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James Potter adorava Lily Evans, venerava Lily Evans, amava Lily Evans. Mais que tudo.

James sempre disse a si mesmo que Lily Evans seria a mãe de seus filhos, a mulher com quem passaria o resto de sua vida, sua cara metade. E, veja bem, isso pode ser bem precipitado, mas a paixão que acontece antes mesmo da puberdade é tão pura quanto brega.

Os dois estudaram juntos durante toda a escola, mas foi só na terceira série que foram mesmo se conhecer. Foi na aula de educação física, James era péssimo em educação física. Lily também era, ela não gostava de esportes, principalmente quando ela era a última do seu time sobrando no jogo de queimada. Os meninos do seu time gritavam com ela durante o jogo, e Lily não ficava quieta, os respondia, e tentava vencer o jogo ou só sobreviver no campo de batalha de mentirinha até o professor cansar. James também participava da brincadeira, ele não era grosso como os outros meninos, só estava provocando, mas num estado daqueles Lily não aguentava mais e de repente se tornou a melhor lançadora de bolas da Inglaterra.

POW. Bem na cara de James. O som foi cômico, mas o pobrezinho caiu com tanta força pra trás que toda a quadra ficou em silêncio, com medo.

Foi nesse dia que James se apaixonou por Lily. No dia que ela tirou um de seus dentes de leite.

Não foi totalmente culpa da garota... na verdade, James poderia ter desviado bem facilmente. Mas o garoto usava óculos, e tinha que tira-los nas aulas práticas de educação física, o que não era bom, o coitadinho via tão bem quanto uma topeira sem seus óculos.

Tinha se passado bastante tempo desde então. No fim das contas, Lily não teve que se preocupar com qualquer reclamação que o menino do dente quebrado pudesse fazer contra ela, porque eles viraram amigos, muito amigos. Pudia se dizer que eles eram quase melhores amigos. Melhores amigos que de vez em quando soltavam um flerte e tal... mas amigos.

Isso, no ponto de vista da ruiva. Já pra James, era outro assunto.

Ele queria ela. Não de um jeito psicopata... na verdade, era quase engraçado o quanto ele desejava que a garota ruiva o olhasse com outros olhos. Sirius, seu melhor amigo, fazia questão de o lembrar o quão bobo ele era por ela, e as idiotices que já tinha feito tentando chamar sua atenção.

Idiotices como... por exemplo: quase repetir de ano.

Era o último ano da escola. Só lhe restava mais um aniversário antes de ter que começar a pensar sobre contas e multas - dramaaa. James só tinha mais um verão pra ser criança, mesmo já com 17 anos - mas, cá entre nós, James Potter nunca cresceria.

Lily sempre foi uma nerd. Palavra aqui usada para: ela presta atenção na aula. Então, quando James ficou sabendo que suas notas estavam ruins, ele quase riu achando que era piada. Não era. Lily e os números eram tão bons juntos como neon e peças de roupa - traduzindo: Lily estava ferrada em matemática.

O destino no entanto parecia estar do lado de James dessa vez, o que o trouxe uma faísca de esperança - ou mais uma explosão -, porque ele também era péssimo em matemática!

A escola os colocou num programa de recuperação de férias. Por um lado, isso era péssimo: James não poderia aproveitar o seu último verão de liberdade como queria; mas, por outro lado, era uma chance em um milhão... um verão com Lily Evans! Só ele e a ruiva - os outros possíveis repetentes eram meros figurantes -, se encontrando todas as terças, quartas e sextas sem nenhum dos seus amigos para atrapalhar o clima. Era clima de filme de romance, era perfeito! Ter que ficar sentado, ouvindo coisas sobre algébrica era só um porém.

── Não parece tão ruim... ─ Outro porém eram os seus pais. ── O professor disse que ele precisa de uns cinco pontos pra passar ─ Sua mãe, Euphemia, diz durante o jantar em família daquela noite. Da última noite da primavera.

Realmente, James não precisava de tantos pontos. Mas pra conseguir a nota ele precisaria fazer atividades e provas, as mesmas atividades e provas que seus amigos faziam pra você durante a aula porque, novamente, James era péssimo em matemática.

Mais tarde, no celular, James conversava com Lily sobre o assunto. E se ele temia o seu futuro acadêmico por causa disso, Lily estava desesperada.

── Isso é terrível! Eu to ferrada! ─ A menina gritava pelo telefone. ─ Aquele professor imbecil, idiota, filho da...

── Lily! ─ James a cortou, rindo.

── Mas é verdade... Você também nunca gostou dele, eu deveria ter te ouvido. ─ A menina diz, com um tom de pena. Um sorrisinho se abriu no rosto do menino, feliz que a garota que gostava lembrasse dele com coisinhas pequenas. ── Você ficou muito de castigo? ─ Lily o perguntou, após um breve discurso de ódio contra seu professor de matemática.

── Não muito. Meus pais ficaram até de boa... só pediram pra eu focar pra passar de vez.

── É claro que não! Sua mãe é um anjo... ─ Lily bufou pelo telefone, e James deu outra risadinha. ─ Eu tive sorte se pensar bem. Afinal, eu ainda tenho meu celular, e eu preciso do computador pras lições... Mas tirando isso, NADA. Até os meus quadros meus pais pegaram de mim.

── O quê? ─ James questiona, impressionado de um jeito ruim com a nova informação.

Lily gostava muito de arte, outra coisa nela que James adorava. A menina sabia nomes de artistas, museus, curiosidades e até a parte filosófica da coisa. Além de ser muito boa com a tinta e o pincel. Então ver que os pais dele a tinham tirado uma coisa tão importante o entristeceu um pouquinho.

── Minha mãe disse que admira minha paixão e o talento que eu tenho pela arte, mas que pintura é tão terapêutico quanto é distração. ─ Lily disse, zombando. Era óbvio em sua voz que ela discordava da fala da mãe.

── Não faz muito sentido... ─ James disse, deixando uma risadinha cínica escapar no processo. ── Eles deveriam estar gratos que você passa mais tempo pintando do que no celular.

── Exato! Eu sou um exemplo! ─ Evans grita pelo telefone, dessa vez gritando de verdade. James riu novamente, vendo que ela precisava mesmo que alguém tivesse tido aquilo - que ela estava certa; Lily ama estar certa. ── Droga, tá ficando tarde. Eu preciso ir dormir, James, amanhã eu e meus pais vamos ter a conversa.

── Certo, tudo bem. Boa noite, Lily.

── Boa noite, James! ─ A menina disse, e desligou.

Assim que a foto com uma cabeleireira ruiva e um gatinho preto sumiu da tela, aquelas que ficam durante as chamadas de voz, James foi direto para o app de mensagens. O garoto digita tão rápido que até escreve algumas palavras erradas, mas Sirius não se importava com isso: "SIIRIUS, EU PFECISO DE VOCÊ".

E não demora muita pra receber uma resposta bem ao estilo Sirius Black: "Que novidadeeee, você nunca consegue o suficiente de mim. Eu entendo. Sou demais. Mas pode falar."

"Lily, eu, recuperação o verão inteiro" James responde, escrevendo tudo certinho dessa vez. Sirius o envia alguns pontos de interrogação dessa vez, e então ele prossegue: "Estamos os dois de recuperação na mesma matéria. Pode ser minha chance!!"

"Beijinhos ao quadrado? Que romântico" Sirius enviou.

"Ela disse que os pais a deixaram de castigo, que nem pode pintar mais. Eu tava pensando em tentar animar ela, sabe... pra conquistar ela. Ideias?"

"Todo mundo sempre diz que o estômago é o caminho pro coração, prongs. O que acha?"

"Vou guardar essa! Mais alguma dica?"

"Que tal presentes? Eu conheço alguém que trabalha numa loja de materiais de pintura e esses trecos todos..."

"ISSO É PERFEITO!" James envia, super animado, mas logo a dúvida se acende em sua cabeça: "Espera, quem trabalha numa loja de materiais?"

O celular indicou que Sirius estava digitando, e não demorou pra resposta chegar: "Reggie! Meu irmão :)"

──

James Potter não é branco ! !

92 days. jegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora