viii

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Foi ainda no trigésimo dia do verão que Regulus encontrou com James novamente.

Foi quando Regulus estava fechando a loja, acompanhado de Pandora, o irmão e o pai dela. Evan, o irmão gêmeo da garota, tinha acabado de ganhar uma medalha de ouro de vôlei, e Pandora tinha completado sua missão de fazer uma pintura todo dia durante um mês, então a família Rosier achou que eles mereciam comemorar e fecharam a loja mais cedo. E Reggie, como parte temporária da família, iria junto.

Isso seria se um certo alguém não tivesse interrompido a ideia deles com uma "aparição surpresa". No entanto, aqui usaremos a palavra "surpresa" num contexto completamente diferente; afinal, surpresas deveriam ser boas, não deveriam te dar ataques do coração.

── Regulus! ─ James apareceu bem ao lado do outro menino, batendo os ombros com força contra a parte de fora da loja enquanto Regulus trancava a porta.

Se não tivesse levado um susto, Regulus teria perguntado se James estava bem e como ele não tinha quebrado o vidro da loja.

Ao invés disso, Regulus preferiu:

── Porra!

── Desculpa! Desculpa, desculpa, desculpa... ─ James pediu meio acelerado; a primeira vez se direcionou à Regulus, as próximas foram para a família Rosier. Esclarecendo bem que ele não era ladrão, afinal Londres era perigosa e já estava escurecendo. ── Eu sou o James, amigo dele...

── Oi James! ─ Pandora acenou para o garoto.

James acenou de volta, e voltou rapidamente para Regulus, esperando por uma resposta - pra algo que nem tinha sido uma pergunta.

── O que você quer? ─ Regulus perguntou de uma vez.

Ele soava meio bravo, mas James decidiu culpar o susto.

Ele decidiu culpar o universo por ser tão filho da puta com ele, de não fazer com que Lily olhe pra ele, falando sobre arte - ou pelo menos o que James lembrava das coisas que Regulus havia dito a ele -, fazendo piadas e simplesmente se apaixonar por ele?

Havia muito o que dizer sobre o seu encontro fracassado com Lily Evans, e como seus sonho onde ela e ele moravam juntos com seus dois cachorros e um gato e três crianças haviam sido destruídos. Mas James não precisava analisar muito a cena pra perceber que ele tinha interrompido uma coisa importante.

── Não deu certo... ─ Começou. ─ A Lily não entendeu nenhuma das minhas piadas, ela acho que eu só era burro e tava perguntando alguma coisa! Qualquer fato que eu dissesse ela achava entendiante e o pior: ela gosta de arte moderna, Regulus... Eu tive que escuta 50 minutos sobre como a arte moderna é uma crítica sobre como a rte pode ser simples, e na época que lançou foi um estouro e o quão importante ela é e eu sei lá! ─ E ele decidiu resumir, falando na velocidade da luz, como se aquilo fosse doer menos, exatamente como arrancar um band-aid.

── E você não podia... me dizer isso por telefone? ─ Regulus o perguntou; e sua voz, apesar de carregar uma dúvida genuína, havia sim uma pitada de sarcasmo.

Podia. Sim, James podia. Mas ele tinha esquecido que viviam no século 21, e esquecido o seu querido aplicativo de mensagens.

── Ah... Certo. Eu esqueci disso.

── Esqueceu do seu celular? ─ Agora era só sarcasmo mesmo. ─ Que exemplo de geração você é.

James ficou quieto. Ele se sentiu esquisito agora, por pensar que dizer pessoalmente, no exato momento em que o "desastre" acontece parecia mais certo. Falando desse jeito parecia fofo, mas vendo a situação que criará fazia o sentimento de vergonha ter sentido por estar ali.

92 days. jegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora