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Lavar a alma.



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Eu estava no paraíso. Não sei se essa era uma maneira adequada de me referir a ele, sendo que facilmente poderia ser mais que isso.

Ainda era a floresta de Pandora, mas diferente.

Não fazia a menor ideia de como ou quando vim parar aqui, mas era um fato.

As manhã e noites eram sempre tão mágicas e belas. Os pequenos animais bioluminescentes passavam de um lado para o outro durante a noite, não permitindo que a escuridão fosse tão predominante.

Eu perambulava naquele lugar e as vezes encontrava mais seres que viviam lá além de mim. Não me refiro apenas aos insetos ou animais desse tipo, mas sim, Na'vis. Muitos deles. Entretanto, por mais que eu já tenha caminhado por inúmeros locais, eles não podiam me ver. Ao menos é isso que eu acho, ou quem sabe só estejam me ignorando.

De qualquer maneira, por mais que eu não estivesse sofrendo, eu sentia falta de algumas coisas. Sentia que algo estava faltando, uma parte oca de minha mente: como se uma parte de minhas memórias tivesse sido apagada.

Mais recentemente, coisas estranhas vinham acontecendo com o meu corpo também. Uma transparência que teve um início bem leve e quase imperceptível, agora tomava conta pouco a pouco. A cada novo dia meu corpo desaparecia um pouco mais.

Me perguntava se isso se tratava de algum tipo de contagem regressiva, se eu me recuperaria ou sumiria por completo em um dia aleatório.

Existiam muitos aspectos de minha existência e esse lugar, os quais eu queria explorar.

Realmente não me lembrava do motivo ou de fatos antecedentes que me trouxeram pra cá, mas durante as noites enquanto eu dormia, sonhava com pessoas que eu conheci um dia. Eu não sabia todos os seus nomes, mas mesmo assim os sonhos eram alegres e sempre que eu acordava, tentava buscá-los em minha memória, e quem sabe, lembrar quem eles eram.

Por mais que fosse difícil tentar acessá-los em minha memória, tinha alguém da qual eu não precisava de muitos esforços para conseguir me recordar até de pequenos detalhes de seu rosto bonito. Janice era mesmo inesquecível. Eu sentia falta dela. Do seu abraço, das coisas absurdas que ela dizia às vezes e do seu sorriso bonito. Não entendia o porque de ela ter me deixado aqui, mesmo que não houvesse sentimento de remorso sobre isso, eu ainda queria entender.

Para onde todos tinham ido?

Muitas vezes estive tão perdida em pensamentos que nem notei a noite chegar e hoje poderia ser incluso.

Caminho sem rumo, apenas com a intenção de esticar um pouco as pernas e tomar um ar. Esse era um detalhe engraçado sobre esse lugar: eu não precisava da máscara para respirar. Parecia loucura.

Uma vontade absurda de correr rouba os meus sentidos e eu simplesmente faço, como se não houvesse amanhã.


Bem, na verdade o amanhã tinha chegado, e muito de pressa por sinal.

Tento cutucar as partes quase invisíveis de meu corpo, a sensação não é nada boa. É como tocar em uma parte de nosso corpo que está dormente. E pela primeira vez enquanto estive aqui senti algo muito semelhante a tristeza. Talvez uma pitada de desespero também.

Mesmo que essas coisas me atormentassem por um curto período, algo não me deixava abalar completamente. Era inexplicável. Quando estive várias vezes extremamente próxima de cair no abismo do "por que?", uma sensação de conforto extremo me tomava como um abraço forte.

ℂ𝕃𝔸ℝ𝕀𝕋𝕐 - 𝐍𝐞𝐭𝐞𝐲𝐚𝐦Onde histórias criam vida. Descubra agora