Capítulo 9: Gelato

1K 173 374
                                    

Louis sentiu que poderia explodir de felicidade quando o café da manhã passou a ser um momento em que todos se juntavam à mesa. A ocasião estava longe de ser um comercial de margarina onde uma família se reunia para compartilhar beijos, abraços e sorrisos, contudo, para alguém que precisava enfatizar que a presença dos ômegas não era um incômodo ㅡ pois Harry insistia que era ㅡ, dividir o mesmo espaço que eles era motivo de comemoração.

A aromatização do alfa contribuiu significativamente para a regulação do sono de Celeste, chegando a se repetir por mais algumas vezes ao decorrer das semanas. Styles pensava estar perturbando toda vez que o procurava, mas mal sabia ele o quanto o gesto alegrava o pediatra, que enfim experenciava a sensação de confortar uma criança, algo que talvez ele nunca vivenciasse.

O confeiteiro, por outro lado, se via cada dia mais refém dos hormônios que consumia, muitas vezes lidando com situações embaraçosas na calada da noite. O cheiro de pinho e eucalipto que tanto trazia conforto deixou de ser a única interpretação que possuía; passou a ser assimilada como um impulso sexual também.

Sua inquietação resultou em velas aromatizadas espalhadas por todos os cômodos da casa, circunstância que fez com que Harry oscilasse entre se sentir compreendido e envergonhado, a todo momento se torturando com a imagem "profana" que agora transmitia. Louis, entretanto, estava mais preocupado com o que seria da sua sanidade mental no instante em que o aroma natural do ômega emergisse, cenário que apenas se concretizou em sua cabeça quando o cheiro de menta e pitanga de Celeste passou a se acentuar de um dia para outro.

Ele se perguntava o que faria se o mesmo acontecesse com o italiano; de qual janela pularia.

O homem estava tão absorto em seus pensamentos que sobressaltou quando um beta emitiu um ruído com garganta, indicando que ele atrapalhava a obtenção dos carrinhos de compras aos demais consumidores. Tomlinson se desculpou, apanhando o objeto sobre rodas e o conduzindo pela entrada principal.

Styles encontrava-se exatamente no mesmo lugar, dedos entrelaçados com os da sua filha enquanto esperava pelo alfa.

ㅡ Certo, ㅡ O pediatra suspirou, voltando-se para o confeiteiro. ㅡ Por onde você quer começar?

O ômega olhou ao redor, observando as prateleiras abarrotadas de produtos. Ele normalmente preparava uma lista antes de ir ao supermercado pois pensava que dessa forma se atentaria apenas ao necessário, porém o inglês não parecia preocupado em economizar.

ㅡ Talvez... ㅡ Começou, ainda incerto. ㅡ Podemos começar pelos itens de limpeza.

Tomlinson assentiu, manobrando o carrinho em direção ao corredor preterido. Ele não esperava que o jovem escolhesse os produtos, mas isso não o impediu de pedir por sua opinião, abrindo algumas embalagens para que ele verificasse se gostava do aroma.

Quando os items daquela sessão foram dispostos no carrinho, eles partiram para outra ㅡ higiene pessoal. Os olhos azuis se recaíram sobre a criança, que parecia completamente deslocada naquele ambiente. O adulto esperou que ela o encarasse de canto de olho, respondendo-a com um sorriso amigável.

ㅡ Você quer se sentar aqui dentro? ㅡ Ele ofereceu, indicando o carrinho. ㅡ Assim você não fica cansada e consegue ver tudo de pertinho.

As orbes infantis imediatamente buscaram pela aprovação da mãe, esta que, por sua vez, hesitou.

ㅡ E-Eu não sei se isso é permitido- pode atrapalhar as compras.

ㅡ É permitido até os cinco anos de idade. Desde que a criança permaneça sentada, é claro. ㅡ Afirmou com convicção. ㅡ E não irá atrapalhar as compras, eu prometo.

Nei Tuoi Occhi c'è il CieloOnde histórias criam vida. Descubra agora