꧁2꧂

302 32 29
                                    


                        Filha de ninguém.

꧁☪꧂

Mexo a comida dentro da bandeija com um talher, sem nenhum resquício de fome. Hoje definitivamente não era um dos meus melhores dias.

Minha cabeça doía, fazendo parecer que aquele seria o meu último dia de vida. As luzes irritavam meu olhos. Tudo estava péssimo. Eu só queria o meu quarto e a minha cama.

As vezes eu me achava um pouco masoquista por não querer tomar remédios quando sentia dores assim. Mas hoje seria inevitável.

Pego em meu bolso, uma pequena cápsula de analgésico que Jani me deu antes ao notar o meu estado.
Coloco em minha boca e bebo um gole de água. Ela me disse que o efeito seria quase imediato, mas apenas se eu repousasse por algum tempo.

Desistindo comer, eu me levanto sentindo uma forte tontura pelo esforço, mas resisto e vou até o grande balcão onde deposito o recipiente em que eu antes me alimentava. Saio dali e vou diretamente para a sala de descanso improvisada.

Vejo apenas duas pessoas ali, sentadas em um grande sofá, distraídas fazendo anotações. Sigo para um canto um pouco mais afastado para que eu não pudesse incomoda-los de alguma forma e me sento em uma grande cadeira acolchoada, sentindo um alívio imediato em meu corpo que relaxa.

Fecho meus olhos suplicando internamente para aquela dor fosse embora logo.

Um barulho alto soa, me fazendo acordar em um sobressalto. O que diabos foi aquilo?

De repente, recobro a consciência de onde estou e me desespero. Será que dormi demais? Procuro algum relógio ali e falho miseravelmente. Uma sala de descanso sem relógio, realmente. Pensou em tudo para não preocupar as pessoas, e assim elas descansariam em paz.

Rindo da minha própria piada sem graça, percebo que aquela dor exorbitante foi embora. Finalmente eu poderia viver em paz.

Tiro um elástico do bolso de meu jaleco e prendo o meu cabelo com ele. Deveria estar terrivelmente bagunçado por conta do atrito do tecido durante meu cochilo. Eu não queria assustar as pessoas assim tão cedo. Se bem que eu ainda nem fazia ideia das horas.

Passo a mão em minha calça jeans tentando tirar algumas partes amassadas, fazendo o mesmo em seguida com a minha blusa e o jaleco. E finalmente me levando da cadeira quentinha.

Saio da sala como se nada tivesse acontecido e não parece ser tão tarde quanto imaginei.

Cientistas caminham e fazem coisas por todos os lados, como de costume. Espero que alguém não tenha precisado da minha ajuda durante esse tempo.
Vou para o laboratório principal onde as minhas tarefas se concentram e ao chegar me deparo com o silêncio e tranquilidade. Por mais que não seja algo muito raro de se ver, ainda era raro. Caminho entre os balcões, e vejo uma única pessoa ali.

ㅡ Ei, Marcus! ㅡ aceno pra ele.

ㅡ Oi, Lana. Se sente melhor? ㅡ ele questiona. E eu também me questiono o quão rápido as notícias sobre mim correm ali. Será que alguém me viu cochilar de boca aberta na sala de descanso?

ㅡ Sim, me sinto melhor. Onde estão os outros?

Geralmente isso acontecia em dias
de folga. Mas hoje não era um deles. Pelo menos não que eu soubesse. Talvez alguma reunião estivesse acontecendo. Provavelmente fizeram uma nova descoberta. Tudo era tranquilo ali, mas bastava eu dormir que algo novo acontecia.

ㅡ Estão todos lá fora, organizando as coisas para os jogos que acontecerão amanhã.

Jogos?

Exatamente oque eu disse. Bastava eu tirar um cochilo que coisas novas aconteciam. Mas parecia legal. Era a primeira vez que fariam isso, eu acho.

ℂ𝕃𝔸ℝ𝕀𝕋𝕐 - 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora