Nei Tuoi Occhi c'è il Cielo

Capítulo 10: Genovesa

Louis segurava o volante com mais força do que o necessário enquanto dirigia pelas ruas movimentadas da cidade. O rádio estava ligado, mas ele não prestava atenção à música que tocava. Sua mente estava ocupada demais tentando decifrar o que estava acontecendo entre ele e Harry.

O ômega parecia...diferente.

Não era algo que conseguia apontar com precisão, porém o alfa sentia, no fundo, que algo havia mudado. Styles sempre foi mais reservado, mas agora, havia uma frieza que era incapaz de se ignorar.

Ele sentia que o italiano estava bravo consigo, no entanto, não conseguia entender o motivo.

Enquanto o carro avançava pelos semáforos e cruzamentos, sua cabeça entrava em parafuso. Tomlinson tentava recordar qualquer detalhe do dia anterior que pudesse explicar o comportamento apático que recebia, no entanto, tudo parecia um borrão. Ele poderia atribuir seu estado aéreo à quantidade de pacientes que havia atendido naquele dia, mas talvez as taças de vinho consumidas na companhia de seus colegas do trabalho tivessem uma parcela significativa de culpa.

Mesmo com todos esses pensamentos confusos rondando sua mente, o pediatra sabia que não era apenas a mudança de tratamento de Harry que o havia levado a marcar uma consulta com sua psicóloga depois de tantos meses sem pisar naquele consultório.

O motivo real era muito mais complicado, algo que preferia não admitir nem para si mesmo.

Ele vinha passando tanto tempo com mãe e filha nas últimas semanas que, em momentos de distração, percebia que estava começando a ver os dois como se fossem sua família. Ele sabia que essa ideia era perigosa e que estava caminhando por um terreno emocionalmente instável, porém não conseguia evitar. A cada dia que passava a sensação de pertencimento e de estar envolvido na dinâmica deles se tornava mais forte, ao ponto de que ele começava a ter medo de estar confundindo os limites daquela relação.

Esse medo, por sua vez, trazia outra preocupação à tona, uma que o alfa mal conseguia formular em palavras, mas que o assombrava em silêncio.

Louis temia que, ao tentar prover o melhor para Celeste, ao querer que ela tivesse tudo de que precisasse e mais, ele estivesse, de maneira velada, sugerindo à Harry que ele, sozinho, não era suficiente para a filha. O homem sabia ㅡ e via ㅡ o quanto o ômega era dedicado e o quanto ele fazia o impossível para garantir o bem-estar da menina, e a última coisa que desejava era que ele sentisse que sua dedicação não era reconhecida, ou pior ainda, que ele estava sendo diminuído em seu papel de mãe.

Em contrapartida, o inglês não conseguia parar de pensar em como poderia ajudar, ou em como poderia fazer a vida daquela criança melhor e mais fácil.

Era um impulso quase incontrolável, como se cuidar dela fosse tão natural quanto respirar.

E era justamente essa naturalidade que o assustava.

Ele estava se envolvendo demais, indo além do que talvez fosse apropriado, e isso o deixava em conflito. Louis temia estar atravessando uma linha tênue, onde seu desejo de ajudar e proteger poderia ser mal interpretado, interferindo na relação que possuía com Styles de uma forma irreparável.

Essas ponderações o atormentavam há algum tempo, mas foi só recentemente que ele se deu conta do quanto isso o estava afetando, o suficiente para recorrer a profissional que o acompanhava desde a adolescência. O médico sabia que precisava colocar seus sentimentos em ordem e entender o que realmente estava acontecendo em seu coração e na sua mente antes de arriscar uma conversa direta com o rapaz acerca da função que desenvolvia.

Ele estacionou na garagem externa, sentindo a brisa fria do final da tarde de inverno entrar assim que saiu do veículo. A luz do sol, baixa e fraca, lançava um tom dourado e frio sobre a paisagem coberta de folhas secas e ramos nus. O ar estava gelado, e Tomlinson podia ver a sua respiração se condensando no ar.