O sol de novembro cintilava timidamente sobre o Hyde Park, tingindo o céu de um suave tom dourado enquanto se punha lentamente no horizonte. O som distante da cidade ecoava ao longe numa sinfonia suave de vozes, buzinas e passos apressados, lembrando aos visitantes que, apesar da tranquilidade do parque, eles estavam a poucos passos do coração pulsante de Londres.
O ar estava impregnado com o aroma fresco da terra molhada pela recente chuva, já as folhas secas se amontoavam ao longo dos caminhos, criando uma trilha crocante sob os passos dos transeuntes. Patos e cisnes deslizavam suavemente pela água tranquila do lago Serpentine, as penas brancas e acinzentadas se mesclando.
Alguns londrinos enfrentavam o frio para uma caminhada serena à beira da água, envoltos em casacos grossos e cachecóis coloridos; outros buscavam abrigo nos bancos de madeira estrategicamente posicionados, contemplando a paisagem diante deles.
No meio desse cenário outonal, estava Harry, posicionado habilmente em uma pequena banca improvisada enquanto exibia seus doces caseiros em uma variedade de cores e sabores tentadores. Com as mãos protegidas por luvas de lã, ele entregava os pedidos com gentileza e uma pitada de bom humor, conquistando a simpatia dos clientes regulares e dos curiosos que se aventuravam pelo Hyde Park naquela tarde tranquila. Celeste, por outro lado, recolhia as folhas alaranjadas que caíam das árvores, as botas pretas e o casaso cor-de-rosa a mantinha quente e confortável.
O ambiente se esvaía conforme os minutos se arrastavam, o frio obrigava as pessoas a se aconchegarem em suas casas. Outono somente não era a pior estação para o trabalho do ômega porque o inverno existia, e se a demanda de vendas havia diminuído consideravelmente nas últimas semanas, a situação tendia a se agravar com a chegada na neve.
A ventania trazia uma figura familiar, um cheiro e um rosto que o italiano reconheceria há quilômetros de distância. Ele se empenhou para manter uma postura neutra, os dedos tamborilando sobre a banca de madeira de modo a simular distração. Sua prole, em contrapartida, agiu diferente, deixando as folhas de lado para observar a aproximação do alfa com mais atenção.
ㅡ Boa tarde, Harry. ㅡ Louis cumprimentou, a voz educada se aliando ao sorriso cordial. ㅡ Eu gostaria de...uh- como isso se chama?
ㅡ Pardula. ㅡ Ele acompanhou o dedo indicador, o sotaque se sobressaindo. ㅡ É uma massa doce recheada com uma mistura de açúcar, nozes, azeite e canela.
ㅡ Parece muito gostoso. ㅡ Acrescentou. ㅡ Eu quero cinco, por favor.
Tomlinson tentou comprar uma grande quantidade de doces anteriormente, mas Harry captou suas intenções e, orgulhoso como era, não aceitou vendê-los. O pediatra, então, vinha pisando em ovos, escolhendo seus gastos com sabedoria.
O inglês decidiu ser cliente do rapaz uma semana após vê-lo desaparecer da sua vida. Com um percuso de dez minutos do seu trabalho até o Hyde Park, os encontros se tornaram frequentes, o que, em determinado ponto, passou a incomodar o italiano, que demonstrava um desconforto palpável na presença do homem. O médico, portanto, precisou se conter para não soar como um maníaco obcecado. Para além de verificar o bem-estar de Styles, ele queria continuar vendo Celeste e assegurar que, assim como a mãe, ela estivesse se recuperando, e para que isso ocorresse de forma mais natural, a aquisição de mercadorias ocorria em dias alternados.
O que antes era uma situação constrangedora transformou-se em expectativa. Harry jamais admitiria em voz alta, mas assim como sua filhote, ele passou a esperar pelo alfa também.
ㅡ Como vocês têm passado? ㅡ Celeste se esgueirou para perto da figura materna, auxiliando-a com o embalo dos doces. ㅡ Não os vi no início da semana.
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Nei Tuoi Occhi c'è il Cielo
FanficNuma Londres implacável, Harry Styles enfrenta a árdua tarefa de criar sua filha, Celeste. Em meio à noites desesperançosas e repletas de remorso, ele vê sua vida entrelaçar-se com a do pediatra Louis Tomlinson. Entre a arte da medicina e a delicad...