não ligaria se eu quisesse estudar? -Clara

perguntou.

-Claro que não. Eu morreria de saudades, mas não quero interferir em nada do que goste ou queira fazer. -Falou sinceramente. -Eu já disse, July, eu só quero o seu bem.

-Linda! -Clara  sussurrou, dando um selinho demorado em Helena .

-As viagens variam de cinco à vinte e cinco dias, Isso depende para onde eu vá. Só precisa chegar a mercadoria no dia que eu partir.

-Obrigada, amor. -Clara  murmurou, envolvendo seus braços ao redor de sua namorada e deitando sua cabeça em seu peito. -Mas vou preferir viajar com você por enquanto. A saudade não me deixa ficar longe. -Três suspiros ecoaram do outro lado do balcão e Helena  revirou os olhos, mas ignorou.

Ignorou somente porque ela também suspirou. Clara  a havia chamado de “amor” e dessa vez não fora durante uma transa.

-Certo, mas se no futuro desejar fazer algo que goste não hesite em fazer.

-Prometo. -Clara  sussurrou, sentindo Saran se inclinar e depositar mais um beijo em seus lábios. Os três suspiros voltaram a ecoar, fazendo Clara  não aguentar e rir.

A sensação de família estava lá de novo e se dependesse dela jamais deixaria isso se perder

Destino Inserto- Adaptação/ ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora