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Cheiro da mais pura confusão.

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Nas últimas horas e até agora, uma melodia bonitinha soa na minha cabeça sem me dar descanso. Murmuro ela enquanto ando para lá e para cá.

Depois de um início de dia fazendo uma coisa e outra no laboratório, eu agora lia alguns relatórios de pesquisa para adicioná-los em uma das opções de arquivos.

Eu era sinceramente grata por estar de volta ali. Não foram muitos dias, mas eu senti como se algo estivesse faltando naquele período.

O acessório apita em meu pulso direito, indicando que a hora de mais um remédio tinha chegado. Eu o tinha ganhado recentemente de Marcus. Têm sido bem útil.

Retiro o potinho do bolso do jaleco e dele deposito uma cápsula na minha palma.

Assim como eu já previa aquilo era tão chato. Ter que tomar remédios o tempo todo. Me sentia péssima. Sem contar que isso também era um empecilho para que eu não fosse até a floresta e eu sentia tanta falta. Desde que comecei a ir, essa seria a primeira vez que passaria tanto tempo longe.

Mesmo assim, eu tinha um informante que nunca faltava. Spider estava sempre me atualizando das aventuras que viviam enquanto eu permanecia aqui.

Recentemente me contou que os irmãos sofreram um "pequeno" acidente ocasionando em alguns ferimentos em Neteyam, que acompanhava Lo'ak em uma experiência maluca. O irmão mais velho machucou bastante uma das pernas e tem tido dificuldades para caminhar. Já o mais novo não teve nada além de arranhões. Dá até para imaginar a bagunça que foi.

Suas notícias e os afazeres ali tinham me mantido entretida por enquanto.

Minhas costas doem um pouco pelo tempo que estou sentada. Tento me alongar um pouco.

Antes de voltar a ler os relatórios, pego o elástico em meu bolso e junto todo o meu cabelo para prendê-lo em um típico rabo de cavalo. Isso me dá um alívio enorme.

As chuvas pararam, consequentemente o clima voltou ao normal trazendo um pouco de calor. Nada desagradável.

Volto para o computador.

Pelos meus cálculos aquele era o último ou penúltimo relatório.

Aquele era bem grande. Diferente dos outros, não descrevia experiências científicas, mas sim a rotina na aldeia Omaticaya.

Leio por vários minutos totalmente focada, até quando leio o nome familiar que se repetia algumas vezes em um certo parágrafo.

A última vez que a vi e também a última vez que fui até a floresta, ela me deu um baita susto. Quer dizer, ela não me ameaçou, mas a maneira como me olhou quase me levou para sete palmos debaixo da terra. Extremamente intimidadora sem sequer tentar, Neytiri tinha esse poder.

Eu não sabia oque eu tinha feito de errado naquele dia para chamar sua atenção, mas querendo ou não eu tive. Pensando bem, talvez ela não gostasse que eu ficasse com seu filho.

Sobre ele, eu ainda não entendia bem nossa relação. Aquela tensão "pré-amizade" diminuiu drasticamente é claro, porém não era como os outros ainda. Neteyam também não era lá muito presente nas atividades com seus irmãos pelo que eu reparei e soube. Talvez esse fosse o real motivo da estranheza.

Chacoalho a cabeça na tentativa de afastar aqueles pensamentos sem pé nem cabeça.

Ao terminar confiro se aquele era mesmo o último relatório para que eu finalmente pudesse arrumar outra coisa pra fazer.

ℂ𝕃𝔸ℝ𝕀𝕋𝕐 - 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora