Destino Inserto- Adaptação/ Clarena

Capítulo 17

-Por que ela teve que sair na chuva? -Lumiar perguntou ao olhar o rosto quase sem cor da garota que dormia no banco de trás. Bru usava um pano molhado para colocar sobre sua cabeça, com a intenção de diminuir a febre que havia aumentado drasticamente.

-Eu não tenho dinheiro... -Clara murmurou, respirando com certa dificuldade. -Ainda não...

-Ela está delirando. -Sok disse preocupada e Helena sentiu-se ainda mais culpada pela noite passada.

-Estamos quase chegando. -Helena informou.

-Na farmácia? -Sol perguntou e Sarah resmungou algo somente para si.

-No hospital, Sol. Febre muito alta é perigoso.

-Você saiu totalmente fora do seu caminho para levá-la ao hospital? -A morena perguntou surpresa e ao mesmo tempo orgulhosa.

-Não. Ainda estou na estrada e é você que está alucinando ao invés a Clara. -Helena respondeu rudemente.

-Mamãe... Clara voltou a murmurar e Helena se concentrou em orar para que a pobre moça ficasse Bem. Meia hora depois elas chegaram no hospital e Helena estacionou do outro lado da rua. Bruna pegou Clara no colo e a colocou no colo de Helena do lado de fora do caminhão com todo o cuidado do mundo.

-Tranquem o caminhão. -Helena disse antes de adentrar o local com o pequeno corpo em seus braços. A mais velha fez uma nota mental de comprar algumas peças íntimas para Clara, já que a garota estava sem calcinha e só tinha aquela Que usara na noite anterior.

O médico não demorou a atendê-las e disse a Helena que ela fez o certo em levar Clara urgentemente ao hospital, pois a garota beirava os quarenta e um graus de temperatura corporal e havia muitas pessoas que morriam com tal número.

Após os cuidados necessários, Clara ficara em observação pelo restante da noite e acordara pela madrugada, confusa e perdida, contudo, seu coração se acalmou ao ver o corpo branquelo esparramado em uma cadeira ao lado de sua cama. Um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao ver que a mão de Helena Estava entrelaçada com a sua.

A menor começou a acariciar os cabelos de Helena Com a outra mão e, em um pulo, Helena despertou. -Heey, calma! -Clara pediu rindo, sentindo seu nariz funcionar muito melhor naquele momento.

-Cla... -Helena pronunciou, erguendo as orbes negras na direção da menor.-Lhe comprei calcinhas! -Clara lhe olhou surpresa, erguendo ambas as sobrancelhas e segurou o riso.

-Oh...! Obrigada? -Ela disse um tanto sem reação. Helena corou ao perceber o jeito que havia proferido aquilo.

-Oh céus... Eu não quis dizer isso não, diacho! -Ela falou e Clara sorriu pela forma arrastada que Helena havia proferido e puxado a fala. -É que, bem, você só estava com aquela e o doutor disse que você precisava colocar essa roupa aí... -Começou, meio embaraçada. -Pedi que ele se retirasse da sala e fui comprar calcinhas pelas redondezas. As enfermeiras te vestiram.

-Expulsou o médico da sala? -clara perguntou rindo.

-Você não ia fazer nenhuma cirurgia, não havia necessidade de ele te ver nua. -helena disse séria e Clara riu ainda mais.

-Helena, ele trabalha com isso. Está acostumado.

-Não havia necessidade de ele te ver nua e fim. -Helena disse tocando sua própria nuca em uma massagem.

-Certo! - disse sorrindo. -Dores por dormir aí?

-Estou acostumada a dormir em qualquer canto, não se preocupe. -Disse ela, meio sem jeito.

-Me preocupo sim. Deite-se aqui comigo. -Clara pediu.

-Não precisa...

-Por favor?-Como raios aqueles olhinhos castanhos/esverdeados cintilantes tinham tanto poder sobre Helena?

-Certo. -Respondeu em um murmurio antes de retirar os sapatos e se deitar ao lado de Clara. Clara se ajeitou sobre o peito de Helena e acomodou uma de suas mãos na barriga da maior.

-Onde estão as meninas? -Clara perguntou, sentindo Helena começar a afagar seus cabelos sem sequer perceber.

-Em um hotel. Queriam ficar na sala de espera, mas as dispensei. Só é permitido a permanência de uma pessoa para passar a noite e pensei que seria bom elas descansarem.

-Desculpe te causar problemas. -clara pediu em um suspiro pesado. -Sei que não gosta de gastar muito em hotéis e que isso irá te atrasar ainda mais.

-Não seja tola. Hoje eu comprei calcinhas. -Helena disse rindo. - Se não fosse por você eu jamais teria feito isso na vida.

-O quê? -Clara perguntou confusa. -Quem compra suas calcinhas?

-Lumiar, ela sabe todos os meus números e compra, não só calcinhas, como roupas também. Do meu agrado, claro. -Helena explicou. -Eu odeio, do fundo da minha alma, comprar roupas. Não tenho paciência!

Clara sorriu ao imaginar as caretas e os resmungos baixos da mulher caso fosse em um loja. Clara já estava se adaptando ao jeito sério da garota. A menor apoiou seu queixo no peito de Helena e a fitou sorrindo. Seu dedo indicador pincelou o topo do nariz da maior de maneira doce e suave.

-Você é muito mimada por suas irmãs, mocinha. -clara disse e Helena quase sorriu; Clara só percebeu isso porque o canto direito da boca de Helena se repuxou minimamente.

-É uma rotina nossa. -Helena disse. -E eu, particularmente, adoro seguir à risca a minha rotina.

-Oh... Aposto que é por isso que você se incomoda tanto comigo. -Clara disse sorrindo. -Estraguei a rotina de sua viagem. -Helena lhe olhou séria por um instante antes de lhe responder.

-Posso ser meio teimosa, mas devo admitir que ver você bagunçar a minha rotina foi, a princípio, assustador. -Helena disse, rindo no momento seguinte. -Mas fazia anos que eu não nadava em um rio ou tomava um banho de chuva. -Helena revelou. -Especialmente nadar pelada.

Clara riu alto ao ouvir aquilo e abraçou com mais vontade o corpo abaixo de si.

-Durma, Cla...! Amanhã teremos um longo dia. -Helena disse e Clara assentiu, desejando um "boa noite" e enterrando sua cabeça na curva do pescoço de Helena.

Clara sorriu ao constatar que, após días, ela não iria dormir excitada.

No lugar da excitação tinha outro coisa: Uma Sensação de estar protegida; de bem-estar: uma sensação que aquecia seu peito. Clara não conseguía entender ou sequer explicar aquele sentimento, mas não precisava: Sentir lhe bastava.